quinta-feira, maio 01, 2008

Darwinismo não refuta o Design Inteligente

Texto de Enézio E. de Almeida Filho, coordenador do NBDI, publicado no Jornal da Ciência, de 29 de dezembro de 2005

A entrevista com Daniel Dennett, “O darwinismo refuta completamente o desenho inteligente”, na Der Spiegel, é interessante, mas é mais relações públicas do que ciência (clique aqui para ler a entrevista). Muitos, como Dennett, afirmam que o “Design Inteligente (DI) já foi refutado pela comunidade científica”. Será mesmo? Muitos leigos não têm a capacidade de confirmar ou refutar tais pronunciamentos “ex-cathedra”, e basicamente têm que aceitá-los ou rejeitá-los devido à autoridade ou pela fé em quem fez tal declaração.

Na verdade, as publicações científicas não têm artigos como “o DI é verdadeiro ou não”, “vamos enterrar o neodarwinismo”. O melhor trabalho antineodarwinista é “On the Roles of Repetitive DNA Elements in the Context of A Unified Genomic-Epigenetic System”. O abstract discute como esta pesquisa analisa o funcionamento do DNA repetitivo nos genomas. A leitura completa dessa pesquisa vai revelar cerca de seis páginas “destruindo” o neodarwinismo.

Como os leigos, e até muitos cientistas aqui no Brasil, não podem ler as publicações científicas, eles nada podem fazer a não ser aceitar a palavra final de um “filósofo de biologia” de como vai o neodarwinismo ou como vai o DI na área científica.

O que os leitores deste “JC E-Mail” deveriam ler são artigos que lidam em parte com algum aspecto do DI de modo favorável, ou especificamente contra o neodarwinismo de um modo aberto a interpretações baseadas no DI:

Cell Biology International 2004: Chance and Necessity Do Not Explain the Origin of Life Theoretical Biology and Medical Modelling 2005: Three subsets of sequence complexity and their relevance to biopolymeric information

Rivista di Biologia 2005: A Prescribed Evolutionary Hypothesis

Rivista di Biologia 2005: Do centrioles generate a polar ejection force? (considerando a ação dos centríolos como sendo um mecanismo que sofreu ação de design intencional em vez de ter surgido através da adaptação seqüencial)

Annals of the New York Academy of Sciences 2002: On the Roles of Repetitive DNA Elements in the Context of A Unified Genomic-Epigenetic System (não tanto a favor do DI, mas muito crítico do establishment neodarwinista)

Protein Science 2004: Simulating evolution by gene duplication of protein features that require multiple amino acid residues

Annual Review of Genetics 2002: Chromosome Rearrangements And Transposable Elements

Journal of Theoretical Biology 2002: The Protein Folds as Platonic Forms: New Support for the pre-Darwinian Conception of Evolution by Natural Law

Rivista di Biologia 2004: A Survey of Dynamical Genetics Proceedings of the Biological Society of Washington 2004: The Origin of Biological Information and the Higher Taxonomic Categories (foi mais tarde removido pelos editores, embora eles tenham reconhecido que de fato o artigo passou pelo processo de revisão por pares)

Além disso, há um número de artigos que são altamente sugestivos de design, incluindo a capacidade de os micróbios modificarem inteligentemente seus genomas e regularem o processo, a capacidade de os animais pressentirem os predadores e mudarem o fenótipo de sua prole, e a capacidade de os organismos alterarem o seu DNA a fim de ativarem séries especificas de genes reagindo a condições ambientais, todos indicam que há um sistema “projetado” para adaptações induzidas pelo ambiente.

O DI, apesar do modo negativo como é sempre reportado na grande mídia, está muito bem e ganhando cada vez mais e não menos atenção das publicações científicas. A única coisa é que os autores publicando naquelas publicações especializadas evitam usar a expressão “Design Inteligente” por medo de uma inquisição sem fogueiras, como a que aconteceu com Richard Sternberg (ex-editor no Smithsonian Institution).

Embora o DI ainda seja um ponto de vista da minoria dos cientistas, está crescendo, e não tem sido refutado pela ciência, como afirmou Daniell Dennett.

(http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=34199)