sexta-feira, maio 09, 2008

Desvendando o Apocalipse: a derrota de Satanás

O vigésimo capítulo de Apocalipse trata do fim da grande controvérsia entre o bem e o mal. Surge aqui o assunto do milênio, tema que se tornou um ponto de discussão no meio do cristianismo. A teologia popular entende que o milênio ocorrerá na Terra antes do segundo advento de Cristo, quando finalmente Satanás é preso e milhões se converterão e serão salvos. Aqueles, porém, que mantêm a integridade da Bíblia, ensinam o contrário, isto é, que o milênio bíblico tomará lugar imediatamente depois da segunda vinda de Cristo, durante e depois do qual não haverá mais chance de salvação. A explanação da profecia do milênio dirá de que lado está a verdade.

Apocalipse 20:1: “Então vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na mão.”

Apocalipse 20:2: “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos.”

Apocalipse 20:3: “Lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações, até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que seja solto, por um pouco de tempo.”

Esta cena ocorre depois da morte dos ímpios e da ceia das aves de rapina dos versos anteriores. A cadeia ou corrente não é de ferro nem de aço. Não pode ser uma corrente literal porque um ser espiritual não pode ser preso por uma corrente material. É uma corrente (ou cadeia) de circunstâncias, com cada um dos seus elos forjados por um evento sobre o qual o diabo e seus anjos não têm qualquer poder. De acordo com o dito popular, suas mãos estão atadas. Ele não pode tentar os justos, pois estes já foram levados para o Céu. Não pode enganar os ímpios, pois eles estão todos mortos.

A prisão de Satanás significa que ele estará privado de suas atividades, considerando que suas obras são executadas por meio dos seres humanos que ele usa como instrumentos. Durante mil anos estará circunstancialmente amarrado e inteiramente privado de utilizar os seres humanos em suas obras. O aprisionamento será para ele um duro castigo visto que seu maior deleite é utilizar os homens na prática do mal.

Dois eventos marcam o começo e o fim dos mil anos. No começo dos mil anos, Satanás é preso; no fim dos mil anos, ele é solto. Mil anos = período literal de dez séculos.

O abismo em que Satanás será lançado é a própria Terra, transformada numa assolação completa pelas dramáticas cenas que ocorrerão na segunda vinda de Cristo.

As sete pragas, especialmente a sétima, transformarão a Terra num completo caos ou abismo, conforme a profecia. O profeta Jeremias dá conta da situação nestas palavras: “Observei a Terra, e vi que estava assolada e vazia... Vi também que... todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor...” Ainda não é o fim definitivo, pois a descrição de Jeremias continua com estas palavras: “Assim diz o Senhor: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei” (Jr 4:23, 26, 27).

Sem dúvida, a Terra “assolada e vazia” será o abismo no qual Satanás será lançado por mil anos.

O mesmo termo hebraico (abyssos) é empregado no Gênesis para dizer que a Terra “era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo” (Gn 1:2). A Terra voltará a ser como no princípio da criação – sem forma, vazia e em total escuridão. Um terrível abismo.

Apocalipse 20:4: “Vi também tronos, e aos que se assentaram sobre eles foi-lhes dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem nas mãos. Reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.”

Os justos estarão no Céu, reinando com Cristo. A eles “foi dado o poder de julgar”. Por que esse julgamento é necessário, se o seu destino já está decidido? Paulo diz: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1Co 6:2, 3).

O juízo, portanto, do qual os santos tomarão parte conjuntamente com Cristo no Céu, durante o milênio, é o juízo dos ímpios e dos anjos caídos. Esse juízo será somente para regular a pena que devem receber os ímpios e os anjos maus, segundo suas obras.

Esse julgamento não é para dar informações a Deus. Ele sabe mais a nosso respeito do que nós mesmos. Ocorre que uma pessoa infeliz no Céu estragaria o paraíso, deixando todos infelizes. O conflito poderia começar de novo. Deus vai Se certificar de que todos tenham confiança em Sua justiça.

Os livros serão abertos e os justos terão mil anos para examinar esses livros. Quando terminar o julgamento, todo o Universo saberá que nenhum pecador se perdeu sem que lhe fossem dadas oportunidades. Ninguém será condenado por algo que não conhecia, mas cada pessoa perdida estará perdida porque não andou pela fé, dentro da luz que possuía.

A razão por que os santos tomarão parte no juízo dos ímpios e dos anjos é que estarão presentes quando Deus sobre eles exercer o Seu juízo executivo. Depois disso, Deus apagará de suas mentes toda lembrança que cause sofrimento (Ap 21:4).

Ao chegarmos no Céu, teremos três grandes surpresas:

1. Vamos encontrar pessoas que achávamos que não estariam lá. De acordo com a nossa opinião, não eram boas pessoas. Se dependesse de nós, estariam perdidas. Mas Deus sabia de algo acerca dessas pessoas que não sabíamos.

2. Pessoas que tínhamos certeza de que estariam lá, mas na verdade não estarão. É o tipo de gente a respeito de quem poderia ser dito: “Se alguém for para o Céu, é essa pessoa.” Mas Deus conhece algo sobre essas pessoas que nós não sabemos. Nós julgamos pela aparência exterior e Deus julga pelo coração.

3. A terceira surpresa é ver que nós mesmos estamos lá, que o conflito finalmente terminou, e que estamos salvos!

João vê também no Céu aqueles que muito sofreram por sua fé. Menciona primeiro os mártires das perseguições do papado na Idade Média, “que foram degolados pelo Testemunho de Jesus e pela Palavra de Deus”. Em segundo lugar, o profeta vê os santos vitoriosos do derradeiro conflito – contra a besta, sua imagem e seu sinal.

Apocalipse 20:5: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição [esta parte final do verso 5 deveria estar com o verso 6. É um caso de má separação de versos].”

Apocalipse 20:6: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos.”

O milênio começa com a ressurreição dos justos e termina com a ressurreição dos ímpios. Os que ressuscitam no começo desse período são levados para a vida eterna. Os que ressuscitam no fim, vivem por pouco tempo, antes de morrerem para sempre.

Que contraste com aqueles que ressurgiram na primeira ressurreição! Os justos estavam revestidos de imortal juventude e beleza. Os ímpios trazem os traços da doença e da morte. Os ímpios saem da sepultura exatamente como foram para ela, com a mesma inimizade contra Cristo, e com o mesmo espírito de rebelião. Não terão um novo tempo de graça para arrependimento. Para nada aproveitaria isso. Sempre serão os mesmos. O caráter deles permanecerá imutável.

Apocalipse 20:7: “Quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão.”

Apocalipse 20:8: “e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha.”

A ressurreição dos ímpios, no fim do milênio, é a chave que “destranca as portas” do cativeiro de Satanás.

Gogue e Magogue – Esses nomes simbólicos são adaptados dos nomes dos inimigos de Israel (Ez 38:2). Aqui, eles representam todos os inimigos de Deus de todas as gerações.

Os mortos perdidos são ressuscitados com a voz de Jesus. Os dois grupos - salvos e perdidos - ouvem a Sua voz com mil anos de diferença. Jesus disse: “Não vos maravilheis disto, pois vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz e sairão: os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28, 29).

Apocalipse 20:9: “Subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade querida. Mas desceu fogo do céu, e os consumiu.”

O Apocalipse focaliza duas cidades: Babilônia e a Nova Jerusalém. A cidade querida é a esposa do Cordeiro, um símbolo da igreja cristã. João vê essa poderosa cidade descendo em toda a sua glória. Ela desce no local da antiga Jerusalém, mas precisamente sobre o Monte das Oliveiras (Ap 21:2, Zc 14:5, 6).

Sob o comando de Satanás, os ímpios surgem de todos os pontos da Terra para atacar a cidade de Deus. O pecado lhes deixou acostumados a pensar de maneira irracional.

A expressão “e os consumiu” não significa que irão queimar vagarosamente, mas que num ato serão consumidos, assim como o papel que é queimado.

Apocalipse 20:10: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta. De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.”

Quando as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas, elas foram punidas com o “fogo eterno” (Jd 7). As palavras “eternamente” e “para sempre” não estão relacionadas com a duração do castigo e, sim, com os seus efeitos (Ml 4:1 e Sl 37:10). O salário do pecado é a morte (Rm 6:23) e jamais o tormento eterno.

Apocalipse 20:11: “Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dEle fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.”

Apocalipse 20:12: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.”

A razão por que o livro da vida será aberto no juízo executivo dos ímpios, é para que todo o Universo saiba que alguns ímpios chegaram a ter seus nomes inscritos nesse livro, mas, por vontade própria e consciente deslealdade posterior, foram riscados. “Aquele que pecar contra Mim, a este riscarei Eu do Meu Livro.”

Apocalipse 20:13: “O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras.”

Apocalipse 20:14: “Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.”

Apocalipse 20:15: “E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo.”

A trágica história do pecado chega ao fim. Pecado e pecadores não mais existem. Toda a Terra estará livre da maldição do pecado e os justos serão felizes pela eternidade em um mundo renovado.

No próximo capítulo, conheceremos as maravilhas indescritíveis da Nova Jerusalém.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

Leia os outros textos da série clicando no marcador "apocalipse", logo abaixo.