sexta-feira, maio 02, 2008

O “sim” da jovem Maria

Imagine que você é um jovem judeu vivendo no tempo em que Jesus nasceu. Você teria que conviver com o povo romano como se sua terra fosse deles, e ainda teria que pagar elevados impostos para morar ali. Veria pobres e viúvas sendo maltratados por não ter com o que pagar os tributos. Veria tudo isso e teria que permanecer calado; diante de tanta humilhação, sua única resposta teria que ser a resignação.

Quem sabe, conversando com os sacerdotes, você encontrasse algum conforto espiritual. Mas, infelizmente, depois da conversa, seu fardo de angústias aumentaria. Os líderes espirituais da nação lhe falariam a respeito de um poderoso Messias vindouro, que reinaria em Israel e Se vingaria dos odiosos romanos, devolvendo-lhes todo sofrimento que haviam trazido ao Seu povo. Os sacerdotes alimentariam ainda mais sua revolta e seu desejo de vingança.

Você provavelmente encontraria pessoas cansadas de esperar o Messias e perdendo até mesmo a fé em Deus. É possível que elas até ridicularizassem sua fé. Além disso, você veria os sacerdotes extorquindo dinheiro do povo, vendendo cordeiros e outros animais para serem utilizados nos serviços do Templo. Aquilo que fora estabelecido para enternecer o coração humano e fazê-lo entender a malignidade do pecado, apontando para o verdadeiro Cordeiro de Deus e para a natureza de Sua missão, estava sendo usado como símbolo de status e como uma máscara de hipocrisia, para aqueles que desejavam comprar a salvação (sem arrependimento genuíno) ou enriquecer às custas dos que a buscavam. E se você fosse pobre, sentiria tremenda angústia por não poder pagar o melhor sacrifício e se sentiria, por isso, indigno e devedor para com Deus.

Como se não bastasse, você teria que cumprir normas severas e leis que não passavam de tradições humanas, as quais eram freqüentemente confundidas com a Lei de Deus – a Lei da liberdade –, e, por isso mesmo, seriam consideradas um fardo quase insuportável. Isso tudo ofuscaria ainda mais o caráter de Deus.

E se você fosse mulher... aí é que conheceria o que é ser tratada como inferior. Correria o risco de ser julgada leviana apenas por sorrir em público. Suas palavras não teriam o menor valor e nem mesmo poderia pronunciá-las fora de casa. As coisas só poderiam ser piores se você fosse de Nazaré, o lugar mais malfalado da região. Os nazarenos, por onde quer que fossem, carregavam o estigma de grandes pecadores. Por isso eram tão discriminados.

Você viveria cercado por nações pagãs, tentando-o e convidando-o a todo tempo para abandonar costumes tão repressores. É como se lhe dissessem: “Deixe seu Deus e adore os nossos. Eles lhe permitirão dar vazão aos seus desejos; concederão a você liberdade para desfrutar de todos os prazeres que puder imaginar. Venha!”

Imagine-se vivendo nesse contexto histórico. Qual seria sua maneira de pensar e agir? É difícil acreditar, mas havia uma jovem pobre, de Nazaré, que se caracterizava por sua sinceridade e fidelidade a Deus. Talvez as pessoas ao seu redor não vissem nada de especial nela, mas chegando a plenitude dos tempos, Deus, o Altíssimo, a escolheu, entre tantas, para uma missão muito especial: ser mãe do Salvador da humanidade.

Por que ela? Você já pensou nisso? Porque Deus precisa de jovens que se mantenham fiéis, mesmo em meio às mais gigantescas adversidades. Maria conhecia as Escrituras, orava e não se deixou contaminar com o mundo ao seu redor. Quando Deus a chamou, ela prontamente disse “sim”, submetendo-se à vontade de seu Senhor, sem pensar nos riscos e conseqüências. “Então disse Maria: – Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a Tua palavra” (Luc. 1:38).

A punição para uma mulher adúltera ou que engravidasse sem ser casada, era o apedrejamento até a morte. Maria sabia disso, mas também sabia quem era o poderoso Deus a quem servia. O Deus que criou os céus e a Terra, que abriu o Mar Vermelho e fez o Sol parar. O Deus que nunca desampara Seus filhos cuidaria dela e faria com que Seu propósito se cumprisse.

Não é estranho e ao mesmo tempo maravilhoso que um Deus soberano tenha usado uma simples jovem como Seu instrumento? O Deus infinito Se fez humano e habitou no ventre de Maria. Mais tarde, ouviu-se o choro de um bebê e um grupo de anjos brilhantes louvando-O no céu. Anos depois, ecoou nos ares o brado de um Homem pregado à cruz que não Lhe pertencia. Seu precioso sangue escorrendo para nossa salvação. Três dias depois de Sua morte vicária, ressurgiu esplendorosamente e, antes de ascender de volta aos Céus, prometeu voltar a este mundo para resgatar os que por Ele foram comprados e aceitaram Seu sacrifício. Sua missão estará, então, consumada.

Não importa quão grandes sejam as tentações e provações ao nosso redor. Jovens de todos os tempos também as enfrentaram. Não importa o quão difícil lhe pareça cumprir a vontade de Deus. Ele é o mesmo Deus e tem poder para nos ajudar a ser fiéis. Assim como Ele escolheu a jovem Maria, tão simples e frágil, para missão tão importante, Ele chama você também para ser Seu instrumento, Seu vaso escolhido.

Confie em Jesus e dê a Ele o “sim” que um dia Maria deu. Aceite esse desafio!

Débora Tatiane M. Borges é pedagoga e co-autora do e-book ...E Deus Nos Uniu.