quinta-feira, maio 01, 2008

Saramago e a morte

Os críticos estão dizendo que em seu novo romance – As Intermitências da Morte – o escritor português José Saramago volta ao conhecido estilo que o consagrou mundialmente. No livro, Saramago fala sobre um país fictício cujos habitantes, de repente, deixam de morrer. Depois da alegria inicial, surgem os problemas. Prejuízo para as funerárias e seguradoras, hospitais e asilos superlotados e a falência iminente do governo, devido ao aumento das pensões e aposentadorias.

Segundo o também escritor Moacyr Scliar, embora não deixe de lado o engajamento político, Saramago investe mais em outros dois elementos: a sátira e a discussão sobre a finitude da vida. E no fim, “faz da morte uma personagem pela qual o leitor pode ser arrebatado sem medo e até com encanto”.

Infelizmente, não é bem essa a realidade. A maioria das pessoas tem, senão medo, incertezas quando o assunto é morte. O que acontece quando se morre? Para onde vão as pessoas? É possível manter contato com os mortos? Ontem (2 de novembro), milhões de pessoas (2 milhões só em São Paulo) foram aos cemitérios prestar homenagem aos seus queridos falecidos, num ritual que se repete ano após ano e revela o tremendo impacto, o vazio e a dor deixados por esse inimigo inevitável de todo ser vivo: a morte.

** O QUE É A MORTE?

Platão, o filósofo grego, ensinava que a “alma reside no corpo, como numa prisão de que se vê livre na morte”. Alguns crêem que o homem tem uma alma que lhe sai por ocasião da morte, indo para o Céu ou para o inferno. Outros ensinam que a alma vai ao purgatório expiar suas faltas. Outros ainda dizem que há “evolução do espírito”. Portanto, a maior parte das pessoas acredita que o homem tem dentro de si uma alma e um espírito que, desencarnados, vão para algum lugar. Mas, afinal, qual é a verdade? Para entender o que ocorre com o homem na morte, é preciso que se entenda o que é o homem. Qual a natureza humana.

Quando Deus criou Adão, utilizou-Se de dois elementos: o pó da terra e o fôlego de vida. E, conforme relata Gênesis (capítulo 2, verso 7) o homem “tornou-se alma vivente”. Não diz ali que o homem recebeu uma alma, mas sim que o homem tornou-se uma alma.

Assim como a lâmpada não tem luz por si só, mas produz luz quando está em conexão com a energia elétrica, e ao mesmo tempo a energia elétrica sozinha não ilumina a menos que esteja conectada com a lâmpada, o pó da terra, sozinho, não tem consciência. É simplesmente pó. O fôlego, ou sopro de vida, igualmente, não subsiste por si só. É simplesmente fôlego. A consciência e a vida são, portanto, o resultado da harmoniosa relação entre o corpo e o sopro ou fôlego de vida que Deus concedeu ao homem.

A morte, portanto, é o oposto da vida. Veja o que diz o livro de Eclesiastes, no capítulo 12, verso 7: “E o pó volte para a terra como era, e o espírito [fôlego] volte a Deus que o deu.”

Resumindo: Pó da terra + fôlego de vida = alma vivente. Tira-se um dos elementos e a alma vivente deixa de existir.

** É A ALMA IMORTAL?

Antes de Adão e Eva se desviarem da estrita obediência a Deus, Ele lhes havia feito a seguinte advertência: “No dia em que você a comer [da árvore da ciência do bem e do mal], certamente morrerá” (Gênesis 2:17). Mas Satanás introduziu uma mentira que dura até hoje. Disse ele: “Vocês não morrerão coisa nenhuma!” (Gênesis 3:4).

Antes de mais nada, é preciso que se entenda que a palavra alma, em hebraico, é nephesh. E essa palavra significa apenas ser vivente. Há um texto bíblico, escrito pelo profeta Ezequiel, que deixa mais clara ainda esta questão sobre a alma ser ou não imortal: “...a alma que pecar, esta morrerá” (Ezequiel 18:4). Existe algum ser humano que não peca? Logo, todos são mortais.

“A alma não possui existência consciente à parte do corpo, e em parte alguma a Escritura indica que por ocasião da morte a alma sobrevive como entidade consciente. Efetivamente, ‘a alma que pecar, essa morrerá’. Eze. 18:20” (Nisto Cremos, pág. 458).

Paulo encerra o assunto quando diz que só Deus é imortal (I Timóteo 6:15 e 16). Paulo mesmo não cria que ao morrer iria imediatamente ao Céu. Ele também esperava ressuscitar somente na segunda vinda de Cristo (ver Filipenses 3:11 e II Timóteo 4:8). E disse mais: “E quando isso que é mortal se revestir de imortalidade...” (I Coríntios 15:54). Você compreende? Se a alma já é imortal, qual a necessidade de se revestir de imortalidade? Somente crendo em Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, o ser humano terá a vida eterna.

** COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS

Alguém pode perguntar: “Se a alma não é imortal e, quando morremos, aguardamos pela ressurreição na vinda de Cristo, então é impossível haver comunicação com os mortos?” Exato. É o que diz a Palavra de Deus: “Os vivos sabem que vão morrer, mas os mortos não sabem nada. Eles não vão receber mais nada e estão completamente esquecidos. Os seus amores, os seus ódios, as suas paixões, tudo isso morreu com eles. Nunca mais tomarão parte naquilo que acontece neste mundo”, pois, na sepultura, “não se faz nada, e ali não existe pensamento, conhecimento nem sabedoria” (Eclesiastes 9:5, 6 e 10; Salmo 146:4).

Por isso, se você quer dizer algo, entregar uma flor ou fazer o bem a alguém, faça-o agora, pois “no seol [sepultura], para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:10).

** MORTE = SONO

Quando Lázaro morreu, Jesus disse para Seus discípulos que iria despertá-lo do sono. Eles acharam aquilo estranho, pois não entenderam o que Cristo dissera. Foi somente quando viram o morto (que já estava em estado de decomposição) sair da tumba, vivo, que entenderam aquelas palavras do Mestre (ver João 11:11-15). E é interessante notar, também, que, ao sair do sepulcro, Lázaro nada disse sobre alguma “experiência” após a morte. Ele simplesmente acordou.

Agora pense bem: se Lázaro estivesse no Céu (lugar para onde vão os mortos, imediatamente após a morte, como crêem alguns), não seria uma grande injustiça da parte de Jesus chamá-lo de volta a esta triste vida, sujeito às doenças e, novamente, à morte? Não, Jesus não faria isso com Lázaro, nem com ninguém. Lázaro estava dormindo, inconsciente, como ficam todos os que morrem.

Mas se os que morrem ficam inconscientes, não podem participar deste mundo e só voltarão à vida quando Cristo retornar, quem são os que aparecem por aí, dizendo ser espíritos desencarnados? De uma coisa jamais podemos nos esquecer: Satanás é um inimigo astuto e laborioso. Ele pode “se transformar e parecer um anjo de luz!” (II Coríntios 11:14). Essas supostas “almas dos mortos” são, na verdade, “espíritos de demônios, que fazem milagres” (Apocalipse 16:14). A Bíblia, inclusive, reage contra a consulta aos mortos, condenando essa prática. Basta ler passagens como Deuteronômio 18:10-14; Isaías 8:19 e I Timóteo 4:1, para confirmar.

O ser humano pode ter a vida eterna unicamente através de Cristo que é o “Caminho, a Verdade e a Vida”. Uma vez “dormindo”, só poderá ressuscitar ao chamado de Jesus, em Sua segunda vinda, assim como os que estiverem vivos, por ocasião desse acontecimento, serão transformados (ver I Coríntios 15:51 e 52) e juntos com os que estavam mortos – não antes, nem depois – subirão para se encontrarem com Deus (ver I Tessalonicenses 4:13-17).

Você percebe a astúcia do inimigo? Ele quer fazer com que os seres humanos creiam que a imortalidade lhes é um dom inerente. Assim, ninguém precisa se preparar para a vinda de Cristo. O que Satanás prega é que todos são imortais. De um jeito ou de outro, a vida continuará. É a velha mentira: “Vocês não morrerão!”

Lembre-se do que disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). Satanás não quer que as pessoas creiam em Jesus. Por isso inventa todo tipo de falsas ideologias que, no fundo, servem para afastar-nos de Cristo e eliminar nossa dependência dEle.

** E A REENCARNAÇÃO?

A Bíblia é bem clara quando diz que “cada pessoa tem de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus” (Hebreus 9:27). É verdade que muitos dos que crêem na reencarnação se dizem cristãos (e há muitos sinceros entre eles). Mas o verdadeiro cristão é aquele que aceita a Cristo como Salvador. Alguns dizem que, através de reencarnações sucessivas, cada pessoa pode “pagar” pelas culpas da vida anterior. É uma espécie de auto-redenção. Para essas pessoas, o que fez Cristo na cruz? Para que teria Ele morrido pelos pecados de quem é capaz de salvar a si mesmo? Cristianismo e reencarnação, por mais que se deseje, são inconciliáveis.

O caminho para a vida eterna é único: examine as Escrituras, pois elas testificam de Cristo, que é a vida eterna (João 5:39). E Ele diz: “Pois a vontade do Meu Pai é que todos os que vêem o Filho e crêem nEle tenham a vida eterna; e no último dia Eu os ressuscitarei” (João 6:39). No último dia deste mundo, Cristo ressuscitará aqueles que aceitaram Seu convite para uma relação de amizade e companheirismo, e desenvolveram uma fé genuína. Por isso, para aqueles que “morrem no Senhor” (Apocalipse 14:13), o fim é apenas o começo; o começo de uma nova vida que terá início na segunda vinda de Cristo.

Michelson Borges é autor do livreto Esperança Para Você (www.cpb.com.br ou 0800-9790606).