quinta-feira, maio 01, 2008

Veja “força a barra”, de novo

A revista Veja desta semana (21/12/2005) traz, nas páginas 108 a 110, uma matéria de Okky de Souza, com o título “Os mistérios que vêm do século I”, e o subtítulo “A história do Novo Testamento mostra por que sua interpretação depende da fé de cada um”.

Okky cita o livro Os Textos do Novo Testamento, do historiador norte-americano Luke Timothy Johnson: “É praticamente impossível saber quem de fato foi Jesus tomando como base apenas os Evangelhos porque eles foram escritos de acordo com a visão de seus autores sobre os acontecimentos.”

Graças a Deus, os evangelhos foram escritos “de acordo com a visão de seus autores”, já que esses escritores foram, em sua maioria, testemunhas oculares do que escreveram.

O texto da Veja, tentando mostrar as “contradições” da Bíblia, sustenta que, “caso se faça uma leitura literal dos Evangelhos, será possível deparar com várias contradições entre eles. Na versão do apóstolo Mateus para a Anunciação, quem recebe a visita do anjo é José, o noivo, e não Maria, a virgem. ‘Não temas receber Maria em tua casa. O que foi gerado nela provém do Espírito Santo’, diz-lhe o anjo”.

Francamente, isso é “forçar a barra”! Basta se dar ao trabalho de abrir a Bíblia, comparar os relatos de Mateus e de Lucas, e pronto. Cadê a incoerência?

Em Mateus 1:18-22, o evangelista simplesmente não cita a Anunciação (momento em que Gabriel anuncia a Maria que ela será a mãe do Salvador). Mateus informa que “um anjo do Senhor” apareceu a José, em sonho, explicando-lhe o porquê de Maria estar grávida, o que significa que Gabriel já havia feito o anúncio à virgem, antes do sonho de José.

É Lucas quem informa que Gabriel apareceu a Maria, primeiramente. Depois, Mateus 2:13 informa que o anjo do Senhor torna a aparecer a José, novamente em sonho, orientando-o a levar a criança e a mãe para o Egito.

Os evangelhos são relatos sobre a vida de Jesus com enfoques e estilos diferenciados. Alguns omitem certos detalhes que são cobertos por outros, o que não faz deles textos incoerentes.

Michelson Borges