terça-feira, abril 21, 2009

Cenas da vida real (e triste)

Domingo, pela festa que fizeram em minha rua, carros buzinando e foguetes pipocando no céu, pude saber que algum time (realmente não sei qual) venceu alguma partida importante. Posso parecer um "ET" ao dizer isso, mas não tô nem aí. Sempre digo que não tenho nada contra futebol (a não ser contra os fanáticos por futebol, aqueles que negligenciam coisas importantes e só têm entusiasmo para falar do "time do coração", e de quase nada mais), mas que esse "pão e circo" moderno (à semelhança das novelas e BBBs) pode alienar, isso pode. Quando viajo de férias com minha família, quase sempre tenho que ouvir as manifestações de extremo otimismo vindas de um parente bem próximo que recusa conhecer a vontade de Deus para este planeta. Segundo esse parente, num futuro próximo, o ser humano acabará com todas as doenças (talvez até conquistará a imortalidade); todas as guerras serão coisa do passado; a fome vai desaparacer; as pessoas serão educadas e saberão votar com consciência; etc., etc., etc.

Não nego que certa dose de otimismo seja necessária, mas a base para esse otimismo faz toda diferença. Confiar no ser humano? Milênios de vida neste planeta rebelde já não nos ensinaram que isso é, no mínimo, temerário? De que adianta equipar de tecnologia avançada um ser cujo coração é naturalmente corrupto? Quando eu era adolescente, na segunda metade dos anos 80, alimentávamos muitas esperanças em relação ao ano 2000. Pois é, ele já passou há quase uma década (meu Deus, como o tempo voa!) e o que temos hoje? Guerras, fome, doenças e - tá bom - medicina avançada, mas para poucos.

A esperança é necessária, mas se estiver alicerçada nas areias movediças deste mundo e seus sistemas rotos, infelizmente, levará a lugar nenhum. É fácil falar de esperança quando nossa consciência e visão da realidade estão ofuscadas pela festa, pelos passatempos, pela diversão do pão e circo de cada dia. É fácil dizer que a humanidade tem solução, quando escrevemos isso em escritórios com ar condicionado, escondidos e protegidos atrás de modernos monitores de LCD. A vida real é diferente disso e muita gente vive nela. Para elas, essa esperança artificial de nada serve. O estômago dói agora. A doença e a miséria oprimem agora. E quantos estão dispostos a levar esperança real para elas?

Hoje recebi e-mail de um amigo que partilhou comigo parte de seu testemunho de vida. Quer conhecer um pouco de vida real? Leia os trechos a seguir:

"Sabemos, Michelson, que o pecado traz somente dor e infelicidade aos seus autores, resultando, finalmente, em morte. Porém, suas consequências costumam ser mais devastadoras sobre pessoas humildes - mental e psicologicamente indefesas. Sei disso porque vivi minha infância em favelas. Tive conhecimento de histórias nas quais uma pessoa civilizada dificilmente acreditaria - e às vezes até as testemunhei. Mas vou contar-lhe uma delas...

"Havia uma senhora que era amiga de minha avó e tentava frequentar a igreja adventista em Ceilândia Sul (DF), em meados dos anos 70. Digo 'tentava' porque o marido a perseguia, espancava-a, rasgava-lhe a Bíblia e o hinário. Esse esposo violento possuía, inclusive, uma ficha corrida de causar orgulho a Satanás: fornicara com a própria mãe, emprenhara a irmã (que ocultou a gravidez como pôde e pariu escondida em uma casinha com fossa séptica, estrangulando o recém-nascido com o cordão umbilical); e o celerado ainda aguardava, ávido, pela entrada da filha única na puberdade. Dos filhos dessa sofrida mulher, o mais velho assimilou os maus tratos e os maus exemplos do pai – tornou-se assaltante e estuprador, e após inúmeros crimes foi parar na cadeia, onde se tornou escravo sexual dos outros detentos; o filho do meio viciou-se em drogas e morreu em um acidente de moto; a filha foi deflorada pelo pai; o filho caçula, ainda de colo, morreu de meningite, em uma época em que o regime militar, como a rede pública de saúde estava despreparada, abafou os rumores da epidemia. Um único filho vingou: tornou-se cidadão trabalhador e integrado à sociedade.

"Um dia, já nos idos dos anos 80, o tal marido passou a frequentar uma dessas seitas neopentecostais liberticidas, ao melhor estilo pagou-pecou. Evangélico, nem assim permitiu que a esposa voltasse à igreja adventista: continuava a bater nela, agora 'em nome de Jesus'. Depois que me mudei para Curitiba, nunca mais soube deles."

Bem, lamentavelmente, esse é um breve retrato da vida real e triste que muita gente vive. E o cerne do problema é apontado claramente no e-mail do meu amigo: o pecado. Podem mudar os sistemas, as épocas, a cultura, mas se o problema real da humanidade não for atacado e resolvido pelo único que pode resolvê-lo, nada mudará de verdade. A solução para o mundo é Jesus. Ele é a verdadeira esperança, pois é capaz de mudar o coração; mudar as pessoas de dentro para fora. Jesus não maquia a realidade - Ele a subverte a nosso favor; melhor, Ele transforma a nossa realidade interna para que sejamos portadores de Esperança. Quando as pessoas vão se dar conta disso? Quando vão abandonar as fábulas para dar ouvidos à Esperança.

Você também já perdeu a esperança neste mundo, nas pessoas, na vida? Deixe-me dizer-lhe que a Esperança existe, pois ela se trata de um Deus vivo. Abra o coração para Ele.

Michelson Borges