domingo, maio 04, 2008

O Dilúvio e o deboche nas telas

Um político recém-eleito para o Congresso americano leva um susto quando um homem negro e de aparência austera se apresenta a ele como o próprio Deus, dando-lhe uma missão inacreditável: construir uma arca e se preparar para um iminente dilúvio. Esse é o enredo do novo filme do diretor Tom Shadyac (de Patch Adams), intitulado "Evan Almighty". Na verdade, é uma continuação de seu sucesso cinematográfico "Todo Poderoso" (comédia com Jim Carrey).

Essa continuação (com Steve Carell) também é definida como uma "comédia blockbuster", ou seja, um daqueles filmes milionários feitos pensando na bilheteria.

No filme anterior, podemos destacar alguma reflexão se insinuando em meio às situações hilárias e desconcertantes, próprias ao gênero do filme. Brune Nolan (Carrey) logo percebe, depois de Deus (Morgan Freeman, também na continuação) lhe dar seu "emprego", que não é fácil arcar com as responsabilidades divinas. Principalmente porque Nolan é um sujeito egoísta e irresponsável.

É claro que o filme também possui muitos pontos objetáveis, a começar pelo próprio tom: a hilariedade não é a melhor forma de refletir sobre o caráter divino; assim, o filme se torna claramente desrespeitoso para com Deus.

Fico pensando se esse segundo filme não vai denegrir o relato bíblico do Dilúvio, fazendo a massa rir de uma história que o próprio Senhor usou para tipificar Sua segunda vinda. Se desrespeitamos o Dilúvio, porque nos preocuparíamos com a próxima punição universal?

(Questão de Confiança)