quarta-feira, maio 07, 2008

Desvendando o Apocalipse: as três mensagens

O capítulo 14 trata de três assuntos principais: os 144 mil na glória, a tríplice mensagem angélica e a intervenção do Céu na Terra. Os detalhes deste capítulo dentro de suas divisões são de suprema solenidade. São eles: (1) Predição da restauração do evangelho eterno num movimento mundial e o anúncio da chegada da hora do juízo; (2) a denúncia da queda da Babilônia espiritual ou do falso cristianismo; (3) a mais grave e solene advertência jamais feita aos mortais contra a adoração da besta, de sua imagem e a recepção de seu sinal; (4) evidencia-se um povo que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus; (5) é referida a colheita da Terra pela segunda vinda de Cristo; (6) o juízo de Deus é executado no símbolo das uvas que são pisadas no lagar da Sua ira.

Apocalipse 14:1: “Então olhei e vi o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil que traziam escrito na testa o seu nome e o nome de seu Pai.”

De tudo quanto se diz sobre os 144 mil neste capítulo e nos capítulos sete e décimo quinto, temos muitas razões para crer que eles constituem os justos que estarão vivendo na Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo. Eles são um grupo especial que foi selado com o “selo do Deus vivo”. Foram congregados de todas as nações.

O nome “Deus Criador” contido no mandamento do sábado é também aplicado ao Filho de Deus visto que Ele também é Deus e Criador dos Céus e da Terra. Assim, terão os 144 mil em suas testas o nome do Cordeiro e o nome do Pai.

O monte Sião é citado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento como o trono de Deus.

Apocalipse 14:2: “E ouvi uma voz do Céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão. A voz que ouvi era como de harpistas, que tocavam com suas harpas.”

A voz dos 144 mil triunfantes do monte Sião.

Apocalipse 14:3: “E cantavam um cântico novo diante do trono, e diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que tinham sido comprados da terra.”

Os 144 mil cantarão um “novo cântico” que está bem esclarecido no capítulo quinze. Este é um novo cântico, pois registra uma nova experiência. Ninguém senão os 144 mil, em toda a eternidade, poderá aprender esse novo cântico, pois será o cântico que expressará uma experiência pela qual jamais alguém terá passado em tempo algum além deles. E isso prova que todos os 144 mil terão idêntica experiência em um tempo único, definido, como relata Apocalipse 15:2-3.

Apocalipse 14:4: “Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados para ser as primícias para Deus e para o Cordeiro.”

Mulher, em profecia, significa igreja. Em Apocalipse 17:5, temos o quadro de uma mulher impura com suas filhas, as quais participam de sua mesma natureza corrompida. Esta mulher é chamada “Mistério, a Grande Babilônia”.

As “mulheres” desta profecia são figuras das igrejas caídas, do mundo cristão, com as quais os 144 mil não estarão contaminados ou não terão com elas relação alguma no momento da segunda vinda de Cristo. Não quer dizer que nunca pertenceram antes a igrejas caídas. Lemos no capítulo dezoito que Deus faz um forte apelo a Seu povo, enganado, que está ainda na Babilônia espiritual, ou nas igrejas caídas, para que saia dela a fim de não participar de seus pecados. Ao deixar Babilônia, em atenção ao chamado de Deus, escapam da contaminação das falsas “mulheres” ou das falsas igrejas. Dessa maneira, uma vez desligados das igrejas corrompidas, eles serão “virgens”, pois não estarão praticando o adultério espiritual.

A igreja que estará esperando o retorno do Mestre é descrita como dez virgens (Mt 25:1-13). São virgens porque têm a fé pura. Guardam os dez mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus (Ap 14:12). As “lâmpadas” nas mãos das virgens são símbolo da Palavra de Deus (Sl 119:105). Mas não basta possuir a lâmpada; é preciso ter também o óleo – uma profunda experiência cristã que vem por meio da presença do Espírito Santo de Deus.

Apocalipse 14:5: “Na sua boca não se achou engano; são irrepreensíveis.”

Não se achou “mentira” em seus lábios. Não revelaram qualquer intimidade com a falsa mãe Babilônia e suas filhas prostitutas. Não adoraram a besta e sua imagem. Eles “não amaram a própria vida” “mesmo em face da morte” (Ap 12:11). Eles seguem a Cristo sem medo da morte. Eles O seguem na prosperidade e na adversidade, na alegria e na tristeza, na perseguição e no triunfo. Eles rejeitaram toda falsa doutrina e proclamaram a verdade de Deus. Na sua boca não se achou engano. Eis o caráter daqueles que hão de ser eternos.

Apocalipse 14:6: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo.”

Simbolizando uma mensagem ou um mensageiro, este primeiro anjo representa um movimento de âmbito mundial; não alguma mensagem nova, mas a mesma mensagem do passado.

Deus sempre teve apenas um único evangelho. O evangelho eterno nunca muda. Ele foi anunciado primeiro no Éden (Gn 3:15), depois para os filhos de Israel (Hb 4:1-2), e é proclamado de novo a cada geração.

No capítulo oito do livro de Daniel, está bem assentada a profecia de que Roma papal lançaria por terra a pura verdade do evangelho e que a trocaria pelas tradições de homens sem Deus. E essa ação da igreja de Roma determinou a apostasia do cristianismo que redundou no surgimento do “homem do pecado” que se assenta “como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”, decretando dogmas religiosos em substituição aos do “evangelho eterno” de Deus.

Também o protestantismo, que pretende ter-se afastado de Roma, tem aviltado de igual maneira a Bíblia, introduzindo novos erros em lugar do evangelho eterno. Porém, o primeiro anjo, “voando pelo meio do Céu”, a representar um movimento de Deus nestes últimos tempos, anuncia a restauração do “evangelho eterno”.

O aviso do primeiro anjo

Apocalipse 14:7: “Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-Lhe glória, porque é chegada a hora do Seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas.”

O que significa temer a Deus? “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12:13).

A declaração atesta haver um tempo pré-definido em que a hora do juízo chegaria. A mensagem do juízo seria proclamada no mundo imediatamente ao chegar o “tempo do fim”, em 1798. Dessa data em diante, poderíamos esperar o anúncio da chegada da hora do juízo. Além disso, a hora do juízo chegaria quando o “evangelho eterno” fosse proclamado por meio de um grande movimento mundial “a toda nação, e tribo, e língua, e povo”, o que só poderia ser possível com o concurso da ciência, segundo anunciara o profeta (Dn 12:4). Desde o ano de 1844, segundo o profeta Daniel, teve início o juízo no Céu.

Enquanto no Céu, no santuário de Deus, se processa o juízo desde 1844, na Terra a mensagem do primeiro anjo adverte os homens sobre a sua realidade.

Em seu sermão em Atenas, Paulo disse que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um Varão que destinou e creditou diante de todos” (At 17:31).

Os que aceitam o “evangelho eterno” se distinguem dos demais ditos cristãos, exatamente por obedecerem aos mandamentos da lei de Deus. Sabem que não estarão obedecendo ao evangelho eterno desprezando esses mandamentos. Sabem que não serão perdoados, se insistirem na transgressão da lei divina, que é a norma do juízo pela qual serão afinal julgados.

É unicamente o quarto mandamento do Decálogo que aponta “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Êx 20:8-11). O mandamento do sábado foi estabelecido por Deus com um propósito claramente definido, isto é, para que o homem se lembre perpetuamente de que Deus é o Criador do Céu, da Terra, do mar e de tudo quanto neles há. É pela observância do sábado que Deus espera ser reconhecido e adorado pelos habitantes do mundo como Criador, mantenedor e doador de todas as coisas. Antes do fim do mundo e da segunda vinda de Cristo, a partir de 1844, esta verdade deveria ser restabelecida na Terra segundo a profecia.

Em 1856, quando o “evangelho eterno” já estava sendo anunciado ao mundo havia doze anos por um povo remanescente especial, e Deus sendo dado a conhecer como Criador, surgiu Charles Darwin com o seu livro A Origem das Espécies, no qual contraria abertamente a doutrina criacionista do quarto mandamento da lei de Deus e do evangelho de Cristo.

Uma vez que o registro bíblico da Criação está sendo contrariado e uma vez que o sábado de Deus, um sinal do Seu poder criador, foi posto de lado pela humanidade em geral, é vital que todas as pessoas, em todas as partes, sejam alertadas sobre essa questão crucial que tem a ver com a verdadeira adoração.

A mensagem do primeiro anjo: (1) abrange todas as pessoas; (2) chama o ser humano para adorar a Deus (guardar os Seus mandamentos); (3) anuncia a hora do juízo divino; (4) chama o povo para adorar o Criador (guardar o sábado).

O aviso do segundo anjo


Apocalipse 14:8: “Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.”

A palavra Babilônia, ou Babel, quer dizer confusão. Ela teve sua origem com a cidade e a torre que o povo tentou construir na terra de Sinar, depois do Dilúvio. Foi lá que as línguas do mundo foram confundidas. É um símbolo adequado para as igrejas populares e seculares, com suas centenas de diferentes seitas e doutrinas contraditórias. Apocalipse 12 fala sobre a mãe verdadeira, a igreja pura. Babilônia também é uma mãe; ela é chamada “a mãe das meretrizes” (Ap 17:5).

O grande pecado imputado à Babilônia é que “a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”. Essa taça de veneno que ela oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que propagou. Multidões têm bebido o vinho dessas falsas doutrinas.

O aviso do terceiro anjo

Apocalipse 14:9: “Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão,”

Apocalipse 14:10: “também o tal beberá do vinho da ira de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da Sua ira. E será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.”

A mensagem é dada em alta voz e há quatro pontos que devem ser considerados:

1. Alerta contra a adoração da besta. O primeiro anjo convida para adorar “aquele que fez o Céu e a Terra”. O terceiro anjo alerta contra a adoração da besta. Deve haver e há uma diferença essencial. Se aceitarmos os ensinos e mandamentos da besta em vez da Palavra e da Lei de Deus, estamos adorando-a.

2. Alerta contra a adoração da imagem da besta. Se cedermos à pressão do protestantismo apostatado, ao este dar a mão ao poder civil para impor a marca da besta, não seremos considerados verdadeiros adoradores do Criador.

3. Alerta contra receber o sinal da besta. Nas derradeiras horas da crise, a marca papal da guarda do domingo será imposta pela lei civil. O alerta de Deus é proferido contra essa marca. Ao Deus chamar as pessoas para adorar ao Criador, a questão sábado-domingo será claramente delineada.

4. Alerta acerca da ira de Deus sobre aqueles que não ouvirem Seu aviso. Todos temos que escolher entre a ira do homem e a ira de Deus. É entre a obediência ao homem e a obediência a Deus que a decisão precisa ser tomada.

Desde tempos passados até ao presente, a ira de Deus tem se manifestado, mas sempre permeada da Sua misericórdia. Mas quando ela for consumada nas sete pragas, não será acompanhada da misericordiosa graça. Assim, quando a substituição do sábado bíblico pelo domingo humano se tornar universal, Deus intervirá no mundo e punirá seus habitantes pelas iniqüidades deles.

Apocalipse 14:11: “A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome.”

A expressão implica na afirmação de que receberão o castigo de Deus aqui na Terra, onde em verdade há dia e noite em sucessão contínua. Isaías usou a mesma figura de linguagem ao se referir à destruição dos antigos edomitas, quando disse que o fogo da destruição “nem de dia nem de noite se apagará; para sempre o seu fumo subirá; de geração em geração será assolada; de século em século ninguém passará por ela” (Is 34:10). Porém, não consta que os edomitas, destruídos na Terra, onde há dia e noite, estejam ainda ardendo no fogo da destruição. As expressões de Isaias e João enfatizam uma destruição total e irremediável e não uma continuidade de castigo interminável. Vemos que, enquanto houver qualquer partícula a queimar, os ímpios queimarão; transformadas em cinza, o fogo cessará.

Apocalipse 14:12: “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”

Eis o traço marcante do povo de Deus do “tempo do fim”, o que indica sua firmeza em cumprir o propósito que Deus lhe confiou, em meio a um mundo ímpio e a um cristianismo decadente.

Considerando os que guardam os dez mandamentos de Deus serem assim colocados em contraste com os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal, é claro que a guarda da lei de Deus, por um lado, e sua violação, por outro, deverão assinalar a distinção entre os adoradores de Deus e os da besta.

A lei de Deus é a grande norma perante a qual todos os indivíduos deverão prestar suas contas no tribunal de Deus (Ec 12:13, 14). Saibam todas as pessoas que jamais serão justificadas de seus pecados pelo sangue de Cristo se não viverem em harmonia com os preceitos dos Seus mandamentos.

Disse Paulo: “Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus; mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 2:12, 13).

Apocalipse 14:13: “Então ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão.”

Em primeiro lugar, são bem-aventurados os mortos que morrem “no Senhor” – pois não há esperança após a morte a não ser que o morto tenha morrido “no Senhor”. Em segundo lugar, essa mensagem faz alusão a mortos “que desde agora morrem no Senhor”. “Desde agora” sugere dizer desde quando, ao ser proclamada a advertência final do terceiro anjo, aparecerem os fiéis de Deus que guardam os Seus mandamentos. E por que os mortos desse período serão bem-aventurados? Porque serão poupados de enfrentar as tribulações que vêm pela frente.

Apocalipse 14:14: “Olhei, e vi uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada.”

Colocada nesta profecia em seguida à mensagem final do terceiro anjo, a segunda vinda de Cristo comprova que a última mensagem do terceiro anjo a precede imediatamente.

O apóstolo Paulo afirma que Ele “aparecerá segunda vez, ... aos que O esperam para a salvação” (Hb 9:28). Sim, os que O esperam devem estar se preparando para esse dia.

Mas o dia da volta de Cristo será o mais terrível para todos quantos recusaram a Sua salvação. Terão que sofrer as amargas conseqüências dessa decisão. Terão que avaliar o quanto estiveram enganados.

A coroa de ouro que Lhe dera o Pai forma um flagrante contraste com a de espinhos que Lhe deram os homens, na Terra, para zombarem de Sua realeza.

A foice afiada representa a colheita do bom trigo, que é símbolo dos justos que Jesus virá buscar.

Apocalipse 14:15: “Então outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois já a seara da terra está madura.”

Apocalipse 14:16: “E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi ceifada.”

Apocalipse 14:17: “Outro anjo saiu do templo, que está no céu, o qual também tinha uma foice afiada.”

Apocalipse 14:18: “Ainda outro anjo saiu do altar, o qual tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Lança a tua foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as uvas estão maduras.”

Apocalipse 14:19: “E o anjo meteu a sua foice à terra e colheu as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.”

Apocalipse 14:20: “E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.”

Segundo este capítulo de Apocalipse, há no mundo dois tipos de plantações distintas: A seara do Senhor e a vinha de Satanás. O trigo do Senhor e as uvas satânicas.

O lagar onde as uvas eram espremidas e convertidas em vinho, nesta profecia, é um símbolo da destruição dos ímpios como uvas negras da vinha do adversário da justiça. A colheita do trigo e das uvas ocorrerá simultaneamente por ocasião da segunda vinda de Cristo ao mundo.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

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