sábado, junho 21, 2008

Reação dos leitores de Veja ao matemático ateu

Na semana passada, a revista Veja publicou uma entrevista capenga dando destaque às idéias estereotipadas de um matemático ateu. Nesta semana, traz a reação de alguns leitores. Leia-as abaixo:

John Allen Paulos é um matemático que tem a sua lógica atrelada aos princípios do filósofo francês René Descartes (Amarelas, 18 de junho). Desse modo, considera os fenômenos apenas nas suas especificidades, desconsiderando a totalidade em torno da qual se dão os acontecimentos. Assim sendo, limita-se às explicações mecânicas, reducionistas, as quais apresentam falhas quando se faz necessário explicar a harmonia e o equilíbrio do universo, que se comporta como autêntico ser vivo. A visão cartesiana é caracterizada pelo racionalismo. Penso, logo existo. O homem e a sua dimensão do visível, em que se levam em conta apenas o tempo e o espaço. A fé, pelo contrário, vem de uma visão holística da vida, que considera o universo como um todo indivisível, em que as partes desse corpo não podem ser explicadas separadamente. Essa totalidade que forma um conjunto perfeitamente harmônico não é completamente explicada pela ciência. O que se tem é o incompreensível. É o mistério inexplicável, em que apenas na dádiva da "fé" encontramos a verdadeira e divina resposta (Luiz Adriano Prezia Carneiro, São Bernardo do Campo, SP).

O matemático John Allen Paulos me pareceu apenas mais um exemplo do sapateiro que quer ir além das sandálias. No livro, o "furo lógico" que ele diz haver no argumento da causa primeira inexiste: ele suprime o termo "realidades sensíveis" (ver artigo 3 da questão 2 da Suma Teológica) e, para não admitir Deus como Causa Primeira, dá um salto de fé de fazer inveja a Abraão – o mundo sensível não teria causa, mas tudo que ele contém teria. Salto de fé presente, aliás, em todos os que crêem num universo regido por leis, mas provindo do caos e do acaso. Em seguida, Paulos tenta induzir o leitor a acreditar que Leibniz identificava Deus com as leis impessoais do universo e que se podem impugnar os argumentos a favor da existência de Deus apontando contradições nas idéias que o cidadão comum tem sobre Deus. Imagine julgar a teoria da relatividade pelo que o cidadão comum conhece dela (Thelmo de Araujo, Fortaleza, CE).

Entrevista clara e perfeita desde o título. As religiões em geral são filhas da ignorância e irmãs da arrogância e da intolerância, características responsáveis por grande parte das desgraças sofridas pela humanidade. John Allen coloca seus argumentos de forma objetiva e inovadora, utilizando a matemática como ponto central. No Brasil, infelizmente para nós, já estão utilizando o método matemático e, assim, pessoas com vocabulário em torno de vinte palavras exercem cargos públicos. E alguns são até religiosos (Ronaldo Manoel Fernandes, São Paulo, SP).

Argumentos que ateus como John Allen Paulos costumam usar contra a fé são, em geral, os mesmos que têm sido construídos contra o cristianismo desde o primeiro século. As respostas que apologetas (defensores da fé) cristãos têm dado são igualmente antigas. Ou seja, não há nenhuma novidade na argumentação, seja de um lado ou do outro (Miguel Augusto Rios, Goiânia, GO).

Leia o meu comentário aqui.