“Considere o papel que a ciência desempenha agora na educação. Os 'fatos' científicos são ensinados em idade tenra e da mesma maneira na qual os 'fatos' religiosos foram ensinados apenas há um século atrás. Não há tentativa de despertar as capacidades críticas do aluno de modo que possa ser capaz de ver as coisas em perspectiva. "Nas universidades a situação é ainda pior, pois a doutrinação aqui é desenvolvida de maneira muito mais sistemática. A crítica não é totalmente ausente. A sociedade, por exemplo, e as suas instituições, são criticadas mais severamente e freqüentemente mais injustamente, e isso já no nível da escola fundamental. Mas a ciência é isenta da crítica.
"Na sociedade em geral o juízo de um cientista é recebido com a mesma reverência como o juízo de bispos e cardeais eram aceitos não muito tempo atrás... Leve mais adiante esta investigação e você verá que a ciência se tornou agora tão opressora quanto as ideologias que ela uma vez teve de combater.
"Não seja enganado pelo fato de que hoje dificilmente alguém seja morto por adotar uma heresia científica. Isso não tem nada a ver com a ciência. Tem algo a ver com a qualidade geral de nossa civilização. Os heréticos em ciência ainda são forçados a sofrer as mais severas sanções que esta civilização relativamente tolerante tem a oferecer” (Paul K. Feyerabend [1924-1994]).
(Desafiando a Nomenklatura Científica)
