sexta-feira, maio 02, 2008

Beleza vegetariana

A revista Época da semana passada (12/06) trouxe como assunto de capa o vegetarianismo. A matéria informa que, para um em cada quatro adolescentes norte-americanos, ser vegetariano é uma atitude “positiva”. Lá, 2,5 por cento da população se consideram vegetarianos e no Brasil o crescimento desse grupo também é visível. Segundo Época, o site da Sociedade Vegetariana Brasileira tem 3 mil acessos por dia e o primeiro congresso vegetariano do Brasil, marcado para 4 a 8 de agosto, em São Paulo (no Memorial da América Latina) aguarda cerca de 10 mil participantes.

A matéria traz ainda um quadro com as verdades e os mitos sobre vegetarianismo. Por exemplo: Vegetarianos são mais saudáveis? Sim. Em média eles são mais magros e têm menos colesterol. Vegetarianos são anêmicos? Não, se cuidarem da alimentação corretamente. Vegetarianos têm deficiência de proteína? Não. A quantidade de proteína necessária é relativamente pequena. Entre os que comem ovos e leite, especialmente, o risco é extremamente baixo. O vegetarianismo favorece o meio ambiente? Sim. A criação de gado provoca derrubada de florestas e agrava o efeito estufa. O consumo de água e grãos pelos países ricos é imenso.

“Durante séculos vista como o item mais saudável, suculento e valorizado da dieta, a carne parece ter passado do ponto”, prossegue a reportagem. “Por dois motivos. O primeiro – justificativa mais usada por quem se torna vegetariano – é a preocupação com a saúde. Os defensores do vegetarianismo afirmam que não comer carne reduz a mortalidade e a incidência de centenas de doenças. O segundo é a preocupação ética cada vez mais freqüente com a matança de animais.”

Época menciona o estudo feito com adventistas norte-americanos vegetarianos que, pelo fato de também não fumarem, não usarem bebidas alcoólicas e praticarem exercícios físicos, têm, naturalmente, mais saúde e vivem mais. “Sabe-se... que consumir 160 gramas de carne por dia aumenta o risco de câncer de intestino em 30%... Carnes processadas – como os embutidos – parecem oferecer risco ainda maior, por causa das substâncias usadas no preparo.”

E a falta de ferro e de proteína? Resposta: cozinhar em panelas de ferro pode driblar o problema da falta desse mineral. E quem come três cereais e uma leguminosa por refeição garante toda proteína necessária. (Quanto ao cálcio – para os que não consomem laticínios –, pode-se recorrer a suplementos.)

No que diz respeito à crueldade com os animais, o texto é claro: “O gado criado no Brasil freqüentemente é manejado com brutalidade. O abate, em tese, deveria ser feito com um golpe de martelo hidráulico na cabeça, seguido de um corte na garganta, para que o sangue jorrasse para fora do corpo. Mas, como a fiscalização é precária, em muitos abatedouros clandestinos as reses são mesmo abatidas a pauladas. As galinhas de granja não têm destino melhor. São criadas em ambiente permanentemente iluminado para que não parem de comer e sigam botando ovos – até seis por dia, em lugar do único ovo que produziriam em condições naturais [decidindo consumir ovos caipiras, você já estará fazendo sua parte para reduzir essa crueldade]. Os pintinhos machos, que não servem para botar, são jogados vivos numa espécie de moedor gigante.”

A reportagem traz ainda entrevista com o filósofo Peter Singer, que diz não achar “justificável submeter animais a sofrimento só porque gostamos do sabor da carne ou porque estamos acostumados. É o que fazemos quando compramos um animal para comer. Agora, isso não vale para populações em condições de pobreza”.

E Época conclui perguntando: “O homem tem o direito de matar animais? Eis uma questão que ganha crescente força no mundo contemporâneo. Diz a atriz Mary Tyler Moore, vegetariana militante: ‘Pode demorar um pouco, mas uma hora vamos olhar para trás e nos perguntar como era possível que, em pleno século XXI, ainda estivéssemos nos alimentando de animais.’”

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