sábado, maio 03, 2008

A cara do jornalismo científico brasileiro

Em seu blog Desafiando a Nomenklatura Científica, o ex-ateu e atual coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente (NBDI), relembra alguns lances do 6º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, realizado em Florianópolis, SC, de 2 a 5 de maio de 2000. Quase 250 pessoas assistiram as palestras apresentadas por mais de 40 palestrantes, entre jornalistas e pesquisadores.

Duas matérias produzidas por estudantes de Jornalismo da UFSC chamam atenção de modo especial. A primeira:

Jornalista da TV Cultura de SP diz que jornalismo brasileiro é uma droga

A entrevistadora da TV Cultura de São Paulo e professora de telejornalismo, Mônica Teixeira, disse que o jornalismo brasileiro em geral é uma droga... Com o jornalismo científico não é diferente e ela exemplifica com o caso do projeto genoma, que é mostrado como descobertas de genes que causam doenças, quando na verdade é muito mais amplo que isso.

Segundo Mônica, os profissionais também entraram no esquema e não buscam coisas novas em cada matéria. [Grifo meu.] Eles apenas repetem uma estrutura já existente... [Será por isso que teorias alternativas ao Darwinismo ou que critiquem aspectos dessa teoria dificilmente têm espaço?] Mônica acha que no jornal o leitor pode reler uma matéria mais complexa e na TV isso não é possível, mas se o repórter repetir os conceitos e questionar o pesquisador quando tiver dúvidas, a matéria poderá ser boa. Mônica não acha que o jornalista deve ser um especialista em determinadas áreas. Ela disse que antes de tudo, ele deve ser jornalista e pode se interessar por alguns temas e conhecê-los mais que os outros.

A outra matéria:

Zé Hamilton e André Singer dizem que o segredo do bom jornalismo é muito trabalho
Os jornalistas José Hamilton Ribeiro, diretor do programa Globo Rural e André Singer, [então] editor da revista Superinteressante, disseram que o jornalismo caminha para a especialização e que os profissionais terão que conhecer mais as áreas que pretendem seguir. ...

José Hamilton Ribeiro acha que o jornalismo científico e a ciência feitos no Brasil são muito ruins. [Grifo meu.] Ele disse que, para melhorar o jornalismo, "só fazendo jornalismo", ou seja, o profissional deve trabalhar muito, errar até acertar. Segundo José Hamilton, a ciência pode avançar com investimentos e mudança de postura dos pesquisadores. Na opinião dele, os cientistas brasileiros não são comprometidos com a sociedade e não se vêem na obrigação de divulgar seus trabalhos. Os jornalistas, por sua vez, devem estudar mais e trabalhar mais.

(O Zé "Repórter do Século" Hamilton Ribeiro mantém a mesma lucidez de sempre. Orgulho-me de tê-lo tido como paraninfo.)