terça-feira, maio 27, 2008

Cadê a poesia?

Quem lê as colunas de Drauzio Varella na Folha de S. Paulo já sabe o que esperar desta coletânea de ensaios [publicada] pela Companhia das Letras [Borboletas da Alma]. Quem não lê, terá o prazer adicional da surpresa. A maravilha desses textos é que eles são absolutamente informativos a respeito de temas científicos e médicos, mas são também muitas vezes de um lirismo que embala a alma.

“A vida na Terra é um rio que começou a correr há quase 4 bilhões de anos, e chegou até você e eu no meio de uma diversidade espetacular: leões, mosquitos, coqueiros, bactérias, algas marinhas e dezenas de milhões de outras espécies.” Assim começa o livro, e é por esse rio que Drauzio Varella nos conduz ao longo das mais de trezentas páginas que se seguem.

Alguns textos são cheios de poesia, outros mais pragmáticos descrevem mazelas de saúde e afins. Todos aumentam nosso conhecimento sobre o mundo, sobre o nosso dia-a-dia, sobre o funcionamento do corpo humano. E muito mais.

Tive a sorte de organizar o volume, o que quer dizer que li e reli todos os textos. O mundo ficou mais claro, e seus mistérios mais bonitos. Junto minha voz à do autor: “Com todo o respeito pelos que acreditam ter sido o homem criado por um sopro transcendental, a visão de que a vida surgiu aleatoriamente, há quase 4 bilhões de anos, a partir de moléculas capazes de fazer cópias de si mesmas e que, através da seleção natural, formaram seres tão díspares quanto bactérias, árvores e mamíferos encerra mais mistério e poesia.”

(Maria Guimarães, em Ciência e Idéias)

Nota: Admiro o Dr. Drauzio pelo trabalho sério que ele realiza no campo da medicina e pela popularização de tratamentos e de hábitos preventivos que ele promove na mídia. Mas discordo totalmente de sua “visão poética” da vida. Com todo respeito pelos que acreditam ter o homem se originado de matéria não-viva num “mar primitivo” passando pela evolução não dirigida de seres primitivos ao longo de bilhões de anos, a visão de que a vida foi inteligentemente e amorosamente planejada pelo Criador que nos fez à Sua imagem e semelhança, criando dois gêneros dotados de diferenças que se complementam e de suficientes semelhanças para se perceberem como iguais é muito mais bela e carregada de poesia. Basta ler os primeiros capítulos de Gênesis em comparação com qualquer livro que trate do surgimento da vida segundo a visão darwinista, para notar onde está, realmente, a verdadeira “poesia”.[MB]