sexta-feira, maio 09, 2008

Moisés alucinado? Não, outro judeu é que está

Papel e internet aceitam tudo: "O profeta Moisés estava sob efeito de poderosos alucinógenos quando desceu o monte Sinai e apresentou ao povo judeu os Dez Mandamentos, afirma Benny Shanon, professor do Departamento de Psicologia Cognitiva da Universidade Hebraica de Jerusalém." E a matéria publicada no G1, entre outros sites, prossegue:

Em um artigo provocador publicado nesta semana no Time and Mind, uma revista científica dedicada à filosofia, Shanon considera que o consumo de psicotrópicos fazia parte dos rituais religiosos dos judeus mencionados pelo livro do Êxodo na Bíblia.

"Em relação a Moisés no monte Sinai, trata-se de um acontecimento cósmico sobrenatural no qual não acredito, ou de uma lenda na qual também não creio, ou, e isso é muito provável, de um acontecimento que uniu Moisés e o povo de Israel sob o efeito de alucinógenos", afirmou o professor à rádio pública israelense.

"A Bíblia afirma nesse sentido que 'o povo vê sons' e esse é um fenômeno muito clássico, por exemplo na tradição da América Latina, onde se pode 'ver' a música", acrescentou. Ele também mencionou os exemplos da sarça ardente e da Árvore do Conhecimento no Jardim do Éden, indicando que, nos desertos do Sinai egípcio e do Neguev israelense, há ervas e plantas alucinógenas que os beduínos ainda utilizam.

De acordo com o professor Shanon, as sociedades tradicionais xamânicas utilizam alucinógenos em seus ritos religiosos. "Mas essa utilização está submetida a regras muito estritas", explica. "Fui convidado em 1991 para uma cerimônia religiosa no norte da Amazônia, no Brasil, durante a qual provei um preparado feito com uma planta, a ayahuasca, e tive visões de conotação espiritual e religiosa", acrescentou.

Segundo o pesquisador, os efeitos psicodélicos das bebidas preparadas com a ayahuasca são comparáveis aos produzidos pelas bebidas fabricadas com o córtex da acácia. A Bíblia menciona essa árvore freqüentemente, e sua madeira é parecida com a que foi utilizada para talhar a Arca da Aliança.

Nota: Como poderia um alucinado ser o propagador do maior código de leis de que se tem notícia? Como poderia ele, sob efeito de drogas, prescrever e registrar regras dietéticas que são atuais até hoje e que tornaram os judeus da época dele muito mais saudáveis que os habitantes do grande e instruído Egito? É fácil tentar justificar aquilo em que não crê (como admite Shanon), mas que se percebe estar além do plano natural, como sendo fruto de alucinação. Mas alucinações nunca produziram ordem, coerência e outras qualidades atribuídas aos escritos mosaicos.

Conforme escreveu Douglas Reis, em seu blog: "Gostaria de saber como Shanon chegou à conclusão de que 'o consumo de psicotrópicos fazia parte dos rituais religiosos dos judeus mencionados pelo livro do Êxodo na Bíblia', uma vez que, em nenhuma passagem, existe afirmação que justifique tal conclusão. Este é mais um caso de criticismo preconceituoso que, em sua cegueira, tenta justificar por causas naturais os fenômenos associados à Revelação. Qualquer um que entenda de hermenêutica sabe que 'em literatura, um fato só adquire sentido relacionado com o todo que o integra' (Donald Schüler, A Construção da Ilíada: uma análise de sua elaboração). Usar trechos isolados da Bíblia para justificar artificiosas injunções naturalistas é fugir do trabalho sério de uma interpretação reponsável."

Um professor judeu da Universidade Hebraica escrevendo e dizendo barbaridades sem fundamento sobre um dos maiores judeus de todos os tempos... Depois, o alucinado é Moisés![MB]