sexta-feira, maio 02, 2008

Darwinistas preparam contra-ataque em Kansas

Deus e Charles Darwin não serão votados nas urnas das eleições de Kansas nesta terça-feira, mas mais uma vez uma contenciosa eleição escolar tem a religião e a ciência como oponentes em um Estado que reencena uma batalha de 75 anos de idade sobre o ensino da evolução.

Menos de um ano após a maioria republicana conservadora na Diretoria Estadual de Educação ter adotado os padrões mais radicais do país ao definir a educação científica de forma a desafiar a teoria da evolução de Darwin, republicanos moderados e democratas estão preparando um feroz contra-ataque para recuperar o poder e fazer com que os padrões de ensino retomem aquilo que eles chamam de ciência convencional.

A eleição em Kansas está sendo acompanhada atentamente por ambos os lados deste debate nacional para determinar se a evolução deveria ser ensinada nas salas de aula. No decorrer dos últimos anos, houve batalhas acirradas entre o establishment científico e os proponentes daquilo que é chamado de desenho [design] inteligente, que alega que a natureza sozinha não seria capaz de explicar a origem e a complexidade da vida.

Em fevereiro, a Diretoria de Educação de Ohio anulou a sua determinação de 2002 que exigia que nas aulas de biologia do 2º ano do segundo grau a evolução fosse analisada criticamente. [Pergunto: Qual o problema disso? Escola não é para ensinar a pensar?] A ação se seguiu à determinação de um juiz federal segundo a qual o ensino do desenho inteligente nas escolas públicas de Dover, na Pensilvânia, seria inconstitucional.

Uma derrota para a maioria conservadora de Kansas na terça-feira poderia ser mais uma evidência do declínio do movimento do desenho inteligente, enquanto que uma vitória preservaria um importante bastião desse grupo no Estado. O currículo adotado pela diretoria de educação não se refere ao desenho inteligente, mas os defensores dessa crença [sic] fizeram lobbies pelas mudanças e os alunos pediram "explicações mais adequadas para os fenômenos naturais". [É isso aí, alunos! Exijam seus direitos.]

Embora não exista nenhum dado confiável disponível, Joseph Aistrup, diretor de ciência política da Universidade do Estado de Kansas em Manhattan disse que as profundas divisões ideológicas entre os republicanos, assim como uma convergência incomum de interesses entre republicanos moderados e alguns democratas, estão ajudando os candidatos que procuram ocupar as vagas de atuais membros da diretoria.

Os democratas de Kansas contam com uma forte aliada na figura da governadora Kathleen Sebelius, que se distanciou do debate.

Vários candidatos republicanos moderados prometeram, caso percam na terça-feira, apoiar os vencedores democráticos em novembro. Com a campanha agitada por um campo político lotado por 16 candidatos que disputam cinco cadeiras - quatro ocupadas pelos conservadores que votaram favoravelmente aos novos padrões para ensino da ciência no ano passado -, uma mudança de duas cadeiras poderia reverter a atual maioria de 6 a 4. Os mandatos de quatro anos são elaborados de maneira que somente a metade dos dez membros da diretoria precise disputar a reeleição a cada dois anos.

(Ralph Blumenthal, publicado em Midiaglobal)

Nota: O pior é que há muitos que tentam importar essa pendenga norte-americana que tem conotação claramente política. Também não concordo (assim como muitos outros criacionistas) que se deva eliminar o ensino do evolucionismo dos currículos escolares. Mas acho estranho que no Brasil haja pessoas que até mesmo se opõem ao ensino do criacionismo ou da Teoria do Design Inteligente, mesmo em aulas de religião. Não vivem dizendo que criacionismo é religião?! Então, por que essa oposição toda? A coisa é mais ideológica do que parece...[MB]