sexta-feira, maio 02, 2008

Ateu sincero

O filósofo ateu Thomas Nagel, com uma autoconsciência fora do comum, diz que ele (e “muitas pessoas hoje em dia”) sofre do “medo da própria religião” (isto é, medo do próprio Deus). “Não significa simplesmente que” eles “não acreditem em Deus”, mas que eles “esperam que não haja Deus”, porque “não querem que exista um Deus, “não querem que o universo seja assim” (grifo meu).

"O pensamento de que a relação entre a mente e o mundo é algo fundamental deixa muitas pessoas nervosas hoje em dia. Creio que esse medo da religião é uma manifestação que apresenta conseqüências amplas e, muitas vezes, perniciosas para a vida intelectual moderna. Quando falo de medo da religião, não me refiro à hostilidade totalmente compreensível com relação a certas religiões e instituições religiosas estabelecidas, em virtude de suas doutrinas morais, políticas sociais e influência política objetáveis. Nem me refiro à associação de várias crenças religiosas com a superstição e a aceitação de falsidades empíricas evidentes. Estou falando de algo muito mais profundo – ou seja, o medo da própria religião. Falo por experiência própria, pois eu mesmo estou altamente sujeito a esse medo: quero que o ateísmo seja verdade e fico incomodado com o fato de que algumas das pessoas mais inteligentes e bem-informadas sejam crentes religiosos. Não significa simplesmente que eu não acredite em Deus – e, naturalmente, espero que esteja certo em minha crença. Significa que eu espero que não haja Deus! Não quero que exista um Deus; não quero que o Universo seja assim” (Nagel, T. The Last Word. Nova York: OUP, 1997, pág. 130).

Nota: Poucos dias atrás, pesquisa da Datafolha publicada na Folha de S.Paulo indicou o percentual de brasileiros que se consideram felizes, de acordo com a religião. Veja o resultado:

• Evangélico pentecostal: 83%
• Católico: 76%
• Espírita / kardecista / espiritualista: 76%
• Evangélico não-pentecostal: 76%
• Outra religião: 78%
Não tem religião: 67%