sábado, fevereiro 07, 2009

Época foi menos darwinlátrica

A revista Época desta semana ousou manchar um pouquinho a festa darwinlátrica ao homem que, segundo seus seguidores, teve a maior ideia científica de todos os tempos. Note o que ela publicou (com breves comentários meus entre colchetes, além da conclusão logo abaixo): "Para Darwin, igual em importância à seleção natural estava o conceito da árvore da vida. E ela está sob forte ataque. O ataque não parte do criacionismo, o movimento que repudia a seleção natural [não é bem assim] e defende a interpretação literal da origem bíblica do homem. Ele parte de um grande número de cientistas [como se não houvesse cientistas criacionistas].

"A árvore da vida surgiu em 1837. Fazia dez meses que o jovem naturalista Charles Robert Darwin, de 28 anos, retornara de uma viagem de cinco anos pelo mundo a bordo do brigue Beagle, onde reuniu uma enorme coleção de animais, plantas, fósseis e insetos. Era julho. Darwin trabalhava em sua casa quando teve uma faísca. Em uma página de seu caderno de anotações, escreveu: 'Eu acho.' Logo abaixo, fez o rascunho da árvore da vida. Foi a primeira vez que usou o conceito da árvore evolucionária para explicar as relações entre as espécies. Darwin percebeu que as dezenas de milhões de espécies que habitam ou habitaram o planeta descenderiam de um antigo Ancestral Universal Comum, que ficaria na base da árvore. Dele desponta um tronco, que se divide e vai criando ramificações. Cada ramo representa uma espécie. Quando ele se bifurca, surgem novas espécies.

"'Sob a figura de uma grande árvore (...) os ramos e gomos representam as espécies existentes; os ramos produzidos nos anos precedentes representam a longa sucessão das espécies extintas', escreveu Darwin, em A origem das espécies. Desde sua publicação, a árvore da vida é o princípio unificador da história da vida. Por 150 anos, biólogos e paleontólogos preenchem sua copa, identificando os seres vivos e extintos de cada ramo. (...)

"Nos anos 1990, passou a ser possível investigar a evolução no nível dos genes. Aí as coisas se complicaram. A comparação dos genomas do homem com os do chimpanzé mostrou que 98,5% dos genes são idênticos [não é bem assim], como seria esperado em duas espécies que se separaram, na árvore da vida, há tão pouco tempo. Mas como explicar a existência de trechos de DNA de cobra no genoma do gado? Bois são mamíferos e cobras, répteis. Mamíferos e répteis, descendentes de um mesmo ancestral anfíbio [sic], trilharam caminhos separados há 250 milhões de anos [sic]. Outros estudos revelaram anomalias parecidas em plantas, insetos e peixes. Havia algo de podre no reino evolutivo."

E a matéria termina aqui, sem maiores explicações. Na verdade, os criacionistas já previam que a "árvore de Darwin" estava mais para gramado, com muitas espécies criadas num momento específico (explosão cambriana?), tendo algumas delas sofrido variação ao longo do tempo e outras se tornado extintas.