quinta-feira, maio 01, 2008

O mundo pregando

Quando um adventista expressa sua fé na breve volta de Jesus e enumera os sinais que apontam para o fim deste mundo, costuma ouvir respostas do tipo: “Essas coisas sempre aconteceram e o mundo ainda está aí.” Ou: “São apenas coincidências que não têm nada a ver com as profecias bíblicas.” Muito bem, mas ocorre que agora são os pesquisadores e a mídia secular que estão se unindo ao coro adventista, ainda que não tenham motivações religiosas como esses cristãos.

No mês de outubro, três revistas de peso no Brasil – Veja, Superinteressante e Scientific American – estamparam em suas capas títulos que eram mais comumente vistos em publicações como a extinta Sinais dos Tempos.

A Veja e a Scientific American deram manchetes quase idênticas: “A Terra no Limite” e “O Planeta no Limite”, respectivamente. A Super foi ainda mais longe, ao dizer que “O Fim do Mundo Começou” (informando no subtítulo que “para os cientistas, o apocalipse já começou”). Na matéria da Veja (12 de outubro) é dito que “até recentemente, era comum falar em ameaças que poderiam afetar a vida de nossos netos... Os fenômenos deletérios estão em andamento e muitos de seus efeitos serão sentidos ainda dentro da expectativa de vida de boa parte da humanidade”. E justifica: “Todas as grandes geleiras do planeta vêm diminuindo, os oceanos estão se tornando mais quentes, animais mudam suas rotas migratórias, a diferença de temperatura entre dia e noite cai. Os níveis de dióxido de carbono são os mais altos dos últimos 420.000 anos [numa cronologia evolucionista, evidentemente]”. A matéria cita o livro Hora Final, do cientista inglês e professor de cosmologia em Cambridge, Martin Rees, que prevê que “as chances de nossa civilização na Terra sobreviver até o fim do século presente não passam de 50 por cento... As mudanças globais – poluição, perda de biodiversidade, aquecimento global – não têm precedentes em sua velocidade”. Rees afirma que com o aquecimento global haverá competição por suprimentos de água e migrações de ampla escala, que desencadearão conflitos internacionais e regionais, sobretudo se eles forem excessivamente alimentados por crescimento populacional contínuo. A Scientific American reforça a preocupação, ao dizer que “os próximos 50 anos serão decisivos para determinar se a espécie humana vai garantir o melhor futuro possível para si ou entrar em colapso”.

Veja constata ainda que a destruição da natureza e a vida moderna formam o cenário perfeito para a proliferação de vírus e bactérias mortais. E cita exemplos: em 1918, o vírus da gripe espanhola levou um mês para sair de seu reduto original, os Estados Unidos, e chegar ao segundo país atingido pela doença, a Espanha. Em 2003, depois do registro do primeiro caso, na China, em apenas duas semanas a Sars já estava em 16 países. Em 1937, surgiu o vírus do Nilo Ocidental, na Uganda; em 1999, o vírus saiu de seu reduto natural e ganhou os Estados Unidos. Em 1871, a Bartonella bacilliformis surgiu no Peru, com uma letalidade de até 90 por cento; no rastro do desmatamento amazônico, já está na fronteira da Bolívia com o Brasil. Em 1997, surgiu em Hong Kong o H5N1, causador da gripe do frango, que pode matar seis em cada dez infectados e salta diretamente das aves para os humanos. A superpopulação, as cidades inchadas e as viagens mais rápidas tornaram o mundo um verdadeiro paraíso para os vírus e as bactérias. Nas palavras do infectologista Luiz Jacintho da Silva, professor da Universidade Estadual de Campinas, “atualmente a Terra é um caldeirão de infecções”. Note: os mosquitos não apenas se proliferam mais rapidamente no calor como atingem áreas que antes eram frias demais para o seu estilo de vida. Junto com eles, doenças como malária, dengue e febre amarela também têm mais possibilidades de se propagar.

A conclusão da Superinteressante de outubro é a seguinte: “A lógica diz que deve haver algo de errado quando tanta coisa estranha acontece ao mesmo tempo. Veja como exemplo o furacão Catarina, que em março de 2004 atingiu a Região Sul brasileira, destruindo milhares de casas. Ele bem pode ser um fenômeno de causas naturais. Mas nunca em toda a história houve qualquer registro de furacões naquelas bandas. Não é coincidência demais que tenha acontecido justo agora?”

A Super aponta inclusive outro problema do aquecimento da Terra: a fome. Em 2000 e 2003, pela primeira vez na história recente, o mundo produziu menos grãos do que consumiu por quatro anos seguidos, tendo que apelar para os estoques. “A produção cai com o aumento da temperatura. Inevitavelmente, ela vai diminuir mais e a fome no mundo, aumentar”, diz o agrometeorologista Hilton Silveira Pinto, da Unicamp.

Segundo a Super, há grande interesse por parte das empresas de carvão e petróleo em abafar as discussões sobre as mudanças climáticas, a fim de garantir a produção e os bolsos cheios de seus donos. Mas parece que não está dando mais para esconder a sujeira debaixo do tapete. A natureza vem insistindo em deixar as coisas bem claras: as tragédias estão aí.

Ainda poderíamos mencionar o terrorismo que gera medo e insegurança, os acidentes freqüentes em terra, água e ar, os poderosos e mortais terremotos ocorridos em tempos recentes, que ceifaram a vida de milhares de pessoas, e muitos outros problemas que tornam profecias como as de Mateus 24:6-12; Lucas 21:25-27; II Timóteo 3:1; e outras tão atuais quanto o jornal de hoje.

Uma vez que Apocalipse afirma que “chegou, porém, a Tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o Teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a Terra” (Apoc. 11:18, ênfase acrescentada), devemos exultar e erguer a cabeça, porque a nossa redenção se aproxima (Lucas 21:28).

Michelson Borges