sexta-feira, maio 02, 2008

"Dia de Darwin": a mídia não quis estragar a festa

Que o povo brasileiro é dado à idolatria, todo mundo já sabe. Mas esta é demais: vamos entrar na onda idolátrica do culto a Darwin. Hoje (12/2) é comemorado o aniversário de 198 anos de nascimento do naturalista inglês Charles Darwin. O “Dia de Darwin”, segundo os organizadores, é uma data celebrada internacionalmente como uma “oportunidade para a divulgação científica em geral e da teoria da evolução em particular”. Mas o que se vê mesmo é muito pouca divulgação científica e muita louvação a um cientista cuja teoria vem enfrentando fortes críticas extra e intramuros.

Stephen Jay Gould (1980) e Lynn Margulis, mais recentemente (2005) na conferência sobre evolução nas ilhas Galápagos, disseram que o neodarwinismo já está morto há muito tempo, mas persiste como ortodoxia nos livros didáticos. “Por que William Provine, da Cornell University, mencionou a necessidade de outra teoria da evolução? Por que a grande mídia não destaca tudo isso?”, pergunta o ex-ateu e coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente (NBDI) Enézio de Almeida Filho.

E pergunto mais: Por que só Darwin e não outro cientista merece esse destaque? Por que não há um dia para Einstein ou Newton, que deram muito mais contribuições à ciência? Segundo Enézio, essa seria uma grande oportunidade para a discussão de temas como a mutação e o mecanismo de seleção natural, o registro fóssil e as origens humanas, a função do “DNA lixo”, a complexidade integrada da vida, problemas na elaboração de filogenias, etc. Mas esqueça. Isso não será discutido. Darwin continuará sendo blindado e sua teoria “recauchutada” a cada 50 anos, sem conseguir explicar como se deu a evolução e muito menos a origem das espécies.

A grande prova disso foi a recusa da mídia nacional de divulgar um fato constrangedor para o darwinismo - talvez para não estragar a festa em memória ao Darwin-ídolo. O EurekAlert, serviço eletrônico de notícias científicas que todas as editorias de ciência do Brasil recebem (inclusive o JC e-mail, da SBPC, e o boletim da Fapesp, entre outros) divulgou no dia 9 a contestação da base fundamental da teoria da evolução por parte de um cientista darwinista.

Eis a "bomba":

Jeffrey H. Schwartz, professor de antropologia na Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Pittsburgh, está trabalhando para demonstrar a falsidade de um principal dogma da evolução darwiniana. Schwartz crê que as mudanças evolutivas ocorrem subitamente opostas ao modelo darwiniano de evolução que é caracterizado pela mudança gradual e constante. Entre outras observações científicas, as lacunas no registro fóssil podem apoiar a teoria de Schwartz porque, para Schwartz, não existe “elo perdido”.

Num exame que desafia bastante o modelo darwiniano, Schwartz e o co-autor Bruno Maresca, professor de bioquímica na Universidade de Salerno, Itália, examinam a história e o desenvolvimento daquilo que os autores nomeiam de “Molecular Assumption” (MA) [Pressuposição Molecular] no artigo “Do molecular clocks run at all? A critique of molecular systematics” [Os relógios moleculares funcionam? Uma crítica à sistemática molecular], na edição da revista Biological Theory de 9 de fevereiro.

A pressuposição MA tornou-se uma teoria científica verificável quando em 1962 os bioquímicos Emil Zuckerkandl e Linus Pauling demonstraram a semelhança de espécies através da utilização da atividade imunológica entre o soro sangüíneo e um anti-soro construído. Após observarem a intensidade reatividade do soro e do anti-soro entre o sangue humano, de gorila, cavalo, galinha e peixe, Zuckerkandl e Pauling deduziram a “relação especial” — quanto mais intensa a reação, mais proximamente aparentadas deveriam ser as espécies.

O sangue de peixe foi o mais dessemelhante, assim pensou-se que a linhagem dos peixes divergiu muito antes das outras espécies. O sangue humano e de gorila foram os mais semelhantes, significando que as duas espécies tiveram menos quantidade de tempo para divergirem. Finalmente, o modelo darwiniano de mudança evolutiva constante foi imposto sobre a observação estática feita por Zuckerkandl e Pauling.
Até hoje, a comunidade científica aceitou a pressuposição MA como uma verdade científica. É essa pressuposição que Schwartz está considerando: “Isso sempre me chocou como sendo uma coisa muito estranha — que esse modelo de mudança constante nunca foi desafiado.” Schwartz tem as suas própria teorias relativas à evolução que são apoiadas por desenvolvimentos recentes em biologia molecular.

Os animais multicelulares têm grandes seções de genomas, o material genético de um organismo, que controlam o seu desenvolvimento. Schwartz argumenta que a estrutura do genoma não fica mudando, baseado na presença de "stress proteins", também conhecidas como "heat shock proteins". Essas proteínas estão localizadas em cada célula, e a principal função delas é eliminar o potencial de erro e mudança celular pela manutenção da forma celular normal através do dobramento de proteína.

Essa manutenção celular regular é o que destaca Schwartz relativa à sua refutação da mudança celular constante. “A biologia da célula parecer ir ao contrário do modelo que as pessoas têm na sua cabeça”, disse Schwartz; e ele argumenta que se as nossas moléculas estivessem mudando constantemente, isso ameaçaria a própria sobrevivência, e animais estranhos estariam surgindo rapidamente no mundo inteiro. Conseqüentemente, Schwartz argumenta que a mudança molecular é realizada somente por stressors ambientais significantes, tais como mudança rápida de temperatura, mudança severa de alimentação, ou até a aglomeração física.

Se as "stress proteins" de um organismo são incapazes de suportar uma mudança significante, a estrutura genômica pode ser modificada. Todavia, Schwartz salienta, uma mutação também pode ser recessiva num organismo por muitas gerações antes de aparecer em seu descendente. Se o descendente sobrevive ou não é outra questão. Se sobrevive de fato, a presença desse organismo modificado geneticamente não é o produto de mudança molecular gradual, mas uma amostra súbita de mutação genética, que pode ter ocorrido milhares de anos antes.

Contudo, não é somente a atual teoria molecular que intriga Schwartz, mas a omissão da comunidade científica em questionar uma idéia que tem mais de 40 anos: “A história da vida orgânica é indemonstrável; nós não podemos provar muita coisa em biologia evolutiva, e as nossas descobertas serão sempre hipóteses. Há apenas uma verdadeira história evolutiva da vida, e se verdadeiramente nós iremos conhecê-la, é improvável. O mais importante de tudo, temos de pensar sobre questionar as pressuposições fundamentais, se estivermos lidando com moléculas ou qualquer outra coisa”, disse Schwartz. [1]

Schwartz é fellow da prestigiada American Association for the Advancement of Science e da World Academy of Art and Science. Ele é autor de vários livros, incluindo The Red Ape: Orang-utans & Human Origins (Westview Press, 2005) e Sudden Origins: Fossils, Genes, and the Emergence of Species (Wiley, 2000). Ele passou mais de 20 anos considerando os métodos, as teorias e a filosofia de anotar dados e tentar interpretá-los com propósitos de reconstrução de relações evolutivas.

A sonegação desse tipo de informação pela mídia vai ao encontro da opinião do coordenador do NBDI, para quem o “Dia de Darwin” não é uma “celebração ao conhecimento científico e à valorização da diversidade, mas a imposição de uma camisa de força epistemológica, um convite ao suicídio intelectual que leva à ‘sindrome do soldadinho de chumbo’: o pensamento uniforme. Ora, se todos estão pensando a mesma coisa, ninguém está pensando”.

O que a mídia também não divulga é que a lista dos dissidentes de Darwin já está com 700 cientistas (www.dissentfromdarwin.org). Até da Academia de Ciência da Rússia! Alguns professores de universidades públicas brasileiras também já ousam figurar entre os dissidentes de peso, como o Dr. Michael Egnor, professor laureado de neurocirurgia e pediatria na State University of New York. Recentemente, o Dr. Egnor disse: “O darwinismo não desempenha nenhum papel na medicina. Ponto final. Os darwinistas não demonstraram nenhuma evidência de que a seleção natural seja capaz de gerar quantidades significativas de informação.” E esse pessoal não é criacionista...

Por esta Darwin não esperava: o “Dia de Darwin” já virou “dia de guarda” no calendário dos neo-idólatras. Ironicamente, o ídolo, que está enterrado na abadia de Westiminster, era agnóstico.

Mas pra que estragar a festa, né?