sexta-feira, dezembro 18, 2009

Um "deus" chamado acaso

A matéria “O cérebro não é uma máquina”, publicada na revista Scientific American deste mês, é um bom exemplo de dissonância cognitiva por parte do autor, o francês Rémy Lestienne, já que aborda um tema que aponta claramente para o design inteligente, mas se nega a admitir isso e tenta insistentemente argumentar a favor do acaso cego. A matéria começa assim: “A evolução animal conduziu seu desenvolvimento, e os acasos que teceram nosso meio ambiente formatam nosso cérebro individualmente. Nele, o inato e o adquirido se entrelaçam, mas deve bem mais ao acaso do que gostaríamos de admitir.”

O texto segue descrevendo a absurda complexidade do órgão mais complexo conhecido: o cérebro humano. Até que Lestienne, que é especialista em física de altas energias e neurociência teórica, menciona os prolongamentos filiformes que saem dos neurônios e se conectam a outras células, formando uma rede tão extraordinariamente complexa que podem chegar a 100 mil bilhões o número de contatos de sinapses entre neurônios no sistema nervoso central. E pergunta: “Como esses prolongamentos filiformes se dirigem, no processo de crescimento, em direção às células-alvo?” E prossegue, admitindo que, “apesar de algum progresso alcançado nesses últimos anos para explicar como os axônios são pilotados pelas substâncias químicas, os detalhes desses mecanismos permanecem ainda grandemente desconhecidos. Não sabemos quais mecanismos a Natureza [sim, ele usa natureza com letra maiúscula...] utiliza para reproduzir os mesmos núcleos de comunicação e os cabos transmissores equivalentes de um indivíduo a outro: a embriologia do sistema nervoso central é ainda objeto de ativas pesquisas.”

O texto diz mais: “Não podemos fugir da conclusão de que o sistema nervoso constrói um sistema lógico de uma precisão incomparável, a partir de elementos imprecisos ou mesmo puramente aleatórios. O sistema nervoso tem uma precisão inacreditável, considerando-se a duração das impulsões nervosas, ainda denominadas potenciais de ação.”

Depois que Michael Behe e outros ajudaram a escancarar a caixa preta de Darwin (a complexidade da vida em nível microbiológico), ficou difícil argumentar na base do acaso cego. Mesmo a mais “simples” forma de vida revela complexidades quase inacreditáveis e informação genética que ocuparia milhares de volumes em uma biblioteca. Mas há ateus que vão muito mais longe e tentam se e nos convencer de que a “máquina” ultracomplexa chamada cérebro teria sido fruto do acaso. Desculpe-me, mas, por essas e outras, não tenho fé suficiente para ser ateu.[MB]