domingo, setembro 13, 2009

Álcool + busca pela magreza = tragédia

Deu na IstoÉ desta semana: "A busca incessante pela magreza acaba de ganhar um perigoso aliado: o álcool. São cada vez mais comuns os casos de pessoas que substituem as refeições por bebida alcoólica, na tentativa de emagrecer. A prática, conhecida como alcoolrexia ou drunkorexia (derivada da palavra drunk, que significa bêbado), vem ganhando adeptos entre jovens de 20 a 35 anos e enchendo os consultórios de psiquiatras. As doses são sempre de destilados - cerveja, que incha, está fora de cogitação. (...)

"Embora ainda sem reconhecimento oficial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença, que é um misto de alcoolismo com anorexia, assusta. 'São dois males que, sozinhos, já são complicados de tratar', afirma Maria Clara Mansur, presidente da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares. Para ela, o que leva o jovem à alcoolrexia é um misto de complacência social com o álcool e glamourização da magreza. 'Tomar porre e ser magrinho é um imperativo cultural mundial', diz. 'E é chique acabar em um centro de reabilitação.' (...)

"'Quando bebo, em vez de comer, eu anestesio a fome', revela D.M. Fisicamente, substituir uma refeição por uma dose de uísque tem consequências devastadoras. Os problemas vão do comprometimento do sistema imunológico ao digestivo. 'Comecei a perceber que meus cabelos estavam caindo e minhas unhas quebrando', explica A.M., 36 anos, que sofreu com a alcoolrexia até 2003. 'Desenvolvi um problema hepático que me acompanha até hoje', diz. Segundo o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, por ingerir, em média, menos de mil calorias por dia, o drunkoréxico perde tônus muscular e sofre com graves distúrbios estomacais. 'É um verdadeiro desastre', diz a nutricionista Adriana Kachani, do Hospital das Clínicas de São Paulo. O corpo, acostumado a funcionar com proporções semelhantes de carboidratos, proteínas e gorduras, passa a operar apenas com os carboidratos do álcool.

"Mas, como em todos os vícios, as pessoas só reconhecem que estão doentes quando estão muito mal. 'A pessoa precisa tomar um susto para buscar tratamento', conta o psiquiatra Marcelo Niel, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade de São Paulo. Enquanto em 2008 ele atendeu apenas dois pacientes com o problema, nos primeiros seis meses de 2009 recebeu nove. 'É um fenômeno muito novo', reconhece Niel. 'Mas o número de casos está aumentando.'"