sexta-feira, maio 09, 2008

Gênio divino

Quem precisa de Deus? O homem pode conseguir sozinho! Este foi o grito de ordem de muitos pensadores franceses nos anos 1600. Voltaire, Descartes e outros questionaram a validade da fé cristã. A solução deles era viver pela razão somente. Mas Blaise Pascal, intelectual francês, físico e matemático, um dos mais notáveis cientistas de seus dias, estava se movendo na direção oposta.

Pascal, com sua irmã mais jovem, foi criado e ensinado em casa em Paris por seu pai (sua mãe havia morrido quando ele tinha 3 anos). O jovem garoto era um prodígio: aos 10 anos ele estava realizando experimentos originais. Em seus últimos anos da adolescência, ele inventou o primeiro aparelho de calcular (alguns o chamam de o primeiro “computador”). Essa invenção o tornou famoso, impulsionando-o para uma carreira científica de vasta extensão. Ele testou teorias de pesquisadores como Galileu. Formulou sua hoje famosa lei da hidráulica: a pressão na superfície de um fluído é transmitida igualmente para cada ponto em um fluído. Escreveu documentos influentes sobre o conceito de vácuo e sobre o peso e densidade do ar. Desenvolveu a teoria da probabilidade ainda usada hoje. Inventou a seringa, o elevador hidráulico, tem sido creditado como o inventor do relógio de pulso e como o mapeador da primeira rota de ônibus de Paris.

Assim como investigou o mundo físico, Pascal também investigou o espiritual. Na França católica, um movimento chamado Jansenismo estava crescendo. Compartilhando muitas semelhanças com o Calvinismo, os jansenistas ensinavam que a predestinação de Deus e a graça divina, mais que as boas obras, eram a chave para a salvação.

Em 1646 Pascal entrou em contato com o Jansenismo, e embora ele mesmo tenha lutado contra este, o apresentou a sua irmã, Jacqueline. Ela o aceitou completamente mudando-se para um convento jansenista em Port-Royal. Dez anos mais tarde, Pascal era um seguidor também, defendendo o Jansenismo ferozmente contra as críticas católicas. Em Janeiro de 1656, Pascal escreveu Les Provinciales, 18 brilhantes peças satíricas atacando os jesuítas e discorrendo sobre a necessidade da graça divina.
Ele também começou a fazer anotações para um novo livro, uma defesa da fé cristã para céticos. Mas Pascal nunca teve a chance de vê-lo publicado. Sua saúde frágil (ele foi contaminado por uma doença por toda a vida) finalmente acabou em 1662. Ele tinha apenas 39 anos.

Anotações secretas

Foi descoberta costurada no forro de seu colete uma folha de papel que registra uma experiência que Pascal teve em 23 de Novembro de 1654.

“Por volta das 10h30 da noite até por volta de meia-noite e meia… Fogo… Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, e não dos filósofos e sábios. Certeza. Certeza. Sentimento/ternura. Alegria. Paz.”

Também foram encontradas em seus documentos, após sua morte, anotações para sua defesa da fé. Elas foram publicadas pelos jansenistas como Pensees (Pensamentos). Pascal retratou a humanidade como suspensa entre a desgraça/infelicidade e a felicidade. Desamparadas sem Deus, as pessoas tentam evitar o horror de sua perdição envolvendo-se em distrações. Pascal disse que a razão e a ciência não poderiam ajudar uma pessoa a vir a conhecer a Deus - somente experimentando Cristo as pessoas podem conhecer a Deus.

“Não fique surpreso a vista de pessoas simples que acreditam sem discussão”, ele escreveu. “Deus os faz amá-Lo e odiar-se a si mesmos… Nós nunca creremos com uma fé inquestionável e vigorosa a menos que Deus toque nossos corações.”

Em Pensees, também encontramos uma das mais famosas frases da literatura cristã: “O coração tem razões que a razão não conhece.”

As realizações científicas de Pascal foram de fato enormes, porém, sua articulada defesa da realidade espiritual – energizada por uma conversão pessoal e profunda a Cristo – é seu maior legado.

(Adaptado da Christian History Magazine)