As crianças brasileiras de 4 a 11 anos viram, em 2004, 4h48m54s de televisão por dia, e em 2005, 4h51m19s, segundo o Painel Nacional de Televisão do Ibope. Sabendo do potencial publicitário dessas horas, no ano passado, o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) lançou normas éticas para publicidade de produtos destinados a crianças e adolescentes. Entre as recomendações proíbe frases como “faça como eu, use tal produto” ou “peça para o seu pai comprar”. Também regulamenta os anúncios de alimentos e refrigerantes.
Em outros países é assim:
Suécia, Noruega e Finlândia proíbem publicidade destinada a crianças com menos de 12 anos. ( Na Suécia, a proibição foi estabelecida após um plebiscito, no qual 88% da população votou pelo fim da prática.)
No Canadá, a província de Quebec estende a proibição a menores de 13 anos.
Na Grécia não são permitidas propagandas de brinquedos das 7 às 22 horas. Anúncios de armas e tanques de brinquedos não são proibidos.
A Nova Zelândia proíbe o marketing de junk food para crianças.
Na União Européia não são permitidos comerciais que sugerem que a aceitação das crianças pelos colegas depende do uso de algum produto.
O que as crianças entendem:
Até os 4 anos são incapazes de distinguir os programas das propagandas.
Um pouco mais velhas tendem a acreditar no que vêem num comercial.
Até 8 anos, as crianças não conseguem realmente entender o conceito de intenção persuasiva, segundo o qual cada detalhe de uma propaganda foi escolhido para tornar o produto mais atraente e para convencer as pessoas a comprá-lo.
Antes dos 12 anos elas não têm pensamento crítico como o adulto.
Quanto às propagandas televisivas, é assim que a coisa funciona. Mas e como ficam as outras mídias, como revistas e outdoors? Uma rede varejista online de roupas lançou nos Estados Unidos uma campanha publicitária com a idéia de que estar mal vestido é a mesma coisa que estar se sentindo nu. Para expressar a idéia, a Bluefly colocou modelos completamente nuas em suas propagandas. Algumas das fotos dos anúncios mostram as mulheres nuas em situações cotidianas: esperando o metrô na plataforma, indo para o trabalho, ou sentada na platéia de uma ópera.
"Esta campanha não é sobre nudez, é sobre se sentir nu, o que é muito diferente [ah, tá...]. Ultimamente, mais do que nunca, o que eu uso está diretamente ligado ao que eu sou. Sem as roupas 'certas', temos uma crise de identidade. Por isso, nosso slogan 'that's why I Bluefly' [é por isso que eu Bluefly] é perfeito para isso", afirmou a presidente da marca, Melissa Payner. (Invertia)
Outra mídia a que as crianças estão expostas inadvertidamente são os videogames, que influenciam muito mais por serem interativos e nem sempre são alvo de legislações restritivas. Veja só esta novidade: Pocket Pool, jogo de sinuca que está sendo desenvolvido para o portátil PSP, coloca o usuário contra um verdadeiro time de modelos. O objetivo é simples: ganhar partidas para liberar galerias e vídeos das garotas. Lançado em abril, Girls Gone Wild Pocket Pool recebeu o selo “M” (Mature) da organização norte-americana Entertainment Software Rating Board (ESRB). (Terra)
Mas será que a molecada liga pra isso? E os pais? Sem o pensamento crítico devidamente desenvolvido, o que pode acontecer com a formação do caráter dessas crianças, expostas a tanto conteúdo desmoralizante?