segunda-feira, outubro 19, 2009

Fé no aquecimento global e no darwinismo

Em abril deste ano, o jornalista Marcelo Leite publicou o artigo “Ciência paranormal”, reproduzido no Jornal da Ciência. Talvez como nenhum outro até então, ele deixa evidente (mesmo sem querer) a polarização ECOmenismo/darwinismo versus criacionismo/sábado do quarto mandamento da Lei de Deus. Leia aqui alguns trechos [com meus comentários entre colchetes]:

“Após quase três décadas de jornalismo científico, nas quais esse campo deu um salto notável, é desanimador encontrar a imprensa ainda vulnerável ao assédio de grupos marginais [ou seria ‘criminosos’, como sugeriu Marcelo Gleiser?] que, na falta de melhor nome, caberia caracterizar como ‘ciência paranormal’ [a mesma insistência em blindar o darwinismo – e agora o ECOmenismo – de discussões por classificar seus oponentes de religiosos ou “paranormais”]. Não se trata bem da pseudociência tradicional, daquele tipo fraudulento que vende barbatana de tubarão ou cogumelo solar como a última palavra da pesquisa. Refiro-me aos cruzados que se empenham no assalto à ciência natural estabelecida.

“À frente marcham os céticos do aquecimento global – mais bem-sucedidos em suas incursões midiáticas – e da evolução por seleção natural – menos ouvidos por jornalistas, mas com maior inserção social por meio de igrejas e seitas. (...) [sempre achei que fosse bom alimentar certo grau de ceticismo para não crer cegamente em tudo o que a mídia apresenta. Parece que os “crentes” hoje estão do outro lado...] Sua tática tem por alvo a noção de ‘ciência estabelecida’. O nome pode ser ruim, mas designa uma coisa boa: o estado da arte do conhecimento, conjunto variável de explicações sobre o mundo natural apoiado em observações e aceito pela comunidade mundial de pesquisadores. O consenso muda o tempo todo, mas mantém um núcleo que Thomas Kuhn chamou de ‘ciência normal’. Esta sobrevive até que observações discordantes se acumulem a ponto de desencadear a famosa ‘mudança de paradigma’. As teorias são abandonadas ou radicalmente transformadas, dando origem a outra ciência normal. [É curioso ver Leite citando Kuhn e sua ideia de revoluções na ciência. O mesmo Kuhn diz que, muitas vezes, pela teimosia dos proponentes de um paradigma, é necessário que aquela geração de teóricos e cientistas morra para que o paradigma mude. Como o darwinismo pode mudar se seus defensores não parecem dispostos a discutir e hostilizam todos aqueles que ousam apontam a insuficiências epistêmicas do modelo?]

“Os cruzados do clima e do criacionismo se tomam por cavaleiros do novo paradigma, em investida contra o moinho climático e darwiniano. Promovem qualquer artigo obscuro a resultado discordante que vai derrubar a ciência normal. Alegam censura e repressão, quando sua ‘ciência’ não é reconhecida (como a ‘teoria’ do design inteligente). [E o que dizer do número crescente de Ph.Ds que assinaram a lista Scientific Dissent From Darwinism? E como assim “sua ciência”? Pensei que a ciência fosse apenas uma, a empírica, experimental. Como sempre, os ultradarwinistas tentam fazer parecer que darwinismo é sinônimo de ciência, ao passo que criacionismo e mesmo o design inteligente são religião ou metafísica.]

“Outra tática empregada é apresentar como prova de refutação as lacunas e incertezas inerentes ao conhecimento científico. Os evolucionistas não têm uma explicação completa da origem bioquímica da vida, portanto estão errados. Modelos climáticos não passam de simulações, portanto seus resultados são inservíveis. O mantra dos céticos do aquecimento é acusar o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) de ignorar a variabilidade natural do clima. Segundo os cavaleiros do paradigma, o painel da ONU menospreza influências como as variações na radiação solar resultantes dos ciclos de atividade da estrela, ou como vulcões e raios cósmicos.” (...)

Nota: Por que será que, à semelhança dos cientistas criacionistas, os pesquisadores que criticam o IPCC e o alarmismo em torno do aquecimento global são igualmente hostilizados? Por que será que ocultistas, certos cientistas e o vaticano têm dado as mãos tão abertamente para “salvar o planeta”? Aos poucos, todos eles vão concordando num ponto, especialmente: o descanso dominical poderá salvar a Terra da destruição. O ECOmenismo parece ser o cimento que faltava para unir a todos em torno da observância do falso dia de guarda. Do outro lado, em oposição natural (porém não desejada ou alimentada), estarão os criacionistas guardadores do sábado, o único dia abençoado e santificado pelo Criador (Gn 2:1-3; Lc 4:16), por isso mesmo tido como memorial da Criação. Com o tempo, essa polarização ficará mais evidente e os ânimos, mais exaltados. Quem viver, verá.[MB]