quinta-feira, novembro 12, 2009

Terra absorve mais gás carbônico do se pensava

Novos dados indicam que os ecossistemas e oceanos da Terra têm capacidade muito maior de absorver gás carbônico do que demonstravam os estudos científicos feitos até então. A pesquisa, feita na Universidade de Bristol, na Inglaterra, mostra que o equilíbrio entre a quantidade do gás em suspensão na atmosfera e a que é absorvida se manteve praticamente constante desde 1850, apesar das emissões causadas pelo homem. No mesmo período, as chamadas emissões antropogênicas saltaram de 2 bilhões de toneladas anuais em 1850, para 35 bilhões de toneladas anuais atualmente. Ou seja, a natureza teria absorvido virtualmente todo o excesso de gás carbônico emitido pelo homem.

Ao contrário da maioria dos estudos climáticos sobre o tema, sobretudo os que balizam as decisões do IPCC, este não se baseou em modelos de clima computadorizados [que dependem da correta alimentação de dados], mas em dados de medições históricos reais, coletados diretamente, e em estatísticas.

O estudo não é o primeiro a desafiar as conclusões do IPCC – veja, por exemplo, Métodos de monitoramento do CO2 são inadequados para um tratado internacional do clima e Novos dados exigirão alterações nos modelos climáticos do IPCC.

Até agora, os cientistas consideravam que a capacidade dos ecossistemas e oceanos em absorver o dióxido de carbono cairia conforme as emissões aumentassem, fazendo disparar o nível de gases causadores do efeito estufa na atmosfera. O novo estudo contesta esta teoria, mostrando que a Terra, até o momento, absorveu quase a totalidade dos gases de efeito estufa emitidos pelo homem.

Os pesquisadores descobriram que a taxa de aumento dos gases em suspensão na atmosfera tem oscilado entre 0,7% e 1,4% a cada década, desde 1850. Segundo o Dr. Wolfgang Knorr, coordenador do estudo, “isso é essencialmente zero”.

Para os cientistas, o trabalho é extremamente importante no debate de políticas para o controle das mudanças climáticas, já que as metas de emissão que devem ser negociadas em Copenhague, em dezembro, baseiam-se em projeções que consideram que a capacidade de absorção da Terra já se teria esgotado.

Seria então esta uma boa notícia para os líderes mundiais que deverão se reunir em Copenhague? “Não necessariamente”, responde o Dr. Knorr. “Como em todos os estudos desse tipo, há incertezas nos dados”, admitiu. “Portanto, em vez de confiar que a natureza vai nos oferecer o serviço de graça, absorvendo nosso gás carbônico, precisamos nos certificar dos motivos pelos quais a parcela absorvida não mudou”, defende ele.

Outro resultado do estudo é que as emissões resultantes do desmatamento florestal podem ter sido superestimadas em valores que variam de 18% a 75%. Esse resultado coincide com as conclusões de outro estudo que está sendo publicado na revista Nature Geoscience, no qual a equipe do Dr. Guido van der Werf, da Universidade de Amsterdam, na Holanda, concluiu que as emissões geradas pelas queimadas estão superestimadas, em alguns casos sendo calculadas como se fossem o dobro do que os dados indicam.

Recentemente, o professor Gilberto Câmara, diretor do INPE, chamou a atenção para um problema relacionado, afirmando que os dados sobre emissão de CO2 pelo desmatamento são chutados.

(Inovação Tecnológica)

Nota: Esse estudo tem aparentemente duas implicações interessantes: (1) mostra que os dados da ONU com respeito às emissões antropogênicas estão sendo usados com fins políticos, sem unanimidade científica (leia sobre ECOmenismo aqui); e que (2) a grande capacidade de absorção de carbono pela Terra e pelos oceanos poderia tornar a datação pelo método do carbono 14 um tanto falha, uma vez que as amostras podem conter muito mais carbono 12, conferindo-lhes “aparência de antiga”.[MB]