sexta-feira, maio 02, 2008

Polêmica inútil

A revista IstoÉ desta semana (9/10)
traz artigo sobre os irmãos de Jesus e tenta levantar uma polêmica inútil (mas que vende, como sempre). O texto começa assim: "Nascida num sábado oito de setembro do ano 20 antes de Cristo, Maria de Nazaré tornou-se uma das personagens mais misteriosas e emblemáticas da história da humanidade. Através dos séculos, milhares de pesquisadores de várias correntes científicas e religiosas se dedicaram a pesquisar os segredos e mistérios da mulher que recebeu a dádiva de gerar, virgem, o filho de Deus na terra, Jesus Cristo. Uma obsessão tomou conta daqueles que se empenham em decifrar os enigmas que cercam a figura da Virgem Imaculada tocada pelo Espírito Santo. Com absoluta desaprovação e descrença do Vaticano, é cada vez maior o número de escritores e estudiosos em religião que questionam um dos dogmas mais sagrados da Igreja Católica: a virgindade da genitora do Messias. Além disso, sugerem que Cristo fazia parte de uma família numerosa, com muitos irmãos e irmãs."

A matéria afirma que essa afirmação é "capaz de produzir debates acalorados entre os mais de um bilhão de católicos no mundo", embora seja respaldada em elementos surgidos em estudos de historiadores e teólogos. E erra o alvo, ao dizer que Maria, "segundo a Bíblia, a fé católica e os ensinamentos da Igreja, concebeu e deu à luz — desprovida de pecado — exclusivamente o filho do todo poderoso dos céus". A Bíblia não diz isso. Diz, sim, que Maria concebeu Jesus ainda virgem, mas nada fala sobre ela ser "desprovida de pecado" ou ter permanecido virgem depois do nascimento do Jesus. Isso é dogma católico.

"Para o ensaísta Duquesne", prossegue a matéria, "há certas passagens bíblicas que permitem pensar que José manteve vida conjugal com a esposa. É o caso de um trecho do livro de Mateus. O carpinteiro a teria 'conhecido' após o nascimento do filho de Deus. Outras referências importantes foram organizadas pelo ensaísta e escritor Jacques Duquesne, ex-diretor da revista francesa Le Point, no livro Maria – a mãe de Jesus, publicado por aqui pela Editora Bertrand. No capítulo 'Maria, mãe de família numerosa', ele faz pelo menos 11 referências bíblicas que colocariam para refletir até mesmo os que não admitem discutir a idéia por considerá-la sacrilégio."

O padre Jesus Erthal, reitor da PUC-Rio, discorda do fato de Jesus ter tido irmãos: “Não existe dúvida sobre a virgindade perpétua de Maria”, diz. “Não existia palavra para designar primo. Chamavam de irmão o filho do irmão do pai, por exemplo. As versões que originam o equívoco, para mim, são traduções equivocadas.”

O fato é que a polêmica nem deveria existir. Se fosse visto sob o ponto de vista extritamente bíblico, a controvérsia desapareceria. Os evangelhos citam, sem sombra de dúvida, os irmãos de Jesus, embora não haja declaração clara de que Maria tenha sido a mãe deles. "É muito provável que fossem mais velhos que Jesus pela forma como se dirigiram a Ele em algumas ocasiões; portanto, nasceram antes de Cristo. Como a Bíblia deixa evidente que Maria era virgem até dar à luz Cristo, então só se pode entender que sejam filhos de um primeiro casamento de José, que teria ficado viúvo", conclui o jornalista Felipe Lemos, no blog Realidade em Foco, para quem o assunto é inútil por se tratar de pura especulação.

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