terça-feira, novembro 04, 2008

Programas de TV e gravidez na adolescência

Adolescentes que assistem muitos programas de TV com conteúdo sexual – sejam cenas ou diálogos – têm probabilidade duas vezes maior de engravidar nos três anos seguintes do que os jovens que assistem poucos desses programas, segundo um estudo da RAND Corporation publicado nesta segunda-feira pela revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria. O estudo americano é o primeiro a estabelecer uma relação direta entre a exposição de adolescentes a conteúdo sexual na TV e gravidez – tanto de meninas, como dos garotos que assistem aos programas e engravidam suas namoradas.

Para a pesquisadora Anita Chandra, que liderou o estudo, os “adolescentes recebem considerável quantia de informação sobre sexo através da TV e a programação normalmente não destaca os riscos e responsabilidades do sexo”. “Nossas conclusões sugerem que a televisão pode desempenhar um papel significativo nas altas taxas de gravidez adolescente nos Estados Unidos.”

No estudo, os pesquisadores acompanharam 2.000 adolescentes entre 12 e 17 anos de idade durante três anos. Os pesquisadores perguntavam sobre os hábitos televisivos e sexuais dos adolescentes. A análise é baseada nos resultados de cerca de 700 participantes que haviam iniciado suas atividades sexuais nesse período e falaram de seu histórico de gestações.

As informações sobre os hábitos televisivos foram combinadas com os resultados de outra análise sobre programas de televisão para determinar a freqüência e o tipo de conteúdo sexual a que os adolescentes estão expostos quando assistem TV.

Para os pesquisadores, o conteúdo sexual dos programas pode influenciar a taxa de gravidez na adolescência ao criar a percepção de que relações sexuais sem a proteção anticoncepcional oferecem pouco risco, e estimulando jovens a se iniciar sexualmente mais cedo.

Os pesquisadores se concentraram em 23 programas, que incluíam dramas, comédias, reality shows e programas de auditório. “A quantidade de conteúdo sexual na televisão dobrou nos últimos anos, e há pouca representação de práticas seguras de sexo nesses programas”, diz Chandra. “Apesar de ter havido algum progresso, os adolescentes que assistem televisão ainda vão encontrar pouca informação sobre as conseqüências de práticas sexuais sem proteção entre os muitos programas mostrando sexo.” ...

Chandra afirma que a televisão é apenas parte da dieta midiática dos adolescentes. “Nós também devemos investigar o papel das revistas, da internet e da música”, afirmou. ...

(BBC Brasil)