sexta-feira, maio 09, 2008

Respostas a um leitor darwinista

Reproduzo abaixo as respostas que dei a um leitor deste blog, pois creio que com isso ajudarei outros leitores a terem melhor noção do que penso sobre certas questões relacionadas com a controvérsia entre o evolucionismo e o darwinismo. Talvez também seja possível desfazer com isso certos preconceitos e idéias equivocadas.

1. "O que um cientista ganharia em esconder uma hipótese que se confirma como verdadeira ou falsa?"

R.: Quando quase toda a comunidade científica pesquisa numa única direção, a voz dissonante perde verbas, prestígio e espaço. Às vezes, uma mudança paradigmática precisa esperar que uma geração de cientistas morra para que outra geração mais aberta a outras hipóteses ocupe o palco científico e realize pesquisas noutras direções. Pense no flogístico, no éter luminífero, etc. Isso é fato. Basta conferir livros como A Estrutura das Revoluções Científicas e o Grandes Debates da Ciência.

2. "Se as hipóteses criacionistas fossem tão certas assim elas estariam em todas as revistas científicas, concorda?"

R.: Será? Pelo seu forte teor religioso, pelo menos em termos de premissa, a "hipótese" criacionista é rejeitada a priori. "Descem a lenha" em cientistas que ousam propor pesquisas nessa direção porque entendem (os darwinistas) que isso seria misturar crença e ciência. Nem se dão ao trabalho que cogitar a possibilidade. As "hipóteses" criacionistas não são "tão certas assim" (quase tanto quanto as hipóteses darwinistas), uma vez que carecem de testes em vários aspectos. Mas duvido que a mídia científica, extremamente hermética como é, dê espaço para artigos que tenham o mínimo cheiro de criacionismo (ou de design inteligente, que eles acusam de outro tipo de criacionismo, evitando assim a discussão de suas propostas). O naturalismo filosófico impera nesse meio. E tudo que fuja dessa concepção é relegado ao ostracismo. Lembre-se de que Dawkins (e Crick diz algo parecido) insiste na idéia de que, embora haja evidências aparentes de design na natureza, os pesquisadores DEVEM TER SEMPRE EM MENTE que essas coisas evoluíram. Assim é difícil pensar diferente, não acha?

3. "Você não acha que toda essa chatice de ficar pesquisando temas já não teria sido encerrada se realmente se tivesse descoberto que o autor de toda essa obra fosse Deus, ou o ET de Varginha ou o "desenhista inteligente" ou qq outra coisa superior?"

R.: Não sei por que você (e outros) insistem em afirmar que o fato de aceitar/crer em Deus iria inibir a ciência. A fé de Newton, Galileu, Pascal e Pasteur, na verdade, os motivou a pesquisar. Muitos desses gigantes da ciência queriam entender como Deus criou as coisas. Jamais se conformaram com a "desculpa" de que as coisas são assim porque Deus criou e ponto final. Para mim, embora não seja cientista, a motivação para continuar aprendendo e pesquisando é a mesma: quero compreender o porquê das coisas, pois assim me aproximo ainda mais de Deus, compreendo Sua grandeza e utilizo/exercito o dom do conhecimento e da curiosidade com que fui dotado. A Bíblia nos estimula a pensar, a descobrir, a investigar. Dizer que os criacionistas são acomodados, isso sim é que é incompreensão.

4. "O que os cientistas pretendem em sustentar o modelo da TE se ele é falso e não tem nada de certo, conforme a sua concepção?"

R.: Em primeiro lugar, jamais disse que o modelo da TE "não tem nada de certo". Já escrevi aqui que concordo com vários aspectos da TE (como a seleção natural, por exemplo). Já disse, inclusive, que acredito que Darwin acertou no varejo, mas errou no atacado. Você está sendo extremamente generalista com essa pergunta. Agora, o que os cientistas darwinistas pretendem em sustentar esse modelo, creio que ao analisar essa questão perceberemos que há muito de subjetivismo na ciência que se pretende puramente empírica, mas não é.

5. "O que os cientistas pretendem com a 'pregação do ateísmo'; o que ganhariam em destruir as crenças religiosas?"

R.: Talvez a motivação da maioria dos cientistas não seja realmente a pregação do ateísmo, mas para muitos deles a idéia é bem conveniente. O afastamento da religião não ocorre em bases puramente científicas, é um fenômeno mais psicológico e filosófico/sociológico. Cientistas como Dawkins resistem a uma religião estereotipada. Mal compreendem a Deus e a Sua Palavra (sim, creio que a Bíblia é a Palavra de Deus) e se atrevem a criticá-los. Batem num espantalho epistemológico que eles mesmos criaram. Idéia freqüentemente carregada de traumas de infância, decepções com religiosos e coisas do tipo. Se conhecessem de fato e sem preconceitos o Deus bíblico, se abrissem a mente e o coração para a realidade espiritual (extrapolando os limites do naturalismo limitador), creio que teriam muitas surpresas e veriam que muitas aparentes contradições não passam de ilusões alimentadas pelo preconceito.