segunda-feira, dezembro 15, 2008

Para Tuffani, o debate é necessário

Em sua postagem “A torre de marfim e o risco de macaquear o evolucionismo”, o jornalista especializado em ciência e meio ambiente Maurício Tuffani (ele também foi editor-chefe da revista Galileu) argumenta que “o recente confronto entre criacionistas e o evolucionistas no Brasil está rendendo nos meios de comunicação muitas manifestações que pouco colaboram para um debate de idéias. Mas também têm acontecido algumas interessantes e pedagógicas contraposições de argumentos. Na praticamente absoluta falta de iniciativas acadêmicas para um embate entre os dois lados dessa polêmica, a imprensa, os blogs e outros espaços na internet se tornaram o meio viabilizador para ele”.

Ele diz mais: “Ninguém espera que essas discussões cheguem a um consenso. Mas, independentemente da posição de cada um nessa polêmica, para aqueles que se esforçam em manter um mínimo de honestidade intelectual, essa é uma oportunidade para aprender o que é e o que não é válido em questões que envolvem ciência e religião.”

Na contramão de figuras como Richard Dawkins e Marcelo Leite (Folha), Tuffani diz que “o encastelamento na torre de marfim, com a recusa em participar do debate público nos meios de comunicação, pode ser a maior armadilha que muitos evolucionistas estejam a armar para o próprio evolucionismo”.

No fim de seu texto, Tuffani escreveu: “Ao ser reproduzida no Observatório da Imprensa, minha postagem anterior sobre este tema recebeu muitos comentários, entre eles do jornalista Michelson Borges, editor do site Criacionismo.com.br e da Casa Publicadora Brasileira, uma das 56 editoras pertencentes à Igreja Adventista do Sétimo Dia. No primeiro desses comentários, Borges me atribuiu uma ‘posição equilibrada e não beligerante’. Agradeço pelo elogio, que recebo como um reconhecimento de minha determinação em tentar a todo custo compreender diversos pontos de vista, mas não creio ter uma posição equilibrada. Prefiro a idéia da harmonia por meio do confronto entre os contrários.”

Admiro o Tuffani desde que ele trabalhava na Folha de S. Paulo, quando publicou, em 13/12/1998, uma extensa reportagem no caderno “Mais!” intitulada “Extremos da evolução” (guardo esse caderno até hoje como documento). Numa das matérias está a franca admissão de John Maynard Smith, ao descrever a controvérsia entre dois expoentes evolucionistas (Dawkins e Gould): “Por causa da excelência de seus ensaios, [Gould] tornou-se conhecido entre não-biólogos como o mais destacado teórico da evolução. Em contraste, os biólogos evolucionistas com quem discuti seu trabalho tendem a vê-lo como um homem cujas idéias são tão confusas que quase não vale a pena ocupar-se delas, mas alguém que não se deve criticar em público por ao menos estar do nosso lado contra os criacionistas.”

Continuo discordando do Tuffani em muitos pontos. Mas numa coisa estamos de acordo: o debate educado e o diálogo honesto são bem-vindos, tanto nos domínios da ciência quanto no da religião.