domingo, maio 04, 2008

Primata deu o 1º passo nas árvores

A teoria clássica da evolução diz que os primeiros ancestrais dos humanos [sic] a andar sobre os dois pés foram os descendentes daqueles grandes primatas que desceram das árvores e tiveram de ganhar a vida nas savanas. Ao observar o comportamento de orangotangos selvagens, no entanto, um grupo de cientistas percebeu que o bipedalismo pode ter surgido nos nossos parentes mais antigos [sic], que ainda viviam nas árvores. A equipe liderada por Susannah Thorpe, da Universidade de Birmingham (Inglaterra), notou que os orangotangos que vivem em Sumatra (Indonésia) freqüentemente se locomovem de uma árvore para a outra sobre as duas pernas, enquanto usam os braços para segurar outros galhos e balançar.

Ficar em pé sobre as duas pernas e sair andando até então era visto como a principal característica que define os hominídeos. Os ancestrais de gorilas, chimpanzés e humanos teriam descido das árvores e começado a andar sobre as quatro patas. Um tempo depois teriam desenvolvido um método de se locomover pisando nos nós dos dedos - modo usado pelos grandes macacos até hoje - e posteriormente sobre as duas patas.

Essa noção, no entanto, já vinha sofrendo abalos com a descoberta de algumas evidências fósseis mais recentes, como a famosa Lucy [que depois se descobriu ser Lúcio], um Australopithecus afarensis que viveu entre 3 milhões e 4 milhões de anos atrás em floresta africana e provavelmente se locomovia tanto pelo chão quanto pelas árvores.

Susannah e colegas argumentam no artigo publicado [no dia 1 de junho] na revista Science que essa habilidade deve ter surgido nos primatas mais antigos como uma necessidade alimentar. Nos orangotangos modernos, observaram, ela é especialmente necessária para eles se movimentarem sobre ramos finos e flexíveis de árvores, na ponta dos quais ficam as melhores frutas.

Os animais então adotam a postura ereta sobre as duas patas e com a ajuda dos braços conseguem se esticar e pegá-las. Sem isso, esse alimento dificilmente seria alcançado. A equipe acompanhou ao longo de um ano o movimento de cerca de 3 mil animais e percebeu que o bipedalismo com a assistência dos braços era muito mais comum nesses momentos.

(O Estado de S. Paulo, 1 de junho de 2007)

Nota: Mas uma quase certeza científica que nos ensinaram no ensino fundamental e médio cai por terra.[MB]