segunda-feira, maio 11, 2009

O pai terá orgulho dele


No sábado passado, o estudante de Teologia Moisés Biondo concluiu na igreja em que frequento, em Tatuí, uma abençoada semana de oração com foco na família. A cada noite e nas duas manhãs de sábado, Moisés tratou de temas diferentes que dizem respeito a relacionamento conjugal, sexo, educação de filhos, entre outros. Todos os anos, dezenas de formandos em Teologia se dirigem a várias partes do Brasil para realizar essas programações especiais. Assim, beneficiam as igrejas e aperfeiçoam os dons que lhes serão indispensáveis no ministério.

Para minha família e nossa igreja em Tatuí, de modo especial, foi um grande prazer ter conosco o futuro pastor Moisés e a esposa dele, a pedagoga Fernanda. Pude acompanhar parte da trajetória do então adolescente de Boituva até seu chamado para estudar Teologia. Lideramos por um tempo a igreja daquela cidade e o Moisés e sua família são irmãos de fé queridos. Mas vou deixar que ele mesmo conte a história de como ele entendeu que a vida cristã é coisa séria:

“No evangelho de Marcos, capítulo10, do versículo 46 ao 52, lemos o relato da história de Bartimeu, que num determinado episódio de sua vida clamou a Jesus por misericórdia e foi atendido imediatamente. Também tive, em minha vida, o momento de clamar a Jesus por perdão, por misericórdia. E quero agora compartilhar essa história com você.

“Quando criança, fui aquele garoto que aprendeu a conviver com dois extremos opostos, duas realidades. De um lado, conflitos pessoais, indiferença e rejeição faziam parte de minha infância sofrida; de outro, era aquele amigo querido, aquele garoto inteligente de quem todos gostavam de estar perto. Na escola, era um exemplo; na igreja, aprendi os ensinamentos bíblicos. Mas cresci e os conflitos também aumentaram.

“Tornei-me oficial da igreja, e os irmãos nada sabiam dos meus conflitos. Eles ‘apostavam’ em mim e me colocaram em vários cargos de responsabilidade, mesmo tão jovem. Por outro lado, fui me cercando de ‘amigos’ e ‘amigas’ não-cristãos que me influenciaram a cometer vários atos pecaminosos de uma vida desregrada.

“Eu era um jovem dividido entre a santidade e os prazeres carnais; a consagração e a perversão; entre o Céu e o inferno, a salvação e a perdição. Cheguei ao ponto de estar na igreja no sábado pela manhã, participando da Escola Sabatina e do Culto, mas pensando no futebol à tarde e no ‘agito da balada’, à noite.

“Foi quando no auge do meu conflito, no momento em que sentia o dever de tomar uma decisão entre o bem e o mal, algo de muito trágico aconteceu. Meu pai, Joaquim Biondo, que por muitos anos havia sido o líder da Igreja Adventista de Boituva e havia batalhado pela construção de um templo grande e bonito, que existe hoje, veio a falecer ao cair do telhado do tão sonhado templo. Mas hoje eu não vou falar sobre esse homem de Deus que dedicou a vida à obra do Senhor (quem sabe noutra oportunidade); quero, sim, voltar a falar do filho, o jovem protagonista deste artigo.

“Meu pai e eu não tínhamos um relacionamento perfeito, porém, cresci ao seu lado, estávamos juntos na pescaria, no campo de futebol, na igreja, em casa e, principalmente, no trabalho, onde o acompanhei desde muito pequeno. Porém, ao assistir a queda fatal, ver meu pai caindo da altura que caiu dentro da igreja, quase em cima de mim, eu não sabia o que fazer. O que fiz foi sair correndo pela rua em busca de socorro. Encontrando, voltei e vi meu pai numa poça de sangue. Era meu pai! Mas era servo de Deus, Deus iria livrá-lo, pensava eu. Ao seguir com ele na ambulância, no interminável trajeto até o hospital, segurando-o em meus braços, percebi que somente Deus poderia livrá-lo da morte. E então briguei com Deus. Exigi dEle alguma atitude que salvasse a vida do meu pai. Tive até a sensação de que Deus queria mostrar no momento mais crítico, quando toda a família tivesse reunida em desespero, que Ele operaria um milagre. Mas isso não aconteceu, e para minha maior decepção, no fim da tarde de 14 de abril de 1998, meu pai faleceu.

“Uma dor chamada saudade fazia questão de lembrar o som de voz dele, os momentos felizes que passamos juntos. Ah, amigo, como dói perder o pai!

“Apesar de ver e sentir a proteção, o amor de Deus por mim e minha família, ainda não havia me decidido na escolha entre que é certo e errado. Continuava com a vida ‘dupla’. Uma vida de pecados. Perdido dentro da Igreja.

“Foi numa semana de oração em minha igreja, tocado ao ouvir as mensagens apresentadas pela oradora (Maíza Netz), que ouvi o chamado de Jesus. Percebi minha cegueira, a necessidade de clamar, a exemplo de Bartimeu, em oração: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”

“Ajoelhado, clamei. E naquele instante tive a certeza de que Jesus me perdoara. E, também, à semelhança de Bartimeu, ouvi Jesus me perguntando: ‘O que queres que Eu te faça?’ E, sem demora, respondi: ‘Quero ser salvo!’Quero Te ver, Senhor, voltando em glória para me buscar!’

“Hoje eu sigo a Jesus, o meu Redentor que vive para sempre, na certeza de que O verei vindo em glória, levantando-Se sobre a Terra. Ainda que eu também morra, naquele Dia Ele vai me ressuscitar juntamente com meu pai e todos aqueles que O aceitaram como Salvador.

“Essa é minha certeza, minha esperança! Que seja a sua também.”