sábado, dezembro 19, 2009

Veja natalina: a atualidade da Bíblia

Quase todos os anos as semanais brasileiras aproveitam a época do Natal e a predisposição das pessoas para a espiritualidade e publicam matérias de cunho religioso. As revistas Veja e Época desta semana seguiram a tendência. Leia aqui alguns trechos da reportagem da Veja (noutra postagem comentarei a da Época):

"Várias sumidades da história têm esse médico de origem grega [Lucas] na conta de um dos grandes de sua categoria – um historiador nato, ciente dos detalhes, afeito à precisão e surpreendentemente atento à necessidade de averiguar fatos. A história da qual Lucas faz a crônica está carregada de aspectos místicos: a de como Jesus nasceu de uma virgem, pregou uma mensagem transformadora, realizou milagres que comprovavam estar Ele imbuído do poder de Deus, e então foi perseguido, torturado e crucificado, para no terceiro dia após sua morte ressuscitar e ascender aos céus. Nas mãos desse autor, entretanto, fato e fé se fundem de maneira tão completa que, mesmo para um leitor ateu ou agnóstico, se torna um desafio separá-los.

"O trecho em que o anjo Gabriel anuncia a concepção e o nascimento de Cristo é exemplar de seu estilo. Lucas narra o diálogo entre um anjo enviado por Deus – assunto de fé, portanto – e uma jovem. Mas provê data, lugar e circunstâncias, afere outro evento familiar (a gravidez de Isabel) e relata uma discussão sobre a viabilidade biológica da concepção por uma virgem. Só nessa pequena passagem, tem-se uma síntese de uma questão que está no centro da Bíblia. Como, afinal, esse livro escrito no decorrer de mais de 1.000 anos deve ser lido? Como uma transcrição direta da palavra de Deus, segundo creem tantos? Como a palavra divina inserida em um contexto terreno, o da relação com seu Deus de uma cultura que ia atravessando mudanças geográficas, políticas e sociais? Como um livro histórico, tão somente? Ou, conforme querem outros, como uma ferramenta que grupos diversos podem manejar na busca por poder e supremacia? Seria possível imaginar que, passadas tantas dezenas de séculos do advento desse livro, tais questões não mais teriam lugar no mundo moderno. Sucede exatamente o contrário. A religião nunca deixou de ser força motriz dos rumos da história do homem, tampouco fonte de tensão. E, na última década em especial, ela ressurgiu com efeito redobrado no centro do cenário político global. De onde ler a Bíblia – e entender como ler a Bíblia – não é nem de longe um conhecimento periférico na vida do século XXI. (...)

"Vários ramos religiosos, sobretudo entre os judeus e os evangélicos, acham que sim: pode-se e deve-se viver exatamente como a Bíblia prescreve. No entender dessas correntes, o texto sagrado foi recebido diretamente de Deus e tem, portanto, de ser aceito de forma literal, sem interpretações nem relativizações. (...) [Leia também: "A Bíblia Sagrada é inerrante?"]

"Em seu excelente livro A Arte da Narrativa Bíblica, o pesquisador americano Robert Alter, da Universidade da Califórnia em Berkeley, dedica-se a explicar que muito do que a Bíblia quer comentar está nas suas entrelinhas. Só para começar a conversa, Alter cita o estilo radicalmente contrastante de dois capítulos consecutivos do Gênese. No primeiro, o patriarca Jacó vê a túnica ensanguentada de seu filho José, presume que ele está morto e entrega-se a manifestações hiperbólicas de luto. O capítulo seguinte trata de uma situação similar, mas é de uma secura severa. Relata que outro patriarca, Judá, teve três filhos – Er, Onã e Selá. Sem mais firulas, informa que Er 'desagradou a Deus', e Ele lhe tirou a vida. O mesmo aconteceu com Onã, que, obrigado a tomar o lugar do irmão na cama da cunhada, a fim de gerar um filho, interrompia o coito e 'derramava sua semente no chão' (daí o termo 'onanismo' para a masturbação). Deus tomou a Judá dois filhos, mas o texto não traz menção a nenhuma emoção que o pai porventura tenha sentido. Jacó tão teatral, e Judá tão frio: para Robert Alter, só o fato de a Bíblia justapor duas reações assim diversas já é um juízo sobre esses dois personagens importantes das Escrituras. Mas esse juízo não está no 'pé da letra': está sugerido em um recurso estilístico sutil. [Ou seria a reação de um pai - Judá - espiritualmente maduro que entendeu ter Deus punido corretamente o pecado consciente dos filhos? No caso de Jacó, o que ocorreu com o filho inocente José foi uma fatalidade, daí o choro inconsolável do pai.]

"Muitos outros estudiosos se dedicam a mostrar como a forma, o estilo e a escolha de palavras são decisivos no que a Bíblia diz. E mais essencial ainda é o contexto em que ela diz o que diz. O judaísmo e seu descendente (e dissidente), o cristianismo, são fundamentalmente religiões narrativas – muito mais do que qualquer outra das grandes religiões, monoteístas ou não. Vem daí muito da força e da influência sem paralelo da Bíblia sobre o pensamento de uma parcela grande da humanidade, aquela abrangida no que se costuma chamar de civilização judaico-cristã: sem que se faça aqui nenhum julgamento, de natureza alguma, sobre o papel de cada uma das religiões na história dos homens, é um fato da ciência sociopolítica que o judaísmo e o cristianismo tiveram um impacto ilimitado nos rumos dessa história. Porque contam, entre todas as fés, com o mais extenso, detalhado, profundo e variegado plano jamais disposto para os seguidores de uma divindade, do surgimento do mundo ao seu fim, ou sua transmutação total no reino de Deus: a Bíblia, um conjunto vasto não apenas de ensinamentos, ditames e reflexões, mas de histórias arraigadas em nossa cultura. Para ateus e agnósticos, essa é uma razão para ler a Bíblia: para descobrir por que mesmo quem não crê compartilha a mesma herança que os que creem. É como se a Bíblia e a tradição que ela carrega fossem, enfim, o DNA da civilização ocidental: crer ou não crer corresponde àquela porcentagem infinitesimal de diferenças genéticas que nos separam – todo o resto, ou 99% dos genes, são comuns a todos nós.

"Quase tudo na Bíblia é uma história, um 'caso', um relato, um testemunho. Mesmo naqueles livros do Velho Testamento que são, por assim dizer, manuais de instruções, como Levítico e Números, as injunções vêm na forma de historietas. Os Evangelhos são também isso: relatos sobre a passagem de Jesus sobre a Terra e sobre Sua missão. De imensa relevância ainda é o fato de que – ao contrário, digamos, do Corão – a Bíblia não tem um autor único nem foi escrita em um período de tempo delimitado. Bem longe disso: ela abrange algo como doze séculos de produção e vários idiomas (não bastasse isso, já foi traduzida para 2.400 línguas, entre as quais idiomas indígenas brasileiros). Combina uma miríade de formas narrativas distintas e envolve um sem-número de autores, muitos dos quais nunca virão a ser identificados, mas que se sabe provenientes das origens mais distintas, de profetas a funcionários de governo e pescadores. Com tantos cozinheiros na mesma cozinha, torna-se sobre-humana a tarefa de tentar decifrar a receita.

"Há casos em que a Bíblia de fato se assume como a palavra recebida diretamente de Deus. Por exemplo, nas conclamações divinas ao povo eleito, muito comuns no Antigo Testamento, em que Ele exalta, pune, decide destinos e mostra aquilo que espera de seus seguidores ou o que não vai tolerar neles. Mas, em outros trechos essenciais, como nos Salmos, são já homens comuns (ou, vá lá, nem tanto, já que muitos dos Salmos são atribuídos ao rei Davi) que se dirigem a Deus. São frequentes também os simples registros de eventos, que podem ter certo teor mundano (muito espaço é dedicado a detalhar as linhas genealógicas, de grande relevância numa sociedade arcaica, ainda dividida em clãs) ou vir crivados de misticismo (como nos testemunhos dos milagres de Jesus). Outro caso: as belíssimas cartas do apóstolo Paulo, parte integrante do Novo Testamento, que delineiam os fundamentos da religião cristã na forma como é seguida até hoje, são comunicações de homens para homens [mas a própria Bíblia afirma que esses homens foram inspirados por Deus Espírito Santo, e não falaram por si mesmos]. Há poemas de grande quilate, como o Cântico dos Cânticos, e o caso mais difícil de classificar – o delirante e perturbador Livro das Revelações, em que o apóstolo João descreve o apocalipse. Tudo o que a Bíblia contém trata em algum nível da relação do homem com Deus. Mas nem tudo nela pode ser descrito como a palavra direta de Deus [e não é, com poucas exceções, como os Dez Mandamentos].

"Bíblia, enfim, é um mosaico intrincado no que toca às possibilidades de interpretação. Até porque, surpresa, ela não trata em miúdos de alguns dos temas em que é invocada com grande insistência. Hoje, é comum que as Bíblias evangélicas mais completas contenham um índice temático denominado 'concordância'. Procura-se uma palavra – digamos, 'graça', ou 'pobreza' – e o índice relaciona todas as ocasiões em que ela aparece em todo o imenso volume de texto. Isso porque, como já se disse, seguir a Bíblia à risca é fundamental para muitos dos ramos evangélicos, e a concordância ajuda-os a informar-se sobre o que a Bíblia tem a dizer a respeito de cada aspecto de sua vida e fé (os católicos, por contraste, apoiam-se mais na doutrina moral delineada pela Igreja). Tente-se procurar na concordância, entretanto, o termo 'aborto': ele não constará. A Bíblia não trata de forma explícita ou direta da interrupção deliberada da gestação em nenhum trecho de seus milhares de páginas. Há possíveis alusões, como no capítulo 30 do Deuteronômio, muito usado pelos grupos antiaborto: 'Hoje tomo o céu e a terra como testemunhas contra vós; eu te propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele.' Mas alguns pesquisadores, inclusive evangélicos, contradizem essa leitura. Segundo eles, o trecho é na verdade uma exortação aos israelitas em fuga do Egito para que não se desviem do caminho do Senhor. Como decidir, então, quem está certo?

"A única resposta segura é que não há como decidir. A Bíblia moldou e amalgamou civilizações e manteve-se um texto obrigatório porque é de fato inesgotável. É uma, mas pode ser infinitas – até no seu aspecto mais concreto, o do sem-número de recortes que o mercado editorial encontra nela. Numa incursão a uma livraria (se for na internet, então, nem se fala), podem-se achar não apenas as edições canônicas de cada uma das religiões que seguem o texto sagrado – judaicas, católicas, luteranas, evangélicas, anglicanas, ortodoxas e assim por diante –, como Bíblias talhadas para virtualmente qualquer gosto. Há Bíblias para quem não conhece a Bíblia, com títulos como Entendendo a Bíblia em 30 Dias e O Guia do Completo Idiota para a Bíblia. Há Bíblias para meninos e para meninas. Para mulheres e para quem quer só lições de vida. No estilo do mangá, o quadrinho japonês, ou na pena do quadrinista underground Robert Crumb. Em gíria cockney da zona leste de Londres (com o selo de aprovação da Igreja Anglicana) ou em linguagem simples, no vozeirão de Cid Moreira.

"Há uma Bíblia, inclusive, que desempenhou papel de imensa relevância no que viria a se tornar a língua franca do mundo moderno, o inglês. Trata-se da versão conhecida como Bíblia do Rei James, encomendada por James I a um grupo de estudiosos em 1604, meses após sua ascensão ao trono, e concluída em 1611. Conciliar as tensões de seu tempo e consolidar a Igreja Anglicana como a fé da nação eram os requisitos a que a tradução pedida a seus sábios deveria atender. Eles, contudo, foram além: produziram um dos mais consumados exemplos de prosa poética que se conhece – uma prosa que arrebata pela beleza, inspira pelo calor e se coloca à disposição de quem a ouve pela clareza (diz a lenda que William Shakespeare deu uma mãozinha ao colegiado de estudiosos). Lida dos púlpitos para os fiéis, ou em casa por quem aprendera a fazê-lo (pouca gente, naquele tempo), a Bíblia do Rei James fez toda uma nação tomar contato com a escrita bela e benfeita. Não admira, assim, que tenha a reputação de transparecer uma inspiração divina.

"Não importa qual seja a versão, duas coisas são cristalinas e constantes na Bíblia. A primeira é que cada uma das partes desse texto sagrado, sejam elas as aceitas pelos cristãos ou pelos judeus, é como que um tijolo no edifício que se pode chamar de o plano de Deus para os homens. E a segunda é que cada um desses tijolos traz alguma marca, mais ou menos profunda, do tempo em que foi moldado: a Bíblia é singular entre os textos sagrados também por ser uma crônica extensa e detalhada da civilização à qual ia dando forma. É, em certo sentido, uma reportagem. Uma reportagem colorida pelas crenças típicas da época em que cada trecho foi escrito (como na ideia de que um patriarca como Matusalém possa ter chegado aos 969 anos de idade, como está dito no Gênese), ou moldada para inculcar esta ou aquela impressão no leitor. Mas até nesses ornamentos, por assim dizer, é uma crônica dos povos que a escreveram e da maneira como viviam e pensavam.

"Um exemplo comezinho: o Velho Testamento diz que não se devem consumir a carne de porco ou os crustáceos, por serem impuros. Assim, os judeus ortodoxos mantêm deles a distância preconizada pelo texto. Vários estudiosos, entretanto, veem em interditos como esse uma tentativa de organizar o cotidiano das pessoas comuns. Dezenas de séculos atrás, quando as condições de obtenção e conservação das proteínas animais eram precaríssimas, carnes como a suína e a dos frutos do mar, que se deterioram com grande velocidade, constituíam um problema grave de saúde. Que maneira mais eficaz teriam os líderes de uma comunidade de evitar os envenenamentos alimentares, especulam [ainda bem que a autora usou esse verbo] esses estudiosos, do que proibi-los com um veto divino? [Na verdade, pesquisas modernas mostram que há outros motivos. Confira aqui.] (...)

"À medida que o Ocidente se torna cada vez mais secular, mais também vem à tona esse caráter factual na leitura que se faz da Bíblia. Em que medida se aceita ou não seu caráter de crônica, porém, é talvez o impasse mais candente que a Bíblia provoca. Duas questões importantíssimas se imiscuem nessa tentativa de enxergar o simples em algo que é tão complexo. A primeira, que acompanha qualquer texto sagrado desde sua gestação, é que tudo nele que pode ser ligado a um dado da realidade tem também (ou principalmente, para muitos) um componente divino. Um judeu dos dias de hoje que segue sua fé de forma mais livre pode decidir que, na era das normas sanitárias e da refrigeração, comer camarões em nada fere os princípios espirituais e morais que lhe foram legados. Um casal cristão moderno pode raciocinar que, se Deus é a bondade suprema, como os Evangelhos ensinam, Ele jamais condenaria seu bebê à danação caso ele morresse sem ser batizado [e se pensar assim, na verdade terá mostrado que não conhece a Bíblia]. Outros judeus e outros cristãos de persuasões mais rigorosas argumentariam que não é possível escolher, da religião, o que convém e o que não convém, já que a palavra de Deus é una e não deve ser fragmentada; para estes, as regras alimentares ou os sacramentos existem dentro de um contínuo que é indivisível e deve ser respeitado na íntegra, por mais duras que pareçam as regras. Assim, transgredir à mesa ou postergar um pouco determinadas cerimônias não seriam meros pecadilhos. Constituiriam ofensas a Deus, e toda ofensa a Deus, ainda que pareça irracional ao olhar moderno, seria igualmente irredimível. [O fato de parecer "irracional" ao "olhar moderno" não significa que a orientação divina seja, de fato, "irracional". Neste blog, tenho me esforçado para demonstrar que seguir os preceitos bíblicos se constitui, na verdade, na pura aplicação da lei da causa e efeito: se obedecemos a Deus, somos mais saudáveis e felizes - física, mental, social e espiritualmente.]

"Essa tensão entre o certo e o herético é tão antiga quanto as mais antigas palavras da Bíblia. Um texto sagrado se define como a verdade absoluta. E um texto sagrado que transporta tantas contradições e imprecisões [?], que é ora tão minucioso, ora tão alusivo e alegórico, e que carrega tanta história vivida – de um povo que acreditou ter sido escolhido e então foi escravizado, que perdeu sua terra, recuperou-a e então suportou uma ocupação estrangeira, que construiu um templo e duas vezes o viu tombado, e por fim enfrentou um cisma de proporções colossais, quando um dos seus fundou uma nova religião a partir da sua –, é um texto crivado de oportunidades para a tensão. Deslindar o que a Bíblia diz, afinal, é traduzir Deus. Mas nunca se soube de dois tradutores que coincidissem em suas respectivas versões de um texto. E essa volatilidade da Bíblia, esse seu poder de ser ao mesmo tempo tão clara e tão fugidia, movimentou convulsões na história dos povos que a seguem. A decisão dos judeus de renovar até as últimas consequências sua aliança com Deus e assim se configurar como um povo separado dos demais, o fogo ateado à insatisfação geral que foi o nascimento do cristianismo, a irrupção da Reforma Protestante e sua perseguição selvagem pela Inquisição, os rios de sangue que, no século XX, ainda corriam na Irlanda dividida entre católicos e protestantes, a tentativa brutal de supressão da fé por aquela outra doutrina deífica, o comunismo – milhões de homens e mulheres foram mortos ou se sacrificaram por essa verdade que, não há como ignorar, está sempre em transformação.

"Para quem acha que a Bíblia é uma coleção de histórias da carochinha escritas por pessoas talvez meio instáveis, com uma queda para o fantástico e a violência (e o Velho Testamento é repleto de casos de arrepiar os cabelos), um alerta: a disputa pela posse dessa verdade completa e absoluta continua a fazer estremecer a história. No Brasil, o crescimento vertiginoso do evangelismo muda não só costumes entre as parcelas da população que aderem a ele como pode, no limite, vir a alterar um dos epítetos pelos quais o país é conhecido – o de a maior nação católica do mundo. Nos Estados Unidos, onde a liberalização da moral e da legislação, a partir dos anos 1960, criou tensões imensas com a populosa faixa dos americanos que acham que toda lei e todo código devem emanar da Bíblia, surgiram paradoxos incompreensíveis. Por exemplo, os grupos contra o aborto que, na defesa intransigente da vida, matam médicos e enfermeiras de clínicas que realizam a prática. Até o mais explosivo ingrediente da política global, o conflito no Oriente Médio entre árabes e judeus e suas infinitas ramificações, tem um componente bíblico – o estabelecimento do estado de Israel, em 1948, na região que, no Gênese, consta como a terra prometida dos judeus. Não é preciso crer, enfim, para entender que a Bíblia não é apenas 'a maior história de todos os tempos', como se costuma dizer. Mais de 3.000 anos depois de ter começado a ser escrita, ela é ainda a maior história deste tempo."

Nota: Isabela Boscov, autora da matéria de capa da Veja desta semana e mais conhecida por suas boas críticas de cinema, merece parabéns pelo texto relativamente neutro que conseguiu produzir. Embora tenha havido algumas deficiências de entendimento hermenêutico que poderiam facilmente ser sanadas por teólogos sérios, o texto se mostra respeitoso e jornalístico. Uma lufada de bons ventos analíticos desapaixonados nesta época de tornados de críticas virulentas vazias e raivosas a la Dawkins.[MB]