sexta-feira, maio 09, 2008

Preço de alimentos ameaça segurança global

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência da ONU, John Holmes, disse na última terça-feira que a alta dos preços [dos alimentos] pode ameaçar também a estabilidade política mundial. Holmes disse ainda que o aumento dos preços vai desencadear protestos e tumultos em nações mais vulneráveis. Esses comentários seguiram-se a dois dias de tumultos no Egito causados pela duplicação dos preços dos alimentos básicos no período de um ano, além de protestos em outras partes do mundo.

Os preços de alimentos aumentaram, em média, 40% em todo o mundo desde o último verão do hemisfério norte. Segundo Holmes, a escassez de alimentos e o aumento dos preços dos combustíveis são efeitos do aquecimento global. As alterações climáticas duplicaram o número de desastres naturais de uma média de 200 para 400 por ano nas últimas duas décadas.

Em nossa opinião, os aumentos de preço não se devem apenas a razões climáticas. Devem-se também ao aumento do preço do petróleo, que fez aumentar a demanda por combustíveis de origem agrícola, como o álcool feito a partir da cana de açúcar ou do milho. Isso levou a um desvio desses cereais para a produção de combustíveis, o que acabou gerando a falta de alimentos e a alta dos preços. No caso específico do arroz, principal alimento em boa parte da Ásia, as razões são mais climáticas.

Achamos esse quadro muito grave, gravidade essa que ainda não vimos refletida em nossos jornais. Milhões de pessoas estão ameaçadas de morrer de fome na Ásia e na África, o que pode levar a lutas e até genocídio. A guerra em Darfur, no Sudão, é, no fundo - dizem os entendidos -, uma disputa por regiões onde há água para beber e para agricultura.

(Opinião e Notícia)