domingo, julho 05, 2009

O embaixador da ciência (ateia)


Quanto menos quero falar do Richard Dawkins, mais a imprensa me "obriga". Deu na Veja desta semana: "Sóbrio, rigoroso nas suas respostas, Dawkins às vezes se mostra sarcástico – em particular, quando ataca seu alvo preferencial, a religião ... [Ele] diz que não se tornou biólogo porque gostava de animais ou plantas. 'Devo confessar que nunca fui um grande naturalista. Só desenvolvi isso ao longo dos anos. Minha motivação inicial no estudo da biologia foi filosófica', diz. Sua curiosidade voltava-se para o que ele chama de 'grandes pergunta': Por que existe vida? Como ela surgiu na Terra? E suas respostas provêm de uma fonte fundamental: o pensamento de Charles Darwin (este, sim, um naturalista nato). Dawkins, de 68 anos, é hoje o maior divulgador mundial do darwinismo [aqui Veja acerta, mas no título, não. Dawkins tem populatizado o ultradarwinismo, mas não necessariamente a ciência, até porque não tem feito ciência há um bom tempo].

A matéria diz que "nas últimas décadas [Dawkins] se afastou da pesquisa direta para se dedicar à promoção da ciência. Hoje aposentado, Dawkins foi, de 1995 a 2008, o primeiro ocupante da cátedra de Compreensão Pública da Ciência, estabelecida em Oxford com fundos doados pelo húngaro-americano Charles Simonyi, ex-empresário e programador da Microsoft. 'Sou uma espécie de embaixador da ciência', diz Dawkins." [Humilde o homem, né? A verdade é que ele pode ser considerado o propagandista da ciência ateia, isso, sim.]

"Os livros de Dawkins sempre reservaram farpas para a religião (e em especial para os criacionistas). Mas a cruzada contra a fé passou a ocupar o centro de suas atividades desde o lançamento de Deus, um Delírio, em 2006. O cientista [que não faz ciência] apoiou a campanha que colocou cartazes nos tradicionais ônibus vermelhos de Londres com os dizeres 'Deus provavelmente não existe. Então pare de se preocupar e aproveite a vida'. Sempre combativo, o biólogo não admite nenhuma solução de compromisso que reserve lugares distintos para a ciência e a religião [portanto, ele condenaria os pais da ciência como Galileu, Copérnico e Newton, aos quais deve sua polpuda conta bancária]. 'Ao contrário do que muitos afirmam, os dois campos se interpõem, sim. A visão religiosa do universo, a ideia de que o universo tem um criador – isso é, a seu modo, uma teoria científica, embora equivocada', diz. Na perspectiva de Dawkins, portanto, promover o ateísmo é também uma forma de dar seguimento à sua principal missão: divulgar a ciência." [Que mistura forçada, Veja! Agora, divulgar o ateísmo é promover a ciência?! Ignoram o fato de que a ciência experimental nasceu, na verdade, num contexto cristão protestante.]

Pelo jeito, minha pergunta continuará no ar: Até quando Veja e as outras semanais brasileiras continuarão incensando ateus ultradarwinistas como Dawkins e ignorando cientistas que pensam diferente e que, ao contrário do britânico, fazem ciência, como Michael Behe (A Caixa Preta de Darwin) e Marcos Eberling (Unicamp)? É mais um exemplo de mau jornalismo - com ou sem diploma.[MB]