sexta-feira, maio 02, 2008

Como a ciência explica o diabo?

Essa pergunta é feita na capa da Superinteressante deste mês. A matéria trata de explicar como algumas correntes religiosas – como o catolicismo, a Igreja Universal e o espiritismo – e os céticos entendem e lidam com o fenômeno da possessão demoníaca. A reportagem afirma que “o exorcismo – arte de expulsar demônios e afins – resiste à ciência e está mais vivo que nunca”.

Depois de traçar uma breve história do exorcismo, a matéria focaliza o tema inicialmente sob a ótica católica. “No século 4, já havia em Roma uma ordem de clérigos especializada em esconjurar espíritos das trevas: o exorcistado. Nessa época, disseminou-se a crença de que os demônios eram poderes que desciam do ar e tinham relações sexuais com as mulheres. Até santo Agostinho, um dos maiores pensadores do cristianismo, acreditava que as bruxas eram o produto dessas uniões proibidas.”

O ritual de exorcismo é praticado com discrição no catolicismo. Deve ser realizado num local reservado, longe da multidão. Parentes e amigos do possuído podem participar, rezando fervorosamente. Água benta, recitação de "palavras santas" e a cruz são elementos importantes usados pelo padre.

Por outro lado, a Igreja Universal do Reino de Deus (como muitas outras denominações neopentecostais) faz do exorcismo um verdadeiro show em seus templos. Quando o diabo derruba uma pessoa nessas Sessões de Descarrego, um obreiro rapidamente a socorre, às vezes puxando-a pelo cabelo. Segundo a Super, “desemprego, câncer, violência doméstica, epilepsia e tudo o mais é considerado obra do diabo e alegadamente pode ser curado em sessões como essa”.

Por último, no espiritismo existe a crença de que as pessoas podem ser atormentadas por “espíritos” de pessoas já falecidas. Quando uma delas pede ajuda, pode receber um passe de um dirigente de centro espírita. A coisa funciona assim: geralmente a vítima dos “espíritos” nem precisa estar presente à sessão. Médiuns se encarregam de contatar o “espírito atormentador” e, com a ajuda de “espíritos bons”, tentam convencer o maligno a parar com suas traquinagens. “Depois de muita conversa, os espíritos bacanas convencem o encrenqueiro a ir no caminho da luz.”

Há também breve descrição de como a possessão é encarada e enfrentada na umbanda, no budismo e no hisduísmo.

Por fim, a matéria trata da opinião dos céticos. Para muitos deles, as possessões nada mais são que distúrbios mentais como a esquizofrenia, que provoca alucinações e delírios, segundo o parapsicólogo Maciel Santos da Silva, da PUC de São Paulo. O famoso padre Quevedo é outro que tenta desmistificar as possessões, procurando explicações científicas para elas.

O fato é que não se pode ir nem para um extremo, nem para outro. Nem tudo o que parece possessão o é realmente. Mas também nem tudo pode ser cientificamente explicado.

Na página 72, a reportagem explica que “para denunciar sua [do diabo] natureza bestial, muitos artistas o pintaram como uma pessoa deformada ou um misto de homem e fera. Daí ele aparecer com chifres, rabo e patas, garras e assas de morcego”.

Nada mais longe da realidade. O diabo existe, sim, mas nem sempre foi mau. A Bíblia diz que ele era um anjo magnífico, criado perfeito, mas com livre-arbítrio, como todos os seres criados por Deus (ver Eze. 28:13-19 e Isa. 14:12-14). Infelizmente – não sabemos por quê –, Lúcifer ambicionou o poder e a posição de Deus, no Céu. E o Criador não destruiu o rebelde imediatamente para que os outros anjos pudessem comparar os dois governos e fazer também sua escolha, sem servir a Deus por medo, caso escolhessem ficar ao lado dEle. Esgotadas todas as possibilidades de arrependimento, Lúcifer e um terço dos anjos (que acabaram ficando do lado do rebelde) foram expulsos do Céu (ver Apoc. 12:3 e 4).

Esses anjos maus vêm atuando aqui na Terra há milênios, mas estão com os dias contados, segundo a Bíblia. Enquanto seu fim não vem, o que o diabo mais quer é azucrinar a vida do ser humano. E é bem conveniente para Satanás e seus asseclas a imagem bestial que foi pintada dele. É um bicho tão ridículo que muitos o rejeitam de cara. E as incompreensões prosseguem. Note o que escreveu Allan Kardec: “É ilógico e contraditório que quem faz da bondade um dos atributos essenciais de Deus suponha haver Ele criado seres destinados ao mal e a praticá-lo perpetuamente.”

Primeiro: o diabo definitivamente não tem chifres nem cauda.

Segundo: Deus não criou um ser sequer destinado para qualquer coisa. O desejo de Deus é que todos sejam salvos. O que Ele predestinou foi o desfecho geral da História: a nova Terra, a vida eterna. Mas muitos, infelizmente, rejeitam esse destino. Como já disse, Deus criou seres moralmente livres (pois somente quem é livre pode amar). A escolha de pecar foi de Lúcifer.

Terceiro: nenhum ser está destinado a praticar o mal perpetuamente. Um dia, o mal terá fim, com a destruição de Satanás e daqueles que rejeitarem todos os convites salvadores de Deus.

Nesse mar de incompreensão, misticismo e sensacionalismo, o inimigo de Deus navega com certa tranqüilidade, enganando os incautos. Mas seu fim se aproxima. Deus não pode tolerar mais o que esse ser vil tem feito com Seus filhos. O tempo para que o maligno manifestasse seu caráter e os resultados de seu governo já foi mais que suficiente.

Se quiser saber mais sobre a verdade dos fatos a respeito do satanismo, leia o impressionante testemunho de um ex-satanista que se tornou cristão adventista do sétimo dia. O nome dele é Roger Morneau e o livro que conta sua história é o Viagem ao Sobrenatural, da Casa Publicadora Brasileira.

Michelson Borges

P.S.: Vale a pena ler o artigo elucidativo do Pastor Emilson Reis, professor de Teologia do Unasp.