quinta-feira, novembro 27, 2008

Tataraneto de Darwin não entende de criacionismo

O Estadão publicou entrevista com o tataraneto de Charles Darwin, o conservacionista Randal Keynes, que está pela primeira vez no Brasil, refazendo os passos do “pai” da teoria da evolução pelas florestas tropicais fluminenses – ou o que sobrou delas. Darwin passou três meses no Rio de Janeiro, entre abril e julho de 1832, e fez uma expedição de 15 dias sobre sela de cavalo e lombo de mula até Conceição de Macabu, no norte do Estado. Leia alguns trechos de entrevista:

Qual foi a importância do Brasil e do Rio de Janeiro para Darwin?

Foi imensa. O Brasil foi o primeiro lugar em um continente que ele visitou na expedição do Beagle. Foi aqui, no Rio, que ele viveu sua primeira experiência em uma floresta tropical “completa”. Ele adorava ir e voltar da mata, mergulhar no seu silêncio, na sua incrível diversidade de plantas, insetos e animais.

Ele já pensava sobre a teoria da evolução quando estava aqui?

Não. Naquela época ele ainda acreditava na “verdade literal” do Gênese. Ele não tinha a menor idéia de que poderia desenvolver uma teoria na qual as espécies mudam no tempo.

Ele era um criacionista, então?

De certo modo, sim. Ele teve uma experiência muito importante no Brasil, que foi presenciar, de fato, a riqueza e a diversidade da vida nas florestas tropicais - coisa que ele só conhecia dos livros. Isso lhe deu um novo senso sobre a força criativa da natureza, que é o que dá origem à biodiversidade e que, mais tarde, se tornaria a base de sua teoria. (...)

O senhor esperava uma recepção tão calorosa e numerosa aqui?

Confesso que não. Estou emocionado com as boas-vindas, com o interesse das pessoas por Darwin e com o orgulho que elas sentem pelo fato de ele ter estado aqui. É muito bom ver os professores ensinando seus alunos sobre a evolução e sobre o mundo natural. Estou muito impressionado com a visão positiva que as pessoas têm de Darwin aqui.

Ainda assim, o embate entre criacionismo e evolução continua forte. O senhor acredita que essa discussão se resolverá um dia?

Tomara que sim, mas não tenho esperanças reais de que isso aconteça. Isso mostra o quão difícil ainda é para os seres humanos aceitarem suas raízes animais e sua relação com o mundo natural.

Nota: Keynes, assim como a maioria dos darwinistas fundamentalistas, não entende que os criacionistas não são fixistas e que, portanto, aceitam a biodiversidade e a variação entre os animais, até certos níveis taxonômicos limitados. A seleção natural explica bem a sobrevivência dos “mais aptos”, mas não explica como esses seres mais aptos surgiram ou evoluíram de “ancestrais mais simples”. E muito menos explica a origem da complexa informação genética. A última frase de Keynes revela bem a proposta evolucionista: macaquizar o homem e humanizar o macaco. Assim, o ser humano não é a “imagem e semelhança” de Deus; não responde a uma autoridade superior; as leis morais são mera convenção social – e o mundo está como está também por causa disso. Depois não reclamem.[MB]