quinta-feira, maio 01, 2008

Cientistas pedem ajuda contra o design inteligente

A Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) pediu em sua reunião anual, no Missouri, EUA, que as comunidades religiosas do país ajudem a combater políticas que prejudiquem o ensino da teoria da evolução. Segundo a AAAS, o ensino do chamado “design inteligente”, que vem crescendo no país, ameaça o conhecimento científico entre os alunos primários.

Os defensores da teoria do “design inteligente” argumentam que a vida na Terra é complexa demais para ter evoluído espontaneamente. Para eles, a vida é o resultado da ação de um “designer” na natureza.

Já houve várias tentativas de grupos anti-evolucionismo nos Estados Unidos de tentar tornar o ensino da teoria do design inteligente obrigatório nas escolas.

“Tais tentativas veladas de promover a religião – na verdade, apenas um tipo de religião – nas salas de aulas são um desserviço aos estudantes, aos pais, aos professores e aos contribuintes”, disse um comunicado assinado pelo presidente da AAAS, Gilbert Omenn.

“Chegou a hora de reconhecer que ciência e religião nunca deveriam ser colocadas uma contra a outra’”, diz o comunicado.

No ano passado, um juiz federal deu ganho de causa a um grupo de pais em Dover, na Pensilvânia, que contestavam a decisão de administradores de escolas de incluir o ensino do design inteligente no currículo escolar. O juiz decidiu que isso violaria a Constituição, que estabelece separação clara entre religião e Estado.

Além disso, 14 Estados americanos estão considerando medidas que restringiriam o ensino da teoria da evolução, como um projeto no Missouri que determina que apenas a ciência que pode ser provada poderia ser ensinada nas escolas.

“A nova estratégia é ensinar o design inteligente sem chamar isso de design inteligente”, disse à BBC Kenneth Miller, da Brown University. “Os defensores do design inteligente e do criacionismo tentaram reformular suas críticas, dizendo que querem ensinar as evidências a favor da evolução e contra a evolução.” Porém Mark Gihring, professor do Missouri simpático ao design inteligente, disse à BBC: “Acho que se olharmos para onde a evidência científica nos leva, ela nos leva em direção ao design inteligente”.

“O design inteligente no fim das contas nos leva de volta para o porquê de estarmos aqui e para a razão da vida... se um indivíduo não tem uma razão de ser, ele pode agir de uma maneira que no final das contas é destrutiva para a sociedade.”

Entre os mais importantes defensores do design inteligente está o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que disse que as escolas deveriam deixar os estudantes conscientes do conceito. Mas Omenn advertiu que o ensino do design inteligente deixaria os estudantes sem uma educação apropriada, prejudicando no fim das contas a economia dos Estados Unidos.

“Numa época em que menos estudantes americanos estão escolhendo o caminho da ciência, os cientistas da geração do baby boom estão se aposentando e os cientistas estrangeiros estão voltando para trabalhar em seus países, os Estados Unidos não podem perder tempo e dinheiro do contribuinte debatendo os fatos da evolução”, disse.

(Da BBC)

Nota: Parece uma reedição da Inquisição, só que ao contrário. Por que não se deve debater os "fatos" da evolução? De que têm medo os darwinistas? Por que blindar uma teoria de qualquer questionamento? Esse debate a respeito das insuficiências epistêmicas do darwinismo seria útil para os estudantes, uma vez que o principal objetivo da educação, segundo a escritora Ellen White, é ensinar as pessoas a pensar criticamente.[MB]