quinta-feira, julho 17, 2008

Veganos se queixam de campanhas apelativas

Johnny Diablo é vegano há 24 anos, mora em Portland, Oregon, e decidiu abrir uma casa de strip-tease diferente na cidade que abriga centenas dessas casas de entretenimento. Em Casa Diablo Gentlemen's Club, as refeições com carne foram substituídas por pratos a base de soja, e as dançarinas - em sua maioria vegetarianas - só usam roupas de couro sintético. "Meu único propósito no universo é salvar o máximo possível de criaturas da dor e do sofrimento", declara Diablo. Mas seu empreendimento tem recebido críticas, especialmente por parte dos veganos. "Táticas como essa podem até despertar a atenção das pessoas com respeito à crueldade para com os animais, mas pelos motivos errados", argumenta um vegano que não se identificou.

Um outro exemplo do mesmo gênero acontece em Los Angeles, onde há quem desaprove as Vegan Vixens, um grupo musical feminino que usa poucas roupas em suas apresentações e funciona como uma versão ecologicamente correta das Pussycat Dolls. Parte de seus shows são para arrecadar fundos para grupos de defesa dos animais.

Há também quem critique as campanhas da famosa ong PETA, conhecida internacionalmente por sempre chamar a atenção de todos mostrando alguma cena de protesto em que alguém aparece nu.

Isa Chandra, autora de livros de culinária, está entre as pessoas que desaprovam este tipo de campanha pró-vegetarianismo. "Como feminista, não aprecio a idéia de que corpos femininos sejam usados para promover a causa vegan, e não gosto da idéia de usar o veganismo para vender corpos femininos", defende.

As pessoas adotam uma dieta livre de produtos de origem animal por muitos motivos. Acreditam que ela seja mais saudável ou menos prejudicial ao meio ambiente e podem ainda defender os direitos dos animais.

A autora de The Sexual Politic of Meat, Carol Adams, diz que os direitos da mulher e os direitos dos animais muitas vezes apresentaram similaridades. "Muitas das feministas se tornaram vegetarianas", declara Adams, que abandonou as carnes em 1974, enquanto vivia em uma comunidade feminista em Cambridge, Massachusetts. Adams disse que as feministas estiveram entre as primeiras praticantes modernas do vegetarianismo. "Nos anos 70, muitas mulheres diziam que não queriam ser tratadas apenas como carne. Daí a não querer comer carne, era um passo", explica.

A presidente do PETA, Ingrid Newkirk, diz que a sexualidade atrai mais a atenção da sociedade do que qualquer outro tema. Ela diz ainda que usar a sexualidade feminina para atrair atenção ao veganismo é só um dos temas em debate na franca comunidade dos vegan. "Não é uma guerra civil, mas apenas uma diferença de opinião que as pessoas resolvem conversando", conclui.

(Vida Vegetariana)

Nota: Infelizmente, uma causa nobre (saúde e preservação do ambiente) acaba sendo divulgada por meios inadequados. A associação do erotismo com o vegetarianismo acaba lançando dúvidas sobre a seriedade da causa. Uma pena...[MB]

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