sexta-feira, maio 02, 2008

Deus caminha entre nós

O que a encarnação de Cristo pode representar para o homem do século 21

Quanta coisa foi escrita a respeito da chegada do terceiro milênio e dos avanços que lhe seriam comuns. O redondo 2000 incendiou imaginações. Muitos visionários imaginavam que as viagens interplanetárias seriam rotina, nesta época, e que problemas como a fome seriam coisa do passado. Mas o futuro já é presente e, em muitos aspectos, as coisas mudaram bem pouco.

Na verdade, vivemos numa época contraditória. Ao mesmo tempo em que a ciência anuncia descobertas fascinantes, grande parte da população mundial vive à margem de benefícios básicos como saneamento e moradia (1,5 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de 1 dólar por dia). Mas o que chama a atenção mesmo é o fato de que a angústia e a desilusão não são “privilégio” apenas dos pobres.

Uma boa maneira de avaliar essa desilusão generalizada é o número de casos de suicídios no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), houve 1 milhão de suicídios em 1999. A média anual de suicídios no mundo passou de 10,1 a cada 100 mil habitantes, em 1950, para 16 casos no mesmo universo de pessoas, em 1995, o que corresponde a um aumento de 60%.

Curiosamente, os países do Leste Europeu, recém-libertos do Comunismo, encabeçam a lista dos recordistas. A Lituânia, por exemplo, tem uma média de 41,9 suicídios para cada 100 mil habitantes, seguida da Estônia (40,1) e da Rússia (37,6). Países desenvolvidos também têm seus recordes assustadores. Na Alemanha, o suicídio já provoca mais mortes do que acidentes automobilísticos e o excesso de consumo de drogas, juntos. China, Japão, França, Austrália e outros países também lutam contra o mesmo problema.

Numa época de tantos avanços tecnológicos e científicos, o que faz o número de suicídios ser maior que o de vítimas de conflitos armados e de acidentes automobilísticos, envolvendo principalmente pessoas na faixa dos 15 aos 35 anos? O escritor americano Douglas Rushkoff, autor do livro Um Jogo Chamado Futuro, arrisca uma resposta: “A ciência não resolveu – e talvez não seja sua tarefa – questões fundamentais sobre o homem e seu destino.” De fato, já faz algum tempo que o deslumbramento causado pelo avanço da ciência moderna arrefeceu. Doenças fatais ainda existem e a fome continua sendo uma pedra no sapato dos otimistas. É inegável que nas últimas décadas houve um tremendo avanço em várias áreas – como a ciência médica –, mas a esmagadora maioria da população mundial não tem o mínimo acesso a essas conquistas e facilidades.

** MILÊNIO SEM BRILHO

A verdade é que nunca houve tanta agressão, violência e guerras como no século 20 - e o 21 parace que não está sendo diferente. Violência que não discrimina as vítimas. Apenas em Serra Leoa, 90% das crianças sofreram abusos sexuais e até bebês tiveram suas pernas amputadas. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nos últimos dez anos, 2 milhões de crianças morreram, 6 milhões ficaram deficientes, 12 milhões estão desabrigadas e nada menos que 10 milhões de crianças ficaram com traumas psicológicos, em conseqüência das guerras. “Há mais crianças em conflitos hoje no mundo do que em todos os séculos”, diz a diretora-executiva do Unicef, Carol Bellamy. E os problemas não param aí. Depois das guerras, o negócio mais lucrativo do mundo são as drogas.

Todos esses fatos, aliados a previsões bastante pessimistas, acabaram deslustrando o brilho que cercava a chegada do terceiro milênio. Por isso mesmo, na avaliação do escritor Frei Betto, “o racionalismo entrou em crise; o consumismo sacia, para quem pode, a fome de pão, mas não a de beleza; a crise das ideologias induz as pessoas de volta à subjetividade”. Para ele, existe hoje uma certa “gula de Deus”, o que indica a busca de um sentido para a existência numa sociedade carente de sentido. “Sem utopias, os jovens correm o risco de procurar o sonho nas drogas; sem esperança, muitos trocam a solidariedade pela competição e a compaixão, pela ambição; sem amor, as relações são tratadas pela lei da oferta e da procura”, afirma.

** CARÊNCIA DO DIVINO

É exatamente essa carência do divino, do transcendente, que, indevidamente satisfeita ou negada, tem levado tantos à desilusão e ao desespero. “Pode até não ser um desespero angustiado, mas é uma rendição a uma inutilidade de existência”, avalia o Dr. Ravi Zacharias, presidente de uma instituição missionária norte-americana e autor de vários livros. “Há um senso moral dentro de nós que deseja resolver o enigma da vida. Há quem não demonstre interesse nesse assunto. Mas quando as coisas se tornam difíceis, não são capazes de viver pelas implicações lógicas de suas pressuposições. Apenas escondem-se nelas.”

Essa negação do Deus pessoal e bíblico também pode ser verificada no esforço secularista da mídia. Afinal, a dessacralização da sexualidade, o desrespeito aos pais e a banalização dos valores bíblicos são meios de esvaziar a mente da crença em Deus. Conseqüência: perda de senso dos valores essenciais da vida, onde tanto o nascimento quanto a morte perderam seu sentido moral. Alguns analistas já chegaram a essa conclusão, atribuindo o alto índice mundial de suicídios ao colapso dos valores sociais e da estabilidade familiar. No Japão, por exemplo, o índice de divórcios, assim como o de suicídios, também atingiu um recorde em 1999.

Muito sofrimento e decepção poderiam ser evitados se as pessoas dessem a devida atenção à sua vocação espiritual. O Deus bíblico não é um ser distante, observando indiferente as mazelas humanas. Deus caminhou neste planeta. Sentiu fome e sede. Sabe o que é solidão e angústia, conforme atesta o escritor do livro de Hebreus: “Pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (2:18).

Jesus Cristo, o Deus encarnado, é a suprema revelação de um Pai que amou a ponto de não poupar nenhum esforço para Se aproximar de Suas criaturas e oferecer-lhes um sentido para a vida. “Deus sempre comparece pessoalmente quando chamado”, afirma o pastor e conselheiro Marcos Faiock Bomfim. “Experimentei isso de maneira especial quando estive à morte em um hospital, há cerca de nove anos, mas ainda posso ter esse privilégio a cada dia”, lembra.

Segundo Bomfim, “o Senhor Jesus é aquele que pode restaurar a dignidade, mesmo no pior ser humano, por manifestar um amor incondicional. Ele não é vingativo, e está sempre disponível para renovar seu apoio. Seu compromisso em ajudar não depende de meu desempenho, mas de minha fé em Seu amor e aceitação. Receber amor incondicional produz respeito próprio, ingrediente fundamental para uma vida emocional saudável e para o sucesso”.

Milhares de vidas já foram transformadas ao longo da história humana por reconhecer e aceitar Emanuel – Deus conosco – como o único caminho. “Quando Cristo disse ser o caminho, a verdade e a vida, queria dizer que, nEle, o ser humano encontra, aprende e vive a realidade absoluta. Isso é mais que razoável. Até porque, certamente, Ele é o único Mestre cuja pessoa e veracidade dos ensinos têm sido mais testados e analisados na História”, diz o Dr. Zacharias.

Mas como é possível aceitar a Cristo? “Acho que você só passa a aceitar um Senhor em sua vida, quando chega à conclusão de que não tem condições de comandá-la sozinho”, diz Marcos Bomfim. “Foi assim comigo. Por muito tempo procurei achar a melhor maneira de fazer e dizer as coisas, enfim, de levar a vida de modo mais ou menos satisfatório, mas por fim tive de reconhecer que não era capaz o suficiente.”

Bomfim conta que certo dia alguém o aconselhou a experimentar ajuda sobrenatural. Então, ajoelhou-se e pediu a Deus que o livrasse das situações embaraçosas em que estava, que agisse como Salvador, e que comandasse sua vida dali para frente, que agisse como Senhor. Pediu que Deus lhe desse conselhos por meio da Bíblia. Foi aí que sua vida tomou uma direção segura.

Mas os problemas não são resolvidos definitivamente. Ele confessa que precisa renovar esse pedido a cada dia. “Essa entrega da vida não vale para o dia seguinte. Sem querer, vivo tentando tomar de volta a direção de minha vida. E esta é minha luta: dar a direção nas mãos de Deus. Sou um mau motorista; e Ele, um ótimo Piloto!”, contrasta.

É importante estabelecer uma relação de amizade com Deus através de uma vida de oração. “Mas por que orar?”, pergunta Frei Betto. “Para dilatar o coração e ser capaz de amar assim como Jesus ama. O contrário do medo não é a coragem, é a fé, essa planta que, para vicejar, exige água (a oração) e sol (o Transcendente). Sem regar, a planta morre calcinada.”

Alimentando essa experiência de fé, Jesus Cristo nasce no coração e dá sentido à vida. É puro Natal. Foi-se embora o medo, o vazio e o desejo de não-existir.

Cristo fora da Bíblia

Há muitas referências históricas a Jesus Cristo fora da Bíblia, e isso confirma Sua presença no mundo:

Flávio Josefo, historiador judeu: Ano 37 a 100 d.C. - “Nessa época viveu Jesus, um homem sábio. Se é que se pode dizer que era humano. Ele fazia milagres. Era o Cristo. Quando nossos cidadãos O denunciaram e Pilatos O condenou à crucificação, Ele apareceu, três dias depois de Sua morte, de novo vivo” (Antiguidades Judaicas, cap. 18, pág. 63).

Tácito: Ano 55 a 120 d.C. - “Nero acusa aqueles detestáveis por suas abominações que a multidão chama de cristãos. Esse nome vem de Cristo, que sob o principado de Tibério, foi mandado para o suplício pelo procurador Pôncio Pilatos” (Anais, cap. 15, pág. 54).

Suetônio: Ano 70 a 128 d.C. - “O imperador expulsou de Roma os judeus que viraram causa permanente de desordem pela pregação de Cristo” (Vida de Cláudio, cap. 25, pág. 4).

Plínio, o Jovem: Ano 61 a 114 d.C. - “Os cristãos têm o hábito de se reunir em um dia fixo para orar ao Cristo, que consideram Deus” (Carta a Trajano, cap. 10, pág. 96).

Michelson Borges