quinta-feira, agosto 27, 2009

A elite dos cientistas e a crença em Deus

Em vários dos seus livros para consumo popular, Carl Sagan (1934–1996) se mostra surpreso com a necessidade da busca de Deus pelo homem contemporâneo. Ele achava a ciência tão maravilhosa que não via necessidade de mais nada. Os fenômenos da criação evolucionista estão à nossa disposição, belezas eternas para serem admiradas sem a necessidade de fé no sobrenatural. Ele não fazia a mínima ideia de como vivemos nós, pobres mortais. Sendo um expoente da ciência, um astrônomo mundialmente conhecido, podia viver em um patamar de deslumbramento que poucos alcançam. Estranho que um homem tão inteligente não tenha percebido que era um privilegiado, alguém especial, absorto dia e noite com os mundos distantes, e que o complemento fama e fortuna o empurraram para mais distante ainda de uma vida espiritual. Nós não vivemos assim. Vivemos cada dia de uma maneira mais ou menos sofrida. Não nos alçamos em voos extraordinários por outras galáxias.

Richard Dawkins (que esteve em Parati, na Flip) é outro cientista famoso, mas sem as qualidades de suavidade e humildade de Sagan. É um militante pela causa do ateísmo. No seu livro Deus, um Delírio, ele se mostra intolerante e rude. Teve a insensatez de propor a mudança do nome de “ateu” para “ILUMINADO”, o que pressupõe chamar de “APAGADO” quem acredita em Deus. Os autores do livro O Delírio de Dawkins (Alister McGrath e Joanna McGrath) nos dizem ainda mais sobre o seu comportamento agressivo: “Educar as crianças dentro de uma tradição religiosa é uma forma de abuso infantil.” O radicalismo inconsequente não é um privilégio dos tolos, afinal. Religião pode trazer um comportamento mais sociavel, e a esperança em outra vida ajuda na procura da felicidade. Não cabe aqui, nesta pequena nota, tratar da questão, mas a China é um dos poucos lugares do mundo onde o povo não acredita em Deus. Os valores são todos materiais, e o chinês é flagrantemente infeliz. Uma elite, uma minoria pode ser ateia, mas 1 bilhão de pessoas é um problema e tanto.

Alister e Joanna McGrath nos dão uma amostra do mundo científico em relação a Deus: “Em 1916, cientistas diligentes foram inquiridos sobre se acreditavam em Deus, especificamente num Deus que Se comunica de modo zeloso com a humanidade e a quem se possa orar na expectativa de receber uma resposta. Os deístas não acreditam num Deus segundo essa definição. Os resultados ficaram famosos: grosso modo, 40% acreditavam nesse tipo de Deus, 40% não, e 20% não tinham certeza.” Valendo-se dessa mesma pergunta, a pesquisa foi repetida em 1997 e resultou quase exatamente no mesmo padrão, com um leve aumento dos que não acreditavam (chegando a 45%). O número dos que acreditavam em Deus permaneceu estável, em torno de 40%.

Esses dados foram uma grande surpresa para mim. Pensei que os cientistas ateus fossem maioria esmagadora. O diretor do Projeto Genoma, Francis Collins, é cristão. Outro choque. Ele é considerado o maior biólogo vivo, e trabalha com o estudo do DNA, que é o código de hereditariedade da vida. Collins foi o responsável pelo mapeamento do corpo humano. Muitos outros exemplos de cientistas que acreditam em Deus estão no livro dos McGrath.

Aqueles que estiverem interessados em ver como ciência do mais alto nivel não exclui caminhar junto com a crença em um Deus misericordioso, podem consultar: O Delírio de Dawkins, Alister McGrath & Joanna McGrath, editora Mundo Cristão, 2007, A Linguagem de Deus, Francis Collins, editora Gente, 2007, Cristianismo Puro e Simples, C.S.Lewis, editora Martins Fontes, 2005 [e as dicas de leitura deste blog].

(Claudio Mafra, Reflexões Radicais)