domingo, maio 25, 2008

Evolução ou retorno às origens?

Para alguns darwinistas, modificações sofridas pela lagartixa italiana Podarcis sicula nos últimos 37 anos são exemplo de “evolução”. Tudo começou em 1971, quando um grupo de pesquisadores transportou cinco fêmeas e cinco machos da espécie Podarcis de uma ilha do Mar Adriático para outra ilha do mesmo mar. Trinta e seis anos depois, Anthony Herrel e outros biólogos voltaram às ilhas para ver as lagartixas. Numa das ilhas, as lagartixas eram como sempre foram: pequenas, rápidas, comiam insetos e os machos lutavam para controlar o território. Mas, na outra ilha, uma surpresa esperava os pesquisadores.

Lá, além dos insetos, as lagartixas comiam folhas, principalmente na Primavera e no Verão. Essa foi considerada uma mudança muito brusca em apenas 30 gerações, levando-os a analisar o DNA para ter certeza de que se tratava da mesma espécie em ambas as ilhas. E eram, apesar de não mais lutarem por seus territórios.

Essa mudança de comportamento foi acompanhada por mudanças físicas. O crânio dessas "novas" lagartixas é maior e mais largo, o que faz com que as mordidas sejam mais fortes – o que se torna útil quando se tem que comer folhas duras em lugar de mosquitos.

Mas a mudança mais surpreendente estava no intestino das “novas” lagartixas. Elas se tornaram capazes de acumular a celulose das plantas por tempo suficiente para ser digerida pelas bactérias intestinais (algo semelhante ao que fazem os herbívoros).

O que ocorreu com o Podarcis sicula é bastante semelhante à “evolução” dos tentilhões observados por Darwin nas ilhas Galápagos (na verdade, quem estudou mesmo os tentilhões foi o ornitólogo John Gould). O que muitos livros-textos procuram é tentam induzir os alunos a crer que a variação dos tentilhões de Darwin explica a origem das espécies por meio da seleção natural. Mas o fato é que não ocorreu nenhuma megaevolução. Os tentilhões, apesar da variedade de bicos e costumes alimentares, continuam sendo tentilhões; assim como as lagartixas do Mar Adrático, apesar das modificações que sofreram, continuam sendo lagartixas.

Falando em tentilhões, note o que William Brookfield escreveu: “A ‘macroevolução’ é uma extrapolação da ‘microevolução’. A ‘microevolução’, por sua vez, é dependente da flexibilidade de cada espécie. Essa flexibilidade/adaptabilidade é em si um atributo de design positivo que exige uma explicação. Os tentilhões de Galápagos que sufocariam imediatamente e morreriam com as primeiras sementes endurecidas pela seca, são fáceis de ser planejados comparados com os tentilhões de Galápagos que podem adaptar e sobreviver diante de incontáveis ataques ambientais. Um programa de computador que mal pode rodar num único ambiente de computador é muito mais fácil de planejar do que um programa que pode se adaptar, autocorrigir-se, e prosperar em incontáveis ambientes de computadores (PC, Mac, Unix, Atari, etc.). Se as espécies vivas fossem mais pobremente planejadas, elas morreriam imediatamente em resposta a mais insignificante mudança ambiental – e não haveria ‘evolução’ darwiniana. A informação genética correspondente a cada mudança ambiental tem que estar no lugar antes que qualquer organismo possa ‘evoluir’ em resposta à pressão seletiva. Portanto, a teoria darwinista não tem validade em si mesma e é totalmente parasítica no design requintadamente competente. O fator mais importante é que as espécies adaptáveis são exponencialmente mais ricas em informação do que as espécies que não são adaptáveis. Assim, toda a ‘evidência da evolução’ (as mariposas de Manchester, resistência antibiótica pelas bactérias, etc.) é, na verdade, [evidência] a favor do design.”

Como o termo “evolução” é de uma plasticidade semântica incrível, “evoluiu”, tanto no caso da lagartixa quanto no dos tentilhões, significa que houve algumas alterações limitadas. E só.

O que se observou em 33 anos de pesquisas com os tentilhões? Uma espécie se transmutando noutra espécie? Não, apenas a redução do tamanho médio de bicos em uma população de tentilhões-da-terra-médios (Geospiza fortis) que já tinham já tinham bicos pequenos. Isso é chamado de "deslocamento de caráter" (character displacement), quando uma espécie adquire características diferentes em razão da competição com outra. Em 1982, uma população de tentilhões-da-terra-grandes (G. magnirostris) invadiu a ilha de Daphne Maior, competindo por comida com a população dominadora de tentilhões-da-terra-médios (G. fortis). Confira esse estudo na Science.

Para complicar mais ainda, diversas espécies de tentilhões parecem estar se misturando por hibridização, em vez da diversificação através da seleção natural, como exige a teoria neodarwinista. (Peter R. Grant e B. Rosemary Grant, "Hybridization of Bird Species", Science 256 [1992], p. 193-197)

Para finalizar, é curioso notar a facilidade com que a Podarcis sicula se tornou herbívora. Seria isso o "eco" de um passado distante, quando todos os seres vivos se alimentavam de vegetais? Portanto, trata-se de "evolução" ou uma espécie de "retorno às origens"? Dá o que pensar...[MB]