quarta-feira, setembro 30, 2009

Erodindo as eras

Este artigo demonstra como James Hutton, o geólogo considerado pai do uniformitarianismo e “avô” do evolucionismo, ou o “João Batista” de Darwin, baseou-se em mera presunção para criar seu modelo de gênese das estruturas geológicas. Mesmo assim, ele está para a Geologia moderna como Newton está para a Física (nota do tradutor).

Foi James Hutton, o médico escocês que virou geólogo, que em 1785 sugeriu ser a Terra extremamente velha. Sua famosa afirmação de que não havia “nenhum vestígio de um começo, nenhuma perspectiva de um fim” preparou o caminho para a teoria da evolução de Darwin.[1] A maioria dos geólogos modernos considera sensata a perspectiva de Hutton. Os cientistas evolucionistas geralmente concordam que os continentes se formaram há pelo menos 2,5 bilhões de anos.[2] A idade divulgada para algumas partes da Austrália é de mais de 3 bilhões de anos. Grande parte do resto do continente é datada como tendo entre 0,6 e 3 bilhões de anos de idade.[3] História semelhante é contada para outros continentes: a idade de seus embasamentos cristalinos (rochas metamórficas e ígneas) está na escala de bilhões de anos.

Essas ideias se revelam totalmente inconvincentes se submetidas a uma análise mais atenta. É patente que há muitos processos geológicos que indicam que os continentes não são tão velhos quanto dizem os evolucionistas.[4] Um dos problemas para essa idade tão grande é a erosão. Os continentes não podem ter bilhões de anos, pois eles já deviam ter sido erodido há muito tempo. Não sobraria nada.

Mensurando erosões

A água é a principal culpada pela dissolução dos sais minerais, do solos friáveis e das rochas do terreno, e os transporta para o oceano. Dia após dia, ano após ano, como uma procissão interminável de trens de cargas, os rios de todo o mundo carreiam toneladas de rocha decomposta em todos os continentes e os despejam no oceano. Se compararmos, o material retirado pelos ventos, pelas geleiras e pelas ondas litorâneas é mínimo.

Sempre que chove, a água pode começar a erodir. Ela coleta esse material em regiões chamadas bacias de drenagem, áreas facilmente identificadas em um mapa topográfico. Por amostragem, na foz do rio, podemos medir o volume de água proveniente da bacia e a quantidade de sedimentos que ela carrega. É difícil ser exato, porque alguns sedimentos são arrastados ou empurrados ao longo do fundo do rio. O “material de leito”, como é chamado, não é facilmente observável. Às vezes, variáveis arbitrárias são incluídas nos cálculos por causa disso.

Outro problema é como lidar com eventos catastróficos raros. Embora possam ser responsáveis pelo transporte de grandes quantidades de sedimentos em um tempo muito curto, eles são quase impossíveis de se medir. Tanto o material de leito quanto as catástrofes transportam mais sedimentos do que pode ser mensurado diretamente.

No entanto, sedimentologistas têm pesquisado muitos rios de todo o mundo e calcularam o quão rápido a terra está desaparecendo. As medições mostram que alguns rios estão escavando suas bacias de drenagem numa taxa de um metro de altitude a cada mil anos, enquanto outros escavam apenas um milímetro a cada mil anos. A redução da altitude média para todos os continentes do mundo é de cerca de 60 mm a cada mil anos, o que equivale a cerca de 24 bilhões de toneladas de sedimento por ano.[5] É muita adubação de cobertura!

Continentes que desaparecem

Na escala de um período de vida humana, essas taxas de erosão são baixas. Mas para aqueles que dizem que os continentes têm bilhões de anos de idade, as taxas são excessivas. Um total de 150 quilômetros teria sido corroído dos continentes em 2,5 bilhões de anos. Isso desafia o senso comum. Se a erosão vinha acontecendo há bilhões de anos, os continentes sequer permaneceriam na Terra.

Esse problema tem sido destacado por vários geólogos que calcularam que a América do Norte deveria ter sido nivelada em 10 milhões de anos se a média de erosão fosse a mesma.[6] Esse é um tempo extremamente curto em comparação com os supostos 2,5 bilhões de anos dos continentes. Para piorar a situação, muitos rios corroem o cume das suas bacias hidrográficas muito mais rápido do que a média. Mesmo com menor taxa de 1 mm de redução de altitude a cada mil anos, os continentes com uma altitude média de 623 metros (2 mil pés) deveriam ter desaparecido há muito tempo.

Essas taxas não só minam a ideia de continentes com milhares de anos de idade, mas também dão cabo ao conceito de montanhas muito antigas. Em geral, as regiões montanhosas com as suas encostas íngremes e vales profundos têm erosão mais rápida. Taxas de erosão de 1.000 mm por mil anos são comuns nas regiões alpinas da Papua-Nova Guiné, México e Himalaia.[7] Uma das mais rápidas reduções regionais de altitude registradas é de 19 metros a cada mil anos em um vulcão em Papua-Nova Guiné.[8] O rio Amarelo, na China, pode achatar uma montanha tão elevada como o Everest em 10 milhões anos.[9] As cadeias de montanhas, como a Caledônias, na Europa ocidental, e os Apalaches, no leste da América do Norte, não são facilmente explicadas porque não são tão elevadas como o Everest, mas se supõe que tenham várias centenas de milhões de anos. Se a erosão tem ocorrido há tanto tempo, essas montanhas não deveriam mais existir.[10]

A erosão é também um problema para os terrenos planos que são classificados como muito antigos. Essas superfícies se estendem por grandes áreas e ainda assim mostram pequeno ou nenhum sinal de erosão. Além disso, as superfícies não têm evidência alguma de terem sido cobertas por outras camadas sobre elas. Um exemplo é a Ilha Kangaroo (Austrália meridional), que tem cerca de 140 km de comprimento e 60 km de largura. É afirmado que sua superfície tem pelo menos 160 milhões de anos, com base nos fósseis e na datação radioativa. No entanto, a maior parte de sua área é extremamente plana.[11] O terreno é praticamente o mesmo de quando ela foi soerguida – a erosão quase não tocou na superfície exposta. Como ele pôde ficar tão plano sem ser corroído por 160 milhões de anos de chuva?

Procurando uma saída

Por que, então, os continentes e montanhas ainda subsistem se estão sendo erodidos tão rapidamente? Por que tantos acidentes geográficos considerados velhos não mostram sinais de erosão? A resposta é simples: eles não são tão antigos quanto se alega, mas são “jovens”, como está na Bíblia. Porém, isso não é filosoficamente aceitável para os geólogos evolucionistas, logo, outras explicações são feitas inutilmente.

Por exemplo, sugere-se que as montanhas continuem a existir porque abaixo delas há um constante soerguimento tomando seu lugar.[12] Consequentemente, as montanhas deveriam ter sido totalmente erodidas e soerguidas muitas vezes em 2,5 bilhões de anos. No entanto, apesar de o soerguimento estar ocorrendo em áreas montanhosas, tais processos de soerguimento e erosão não poderiam continuar por muito tempo sem que todas as camadas de sedimentos fossem removidas. Logo, não poderíamos ter a esperança de encontrar qualquer sedimento antigo em áreas montanhosas se por diversas vezes tivessem sido erodidas e soerguidas. Entretanto, admiravelmente, há sedimentos de todas as idades nas regiões montanhosas, desde os mais jovens aos mais velhos (por métodos de “datação evolutiva”) são preservados. A ideia de renovação contínua por soerguimento não resolve o problema.

Outra ideia sugerida para se resolver o problema é que as atuais taxas de erosão que estão sendo medidas são deveras altas.[13] Segundo este argumento, a erosão era muito menor no passado, antes que seres humanos pudessem interferir. Presume-se que as atividades humanas, tais como o desmatamento e a agricultura, são as razões pelas quais estamos medindo as modernas taxas de erosão tão altas. No entanto, as mensurações quantitativas sobre os efeitos da atividade humana descobriram que as taxas de erosão foram aumentadas em apenas 2 a 2,5 vezes.[14] Para que a explicação resolvesse o problema, o acréscimo teria que ser várias centenas de vezes maior. Mais uma vez, a explicação não funciona.

Também foi proposto que o clima no passado teria sido bem mais seco (porque menos água significa menor erosão).[15] Porém, essa ideia vai contra as provas. Na verdade, o clima era mais úmido, como pode se deduzir pela abundância de vegetação nos registros fósseis.

Os continentes são jovens

A história “lenta e gradual”, proposta pelo médico escocês há duzentos anos, não faz sentido. A alegação dos defensores da Terra velha é a de que os continentes têm mais de 2,5 bilhões de anos de idade, mas, usando seus próprios pressupostos, os continentes deveriam ter sido erodidos em apenas 10 milhões de anos. Observe que os 10 milhões de anos não são a idade estimada dos continentes.[16] Pelo contrário, ela destaca a falência das ideias uniformitarianistas. Os geólogos que creem na Bíblia consideram que as montanhas e os continentes que temos hoje foram formados como consequência da inundação dos dias de Noé. Quando os continentes foram elevados no fim do dilúvio, a incrível energia das enchentes recuando esculpiu na paisagem. Não aconteceu muita coisa, geologicamente falando, nos 4.500 anos seguintes.

(Tas Walker; tradução de Rafael Resende Stival)

1. Hutton, J., “Theory of the Earth with Proof and Illustrations, discussed by Press, F. and Siever, R.”, In: Earth 4th ed., W.H. Freeman and Company, NY, USA, p. 33, 37, 40, 1986.
2. Roth, Ariel, Origins: Linking Science and Scripture, Review and Herald Publishing, Hagerstown, 1998. É citada uma série de referências sobre o crescimento e preservação da crosta continental. (Adquira este livro em português aqui.)
3. Parkinson, G., (ed.), Atlas of Australian Resources: Geology and Minerals. Auslig, Canberra, Australia, 1988.
4. Morris, J., The Young Earth, Creation-Life Publishers, Colorado Springs, USA, 1994. Explica uma série de processos geológicos que evidenciam a visão de que a Terra é jovem.
5. Ref. 2, p. 264, agrupa várias taxas de erosão a partir de certo número de fontes.
6. For example, Ref. 2, p. 271, quotes Dott & Batten, Evolution of the Earth, McGraw-Hill, NY, USA, p. 155, 1988, e vários outros.
7. Ref. 2, p. 266.
8. Ollier, C.D. and Brown, M.J.F., “Erosion of a young volcano in New Guinea”, Zeitschrift für Geomorphologie 15:12–28, 1971, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
9. Sparks, B.W., “Geographies for advanced study”, In: Geomorphology 3rd ed., Beaver, S.H. (ed.), Longman Group, London and New York, p. 510, 1986, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
10. Ref. 2, p. 264.
11. Ref. 2, p. 266.
12. For example, Blatt, H., Middleton G. and Murray, R., Origin of Sedimentary Rocks, 2nd ed., Englewood Cliffs, Prentice Hall, p. 18, 1980, cited by Roth, Ref. 2, p. 266.
13. Ref. 2, p. 266.
14. Judson, S., “Erosion of the land – or what’s happening to our continents?” American Scientist 56:356–374, 1968.
15. Ref. 2, p. 266.
16. É o limite máximo de idade; a idade real não poderia ser menor, por exemplo, que a idade bíblica de cerca de 6.000 anos.
17. Adaptado de Roth, ref. 2, p. 264.

terça-feira, setembro 29, 2009

Caçou a “bruxa” e pediu desculpas

Quando o professor Rubens Pazza, da Universidade Federal de Viçosa, leu a reportagem “Descoberto fóssil que altera teorias sobre dinossauros”, de Ligia Hougland, publicada no site Terra, ficou tão indignado que escreveu um artigo intitulado “Desonestidade na divulgação científica”. Mas por que ele chama Ligia de desonesta? Qual o motivo de tanto ódio? Simplesmente porque a jornalista se utiliza de termos proibidos para os darwinistas, como: “perfeitamente criado” e “design belamente criado”. Onde já se viu! Falar de dinossauros e sugerir design inteligente? Não pode, menina!

Puzzo escreveu outro texto, publicado nesta semana no Observatório da Imprensa, intitulado “Corrigindo um equívoco”. Numa ligação telefônica, Ligia disse que não é criacionista e que escreveu a matéria com base em entrevistas com cientistas e em um press release. Puzzo se deu por satisfeito (afinal, ufa!, ela não é criacionista). Pediu desculpas públicas, mas insistiu: o jornalismo científico deve ser “extremamente cuidadoso” para não dar margem a interpretações criacionistas. É mais ou menos como a frase hipnótica de Richard Dawkins: “A biologia é o estudo de coisas complexas que dão aparência de terem sido projetadas.”

E para deixar claro que exagerou na dose, na semana anterior, Puzzo repete: “mais uma vez peço desculpas a Ligia Hougland, que foi injustamente taxada de criacionista por mim no outro texto.” Opa! De repente, ser taxada de criacionista é ainda pior do que ser chamada de desonesta! É lamentável ver tamanha manifestação de preconceito vinda de um professor universitário.

Ligia escapou da fogueira de Pazza. Mas os outros “desonestos” que insistem em ver evidências de design na criação, esses, sim, merecem as chamas.[MB]

segunda-feira, setembro 28, 2009

"Ele não me abandonou"

No fim da década de 1980, um jovem adventista não mediu esforços para compartilhar o evangelho com um amigo relutante. Por mais de dois anos, o criciumense Vanderlei Ricken orou e trabalhou por seu conterrâneo e colega de escola. Valeu a pena o esforço. Depois de muito estudo da Bíblia, apelos e lágrimas, Michelson Borges aceitou a Jesus e a verdade revelada nas Escrituras. O blog www.amissão.com entrevistou os dois amigos que hoje moram a mais de mil quilômetros um do outro (Vanderlei é bibliotecário do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, em Taquara, RS; Michelson é editor na Casa Publicadora Brasileira, em Tatuí, SP). Conheça a seguir alguns lances dessa história de amizade, perseverança, amor e fé: [Leia mais]

Penas e sistemas de voo, mas nada de intermediários

Fósseis extremamente bem preservados de dinossauros achados no nordeste da China mostram os exemplos mais antigos de penas já encontrados e representam a prova final [sic] de que os dinossauros eram ancestrais dos pássaros, segundo cientistas. Os fósseis têm mais de 150 milhões de anos [sic]. As espécies são indubitavelmente mais antigas do que o Archaeopteryx, encontrado na Alemanha, que vinha sendo tido como o fóssil de pássaro mais antigo já encontrado. A descoberta foi descrita por Xu Xing, da Academia de Ciências Chinesa, em Pequim, e sua equipe na revista especializada Nature.

A teoria de que os pássaros evoluíram dos dinossauros sempre foi posta em dúvida por causa da ausência de penas em espécies mais antigas do que o Archaeopteryx. Mas os novos fósseis, encontrados em duas localidades diferentes, são, em sua maioria, pelo menos 10 milhões de anos [sic] mais velhos do que o do pássaro encontrado na Alemanha, no fim do século 19. Um dos dinossauros, batizado de Anchiornis huxleyi, está extremamente bem conservado, dizem os cientistas. O dinossauro tinha extensa plumagem cobrindo seus braços e cauda e os pés – formando quatro asas.

“A primeira espécie descoberta no início do ano estava incompleta”, disse Xu à BBC News. “Com base neste espécime, nomeamos o dinossauro Anchiornis; pensamos que era um parente próximo dos pássaros. Mas então encontramos o segundo espécime, que estava bastante completo – e bem preservado.”

“Com base neste segundo espécime, nos demos conta de que esta era uma espécie muito mais importante, e definitivamente uma das espécies mais importantes para entendermos a origem dos pássaros e de seu voo.” O professor Xu acredita que a forma de quatro asas pode ter sido um estágio muito importante na transição evolucionária dos dinossauros para pássaros [sic].

Os detalhes das últimas descobertas foram apresentados nesta semana no encontro anual da Sociedade de Paleontólogos de Vertebrados, na Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha. O renomado paleontólogo britânico Michael Benton disse que o anúncio é de grande importância.

“Ao desenhar a árvore da vida, é bastante óbvio que há registros de fósseis com penas anteriores ao Archaeopteryx”, disse ele à BBC News. “Agora essas novas descobertas fantásticas do professor Xu Xing provam isso de uma vez por todas.”

(BBC Brasil)

Nota do blog No Princípio Criou Deus: O artigo menciona a questão de que “a teoria de que os pássaros evoluíram dos dinossauros sempre foi posta em dúvida”, e apresenta a “ausência de penas em espécies mais antigas do que o Archaeopteryx” como causa da dúvida. No entanto, não é apenas isso. O fato é que quando um fóssil é encontrado e mostra ter sido uma criatura com penas, ele não é um intermediário, pelo contrário, seu sistema já se encontra pronto, se ele voava e o sistema de voo com penas e tudo o mais estava perfeitamente completo, sem nenhuma parte faltando, seu corpo estava feito para o voo e suas penas já na forma ideal – não havia nada de inacabado nem com sinal de transição.

A mesma coisa se dá com os insetos: seu sistema de voo é encontrado já perfeitamente pronto e acabado, tanto que o zoólogo Pierre Grasé (evolucionista) afirma: “Estamos no escuro no que diz respeito à origem dos insetos.” Lembrando que há a teoria de que dinossauros perseguindo insetos, moscas e besouros voadores começaram a sofrer adaptações como levantar os braços dianteiros na perseguição a moscas, e então adquiriram asas. Mas aí se gera outra pergunta: E os sistemas de voo dos insetos?

Levamos ainda em conta que assim como encontramos no registro fóssil tartarugas com 100 milhões de anos (segundo a evolução) idênticas às de hoje, também encontramos penas, inclusive algumas bem mais sofisticadas.

Alan Feduccia, da Universidade de Carolina do Norte, é ornitólogo, e se opõe à teoria da transição dos dinossauros para pássaros: “Bem, tenho estudado durante 25 anos crânios de aves, e não vislumbro qualquer similaridade. Simplesmente não as vejo... A origem terópoda das aves, em minha opinião, será a maior dificuldade da Paleontologia no século 20”, diz Feduccia.

As penas são um complexo muito peculiar, e se as aves vieram dos répteis, então as penas devem ter alguma ligação com as escamas, no entanto, semelhança alguma existe, tanto que A. H. Brush, professor de Fisiologia e Neurobiologia da Universidade de Connecticut, diz que “todas as características [entre penas e escamas], desde a estrutura e organização genética, até o desenvolvimento, morfogênese e organização dos tecidos, é diferente”. Não existe um único fóssil que mostre a transição das penas de qualquer outra coisa; elas aparecem prontas no registro fóssil, sem falar que nunca foi relatada uma única estrutura epidérmica nos répteis que possa proporcionar a origem das penas.

O provável é que tal descoberta seja, assim como o Archaeopteryx, apenas uma ave com características distintas.

Leia também: “Feitos para voar”

Filosofia e teologia a mais de 10 mil metros

Neste fim de semana, estive no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (Iacs), em Taquara, RS, onde apresentei algumas palestras sobre criacionismo para os alunos e pessoas da comunidade em volta do internato. Foram momentos muito especiais, de reencontro com pessoas queridas (especialmente o meu “pai na fé”, o bibliotecário Vanderlei Ricken). Domingo bem cedo, fui para Porto Alegre tomar o avião que me deixaria em Campinas, SP. Quando cheguei ao meu lugar na aeronave, um homem de barba, vestindo uma camiseta vermelha, aparentando uns 40 anos, estava sentado numa das poltronas daquela fileira. Pedi licença, sentei-me ao lado dele, e, com o canto dos olhos, percebi que ele lia uma apostila sobre o filósofo Hegel. Ele também percebeu o livro que eu carregava: A Lógica do Consumo, de Martin Lindstrom (muito bom, por sinal). Iniciamos uma conversa sobre trivialidades que aos poucos foi migrando para a filosofia, depois que eu mencionei ter notado a apostila que ele tinha nas mãos. Descobri que meu companheiro de voo é mestrando em Filosofia. A conversa prometia ser boa. E foi.

Falamos sobre os pré-socráticos, sobre Sócrates e o livro Sócrates e Jesus, que eu li recentemente (meu amigo mostrou interesse na obra e prometi lhe enviar uma resenha); avançamos no tempo e chegamos ao período moderno; conversamos sobre Kant, Nietzsche, e, depois, sobre os pós-modernistas Foucalt e Derrida, entre outros. Foi uma conversa animada e muito instrutiva, mas eu queria muito enveredar pela teologia, sem ser “agressivo”. Orei a Deus em pensamento e pedi que Ele providenciasse um “gancho”. Foi quando meu interlocutor falou sobre sua pesquisa de mestrado. Após ouvi-lo atentamente, disse que também estava escrevendo minha dissertação na área de Teologia, no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Ele mostrou interesse quando falei sobre o adventismo e o objeto da minha pesquisa, que também envolverá algumas correntes filosóficas.

Quando o avião já estava em procedimento de pouso (o tempo passou rápido), o filósofo me recomendou o livro Metodologia Filosófica, de Dominique Folscheid (que parece muito bom), trocamos nossos e-mails, com a promessa de prosseguir o diálogo, e nos despedimos (ele ia para Fortaleza, a fim de participar de um congresso).

Foram quase duas horas de um bom bate-papo filosófico-teológico, a mais de 10 mil metros de altura.

Michelson Borges

domingo, setembro 27, 2009

Ex-pastor da Universal confirma matéria da Época

Hilton Robson de Oliveira Bastos foi pastor da Igreja Universal do Reino de Deus e hoje é adventista do sétimo dia. Quando li a entrevista com outro ex-pastor dessa igreja neopentecostal, o Gustavo Alves da Rocha, publicada pela revista Época (leia aqui), consultei o Hilton para saber se aquilo poderia mesmo ser verídico ou se era mero ataque gratuito e indireto à Record por parte de uma publicação da editora Globo. Hilton me respondeu que acredita ser verdade, e deu o seguinte testemunho por e-mail, o qual publico aqui com autorização dele:

“Quando fui escolhido para o ministério, tinha 17 anos. No início dos anos 90, recebi o convite para assistir treinamentos. Nas reuniões com os pastores, o assunto primordial era como arrecadar o maior número de ofertas possível. Para tanto, eram elaboradas diversas campanhas para estimular o povo a dar ofertas, e eu era um dos grandes elaboradores de campanhas. Devido a isso, elevei a quantidade de ofertas na primeira igreja que assumi, e logo eles me chamaram para assumir a segunda igreja do Estado.

“Nas reuniões com o líder do Estado, o que mais era ensinado e cobrado dos pastores era como arrecadar ofertas e dízimos. Isso é fato. Posso afirmar porque presenciei. Nunca paguei ninguém nas reuniões que ministrava para fingir ser curado, mas era algo frequente; sempre havia curas, milagres e exorcismo. Em minhas reuniões, a quantidade de membros presentes era sempre grande. As pessoas iam para assistir porque tinham curiosidade, devido a acontecer diversos fenômenos sobrenaturais. Vou relatar dois deles.

“Eu chamava as pessoas à frente e perguntava quem estava sentido alguma dor. Aquela que levantava a mão eu solicitava que subisse ao altar; aí eu fazia a ‘festa’, colocava a mão na cabeça da pessoa e dava uma ordem: ‘Dor, sai dela e vem para a minha mão! Depois da ordem, eu perguntava se ela ainda estava sentido dor; a resposta era não. Depois eu abria a mão sobre a cabeça da pessoa e a dor voltava. Eu simplesmente era um objeto na mão de Satanás.

“A mesma coisa eu fazia com as pessoas que manifestavam espírito imundo. Eu brincava da mesma forma, mandava que ele saísse dela e viesse para minha mão, ela ficava normal e depois eu abria a mão e o espírito retornava para a pessoa que se contorcia completamente. Depois dessas cenas, quando solicitava ofertas, todos davam até o que não tinham. Mas minha consciência não permitia que eu pedisse além do que eles podiam dar. Alguns davam alianças de ouro, objetos pessoais e outras coisas.

“Eu pensava que tinha poder sobre Satanás, mas hoje sei que eu era apenas um objeto nas mãos dele. Graças a Deus, hoje posso afirmar que estou nas mãos do Senhor Jesus. Sabe, irmão, eu orava muito pedindo que Deus me iluminasse para saber se o que eu estava fazendo era o certo. Graças a Deus, Ele me revelou a verdade.

“Alguns da minha família eram da Igreja Universal; hoje, graças a Deus, não estão mais lá. Alguns já se encontram na Igreja Adventista e outros estão recebendo estudos e fazendo planos para abraçar a mesma fé.”

O irmão Hilton mantém o blog Resta Uma Esperança e foi entrevistado pelo blog Minuto Profético (leia aqui).

Submarino-robô inspirado em peixe-elétrico

Os engenheiros da Universidade de Bath, na Inglaterra, parecem decididos a construir um zoológico robótico. Não satisfeitos com seus robôs saltitantes inspirados em esquilos, gafanhotos e até pulgas, eles agora lançaram mais um robô inspirado em peixes, o Gymnobot. Existem várias abordagens para a criação de peixes robotizados, incluindo os robôs verdadeiramente biomiméticos, que se parecem e se movimentam como peixes, até os submarinos robotizados, que pedem emprestada alguma característica dos peixes para otimizar seu funcionamento. A equipe do professor William Megill adotou essa última abordagem. Inspirando-se no peixe-elétrico da Amazônia, os pesquisadores construíram um submarino e substituíram sua hélice por uma barbatana inferior que se movimenta como a barbatana do peixe. Um sistema de virabrequins, semelhantes ao de um motor de automóvel, faz com que a barbatana ondule de forma precisa, movendo o submarino. O conjunto de virabrequins é movimentado por um motor elétrico. O corpo do submarino é feito de uma estrutura rígida. Apenas a barbatana se movimenta.

O objetivo da pesquisa é criar um robô que seja capaz de filmar e coletar dados da vida marinha nas proximidades da costa, onde a profundidade é muito pequena para os submersíveis tradicionais, movidos por hélices, e cheia de obstáculos, exigindo manobras precisas.

“O peixe-elétrico tem uma barbatana central que se movimenta ao longo do seu corpo e cria uma onda na água que permite que ele nade para frente ou para trás com facilidade”, diz o Dr. Megill. “O Gymnobot imita essa barbatana e cria uma onda na água que o movimenta. Essa forma de propulsão é potencialmente muito mais eficiente do que um propulsor convencional e é mais fácil de controlar em águas rasas próximas à costa”, diz ele.

(Inovação Tecnológica)

Nota: Mais uma vez cientistas gastam tempo e dinheiro para desenvolver mecanismos inspirados no design inteligente da natureza. E há os que querem que acreditemos que o original – do qual o ser humano copia a eficácia – foi resultado de evolução cega.[MB]

quinta-feira, setembro 24, 2009

Cristãos no mundo pós-moderno

A pós-modernidade (termo surgido por volta da década de 1930, mas que ganhou amplitude a partir da década de 1970) trata-se de um questionamento da Idade Moderna. Para se entender o pensamento pós-moderno, é preciso vê-lo no contexto do mundo que o deu à luz, ou seja, o mundo moderno. Segundo muitos historiadores, esse período histórico nasceu no alvorecer do Iluminismo, ou mesmo antes, na Renascença, que elevara a humanidade ao centro da realidade. Foi um momento de grande otimismo, com o fortalecimento da ideia de que o ser humano poderia dominar a natureza se descobrisse os segredos dela. A religiosidade medieval teocentrista deu lugar à “religião natural” que, depois, acabou substituída pelo racionalismo cético. Acreditava-se que o conhecimento era preciso, objetivo, bom e acessível à mente humana. Assim, a felicidade repousava sobre os avanços científicos e tecnológicos (imprensa, pólvora, caravelas, motores...). Até que eclodiram as duas guerras mundiais.

A desilusão tomou conta da humanidade. “Ao evitar o mito iluminista do progresso inevitável, o pós-modernismo substitui o otimismo do último século por um pessimismo corrosivo”, afirma Stanley J. Grenz, em seu livro Pós-Modernismo (Vida Nova), p. 20. Não se tem mais certeza de que a mente humana possa organizar a realidade de maneira coesa. O que ocorre a partir daí é um “duelo de textos”, verdades relativas, pontos de vista distintos. Começam os questionamentos na área da Linguística e desconstrutivismo. As emoções e a intuição – substituindo a tão valorizada razão – passam a ser vistas como caminhos válidos para o conhecimento, que é sempre incompleto e relativo. Impera a crença no fim da verdade absoluta. O conhecimento é substituído pela interpretação. Para Jean-François Lyotard, pós-moderno é a “incredulidade em relação às metanarrativas”, ou cosmovisões (weltanschauung).

O Übermensch (super-homem) de Nietzsche (filósofo considerado precursor do pós-modernismo) se revelou frágil, e com a morte da ideia de Deus, a humanidade mal se deu conta (embalada ainda pela euforia de progresso modernista) de que morria junto a família, a moral e a esperança. Mas como viver sem esses valores?

Os pós-modernos correram para as prateleiras dos supermercados da fé na tentativa de preencher o vazio da alma com “modismos espirituais”. Como se distanciaram da crença bíblica, passaram a adotar no lugar dela (no lugar do vazio espiritual) todo tipo de irracionalismo. Ao passo que negam a historicidade de Jesus (para não dizer a divindade dEle), acreditam em duendes, cristais, Nova Era... Ao mesmo tempo em que rejeitam a fé tradicional (graças aos resquícios do pensamento iluminista dos quais talvez nem se deem conta), abraçam crendices sem fundamento racional algum. (Aliás, o próprio Jesus é esvaziado e o cristianismo se torna irracional e místico.)

Assim, de um lado está a multidão espiritualmente desnorteada tentando encontrar/escolher uma crença que lhe dê maior satisfação (numa aplicação espiritual do pensamento consumista), e, de outro, mas em menor número, os herdeiros do Iluminismo/Naturalismo, os neoateus e céticos, colocando no mesmo “saco” todo tipo de crença. Onde os cristãos – e particularmente os adventistas – se inserem nesse contexto?

Resistentes que são às verdades reveladas e às instituições religiosas, os pós-modernos precisam ver na vida dos cristãos a diferença e a relevância que eles afirmam encontrar no evangelho. Precisam ver que ainda existe esperança, mas que ela não vem da humanidade; vem do alto. Apenas o evangelho vivido sincera, genuína e experimentalmente na vida dos cristãos poderá atrair os desesperançados e desesperados pós-modernos, sempre em busca dos prazeres, do consumismo e das experiências místicas que, na verdade, só fazem aumentar o vazio existencial.

A Igreja Adventista nasceu num contexto moderno. Mas não podemos ser nostálgicos a ponto de querer retornar à modernidade. Temos que pregar o evangelho no contexto em que estamos inseridos, e esse é o pós-moderno. A apologética ainda tem o seu lugar, tendo em vista que os que desafiam as bases racionais da fé (os herdeiros do Iluminismo) continuam por aí. Por isso, os cristãos devem se valer de todos os meios possíveis para divulgar a superioridade da Bíblia Sagrada, aproveitando-se dos poderosos recursos da era da informação. Mas nunca é demais lembrar que isso não basta para o pós-moderno.

A modernidade destronou a Revelação e colocou em seu lugar a razão como árbitro da verdade – daí ser necessário, sim, usar a razão para chamar atenção à Revelação. Mas o pós-modernismo minimiza a ambas – a Revelação e a razão – e adiciona a intuição e o sentimento. E isso não é ruim, pois, na verdade, a cosmovisão cristã ultrapassa os limites da razão humana, avançando nos domínios do sobrenatural e da fé. “Além disso, os cristãos assumem uma postura cautelosa e até mesmo desconfiada em relação à razão humana. Sabemos que em decorrência da queda da humanidade, o pecado é capaz de cegar a mente humana. Estamos conscientes de que a obediência ao intelecto, às vezes, pode nos desviar de Deus e da verdade” (Pós-Modernismo, p. 237).

Se quisermos alcançar os pós-modernos, temos que ir além da mera proclamação racional da verdade. Temos que nos relacionar e mostrar a relevância prática do evangelho. Só assim as pessoas poderão ser convencidas de que, afinal, o estilo de vida proposto por Deus é o único que oferece verdadeira esperança. Vendo na vida dos cristãos a felicidade, a harmonia, a saúde, a paz – valores buscados por todos –, muitos se convencerão de que a cosmovisão bíblica não faz sentido apenas para os cristãos, mas que se trata de boas-novas para todos. Além disso, é preciso – com todo tato e respeito – mostrar as incoerências (além das potencialidades) do pós-modernismo e a impossibilidade de ajustá-lo ao dia a dia.

O projeto iluminista favoreceu o dualismo “mente” e “matéria”. A nova geração, no entanto, está cada vez mais interessada na pessoa como um todo. Os adventistas, em especial, podem dar sua contribuição apresentando a visão holística que têm do ser humano e a importância que dão à saúde e a educação integrais, ou seja, valorizando os aspectos físico, mental, espiritual e social, exatamente como Jesus fez durante Seu ministério terrestre.

Como os pós-modernos valorizam a vida em comunidade, podemos nos valer de recursos como os pequenos grupos e mesmo as tradicionais reuniões de culto (com algum tipo de reformatação, mas sem descambar para o emocionalismo neopentecostal) para mostrar que concordamos com a ideia de que os indivíduos se aproximam do saber por meio de uma estrutura cognitiva mediada pela comunidade da qual participam, que também é essencial para a formação da identidade. Na verdade, devemos deixar claro que o conceito de comunidade é extremamente valorizado nas Escrituras.

Embora entendamos que os princípios da Palavra de Deus não devam ser adaptados convenientemente às convenções e aos padrões humanos, é importante compreender o zeitgeist reinante a fim de que a proclamação do evangelho seja tornada relevante para as pessoas que vivem neste momento histórico.

Michelson Borges

Por que a Turma da Mônica cresceu?

Primeiro, foi Mônica e sua Turma; agora é Luluzinha e Bolinha. Todos cresceram. Ficaram adolescentes. Realmente, a realidade bate à porta e nos faz pensar, refletir, despertar para a era da tecnologia, internet, blogs, Orkut, MSN, Twitter e tantas outras coisas que a sociedade midiática nos obriga a engolir. A abordagem narrativa mudou e as historinhas também. Os desafios corriqueiros do cotidiano, o cuidado com as árvores, comer muita melancia, a rejeição do banho, dormir cedo, jogar no campinho, briguinhas sem sentido... foram trocados por textos insinuantes, sensuais, com intenções diversas, o conhecer das armadilhas da vida e o fazer adulto de uma forma tão rápida.

Isso porque os teens, os jovens, não namoram, “pegam”, “ficam”. Sentimento? Parece não fazer parte do vocabulário dessa geração “estilosa”, que está muito mais preocupada com o modelo do celular que chegou ao mercado do que com as pessoas, muito menos na família.

Mônica agora tem curvas, perdeu alguns quilos para entrar no tipo magricela e sensual e fazer parte do gueto. Num grupo, à la geração Malhação, muito antes do pensar em ser pessoa o sexo já entrou de mente adentro e transformou o corpo e uma vida que ainda estão por vir.

Quando a Turma da Mônica e o grupo de Luluzinha e Bolinha cresceram (de gibi infantil para linguagem teen), foram com eles a beleza da inocência nas narrativas e a ausência da maldade. (...)

Por que temos que reforçar o discurso da competição, excelência, magreza, beleza, superioridade – que já está sendo ingerido diariamente no nosso cotidiano?

Desabafo à parte, a reflexão está muito mais calçada na possibilidade de novas maneiras de expor esse tal real que vivemos. Onde deixamos de exercitar o lúdico, os sonhos, as cores primárias, a ficção, os erros e falhas do aprender a crescer e colocamos tudo isso de forma engessada na prateleira do mercado midiático como um produto à venda em prestação ou à vista.

Os “erros” do Cebolinha ao trocar o “r” pelo “l” nunca antes foram absorvidos por nenhuma criança por se identificar com essa imagem. A forma “dominadora” de Mônica em querer administrar a situação não interferiu no crescimento de muitas meninas depois das leituras. A sujeira do Cascão não foi exemplo seguido até então por ninguém a ponto de comprometer a saúde das crianças. O “comer, comer” de Magali não deixou garotas obesas por acharem tudo normal. Nenhuma mulher virou feminista porque entendeu que Luluzinha era superpoderosa sozinha e não precisava dos meninos. E os garotos não rejeitaram as meninas porque Bolinha tinha um clube só de “homens”.

Se nada disso aconteceu, o que tem a ver a evolução tecnológica com o discurso inocente dos gibis da Turma da Mônica, Luluzinha e Bolinha? Parece que adulto não gosta mesmo de falar para criança. Gosta de escrever para jovens que já pensam que são adultos.

(Teresa Leonel, socióloga e jornalista)

Logo abaixo do texto da socióloga Teresa foi postado o seguinte comentário de Ângelo de Souza, jornalista do Rio de Janeiro: “Não são adultos que não gostam de escrever para crianças, é o mercado que quer vender tudo para todos, o que só é possível quando o desejo de consumir (que passa por identificação e projeção) torna-se incontrolável, como numa criança, induzindo a uma espécie de rebeldia contra a disciplina, como num adolescente, e a gastos que só um adulto pode fazer. O melhor dos mundos, para o mercado, é habitado por pessoas com idade mental de 6, libido de 15 e a conta bancária do papai ou do vovô bem-sucedidos (e eles, também, taradões gostam de ver a Mônica cheia de curvas, quem duvida?).”

quarta-feira, setembro 23, 2009

A nova onda de vampirismo

O livro Crepúsculo (e o filme dele derivado), de Stephenie Meyer (também autora de A Hospedeira), vem fazendo muito sucesso, especialmente entre jovens. Crepúsculo ajudou a reforçar a nova onda de vampirismo que tomou conta das livrarias e cinemas, assim como aconteceu com a bruxaria, alavancada pela série “Harry Potter”. Como ocorre neste exemplo e naquele, muita gente acha que se trata de simples literatura “inocente”. Será? Analisemos brevemente o vampirismo.

A crença em vampiros é muito antiga e em certos lugares, como a Romênia (terra do Drácula), ela sobrevive até hoje. Deriva da noção de que a vida está no sangue e do costume de alguns homens no passado beberem sangue para “renovar a vitalidade”.

O vampiro – ser mitológico, imortal, com dentes proeminentes e que se alimenta do sangue de suas vítimas – é conhecido por vários nomes, como vrykolakes, katakhanoso, upiry, blutsäuger, e outros. Os chineses antigos temiam o Giang shi, demônio que bebia sangue. Os peruanos pré-colombianos acreditavam numa classe de demônios chamados canchus ou pumapmicuc, os quais sugavam o sangue dos jovens adormecidos. Além disso, há quem acredite que a ideia de vampiro supõe o conceito oriental do eterno retorno, segundo o qual ninguém é realmente destruído, mas volta vezes sem fim em reencarnações sucessivas.

Entre os romenos, os vampiros sempre representam o mal. Sua jornada para o “outro mundo” foi interrompida e eles são condenados a vagar entre os vivos por um tempo. Hoje é na Transilvânia que a lenda dos vampiros tem seu apelo mais forte. Na Europa Oriental, diz-se que os vampiros têm dois corações ou duas almas. Uma vez que um desses corações ou uma dessas almas nunca morre, o vampiro permanece um “morto-vivo”. Acredita-se que criminosos, bastardos, feiticeiras, mágicos, pessoas excomungadas, os que nascem com dentes e crianças não batizadas podem se tornar vampiros. Além disso, o sétimo filho de um sétimo filho está condenado a se tornar vampiro, num determinismo pra lá de injusto. Creio que já basta, né?

O livro de Meyer (que é membro da Igreja dos Santos dos Últimos Dias [!]), por mais que pareça “literatura para garotas” (como escreveu uma comentarista), um romance para mero entretenimento, tem a conhecida característica satânica de dourar a pílula para apresentar uma mensagem anticristã como pano de fundo, embrulhada para presente num papel tão bonito que muita gente nem se apercebe da podridão que está dentro do pacote.

Para mim, a história faz pensar no perigo de se brincar com o mal, afinal, a protagonista se apaixona por um vampiro. E aí começa, na cabeça de alguns leitores, o conflito entre sentimento (paixão) e princípios, com a clara mensagem de que vale a pena se arriscar. Mas não vale. Com princípios a gente não negocia. Uma mente pura e dirigida pela Palavra de Deus não tem preço e não é qualquer literatura que deve competir por espaço em nossas agendas tão apertadas. O tempo é precioso, quase tanto quanto o sangue, e livros como os de Meyer são verdadeiros “vampiros” que sugam o tempo que deveria ser devotado a coisas mais edificantes e úteis.

Ellen White escreveu: “A natureza da experiência religiosa de uma pessoa revela-se no caráter dos livros que ela prefere em seus momentos de lazer. ... Indicando o caminho da salvação mediante Cristo, é a Bíblia nosso guia para uma vida mais elevada e melhor. Contém as mais interessantes e instrutivas histórias e biografias que já foram escritas. Aqueles cuja imaginação não foi pervertida pela leitura de ficção, hão de achar a Bíblia o mais interessante dos livros” (Mensagens aos Jovens, p. 273, 274).

Por que será que tantos jovens consideram enfadonha a leitura das Escrituras? Não seria pelo tipo de entretenimento com os quais têm desperdiçado o tempo? Segundo a lenda, se o vampiro mistura seu sangue ao de sua vítima, essa pessoa se torna um “morto-vivo”. Na vida real, pela contemplação de coisas sem valor, pela mistura do sagrado com o profano, muitos cristãos estão parecendo “mortos-vivos” espirituais, distantes do plano que Deus idealizou para eles, uma vez que se encontram mentalmente amortecidos pelo coquetel midiático tão acessível e convidativo de nossos dias.

Então, quer dizer que os cristãos estão proibidos de ler outra coisa que não seja a Bíblia? Não, mas, definitivamente, livros como Crepúsculo deveriam passar longe de nossos olhos. E se você leva sua vida espiritual a sério, basta contrastar esses livros (e filmes, e sites, e músicas...) com Filipenses 4:8. Esse é um bom filtro.

Michelson Borges

X-Men e seu fabuloso evolucionismo

Como diria a garotada: “Fala sério! X-Men são incríveis!” Os poderes desses super-heróis são os mais diversos: absorção e expulsão de energias diversas, agilidade, manipulação do clima e de elementos (água, terra, ar, fogo), cura instantânea, superforça, capacidade de voo, teletransporte, pele metálica e impenetrável, intangibilidade, etc., etc., etc. A lista de habilidades é do tamanho da imaginação de Stan Lee, um dos criadores dos X-Men. E sabe qual a justificativa para esses poderes? Nada de acidente tóxico, radioativo ou bichos geneticamente modificados; nada de experiências científicas que deram errado e geraram um superefeito; nada de seres ou contato com alienígenas. Segundo Stan Lee, a evolução justifica os poderes de seus supers.

Isso mesmo: os X-Men são o próximo salto evolutivo do Homo sapiens. Uma mutação genética gerou seus superpoderes. “E todos dizem: Oh! Que incrível!” É, mas como diz a chamada das histórias em quadrinhos, eles são os “Fabulosos X-Men”. Isto mesmo: tudo não passa de fábula.

É impossível o olho humano produzir raios (Ciclop), ou podermos atravessar paredes (Lince Negra), ou nossa pele revestir-se de metal impermeável (Colossus), ou nos teleportarmos de um lugar para o outro (Noturno), ou controlarmos o clima (Tempestade), etc. O organismo humano não possui estrutura para, simplesmente, em virtude de uma repentina mudança genética, passar por indescritíveis mudanças e adaptações que gerariam esses e outros superpoderes.

Falei o óbvio? Todo mundo já sabia disso? Será? Mas por que querem acreditar numa fábula chamada evolucionismo? Eles acreditam nesses “booms” evolutivos de alguns órgãos e sistemas. O olho é um clássico exemplo. Seria impossível ele ter, simplesmente, evoluído gradativamente. A própria visão é, por si só, um superpoder de incrível complexidade.

O que me dizem, por exemplo, dos sistemas de complexidade irredutível, os quais, segundo Michael Behe, citado no livro Por Que Creio, de Michelson Borges, “são aqueles que necessitam de partes múltiplas para funcionarem; se uma parte for removida, o sistema não funciona”.

A célula, por exemplo, que é composta por “proteínas, ácidos nucléicos e diversos tipos de máquinas miniaturizadas”, e não pode funcionar se qualquer um desses seus compostos for retirado – não há como justificar a própria existência da célula pelo evolucionismo. Claro, a não ser que você acredite em um boom, em um “salto evolutivo” inexplicável, como ocorreu com os X-Men.

Fábula? Ah, tem gente que acredita, meu prezado X-Man.

(Denis Cruz)

Domingo: “solução simples” para o aquecimento

O movimento 10:10 apoiado pelo Guardian é uma maneira maravilhosa de capacitar as pessoas comuns a participar do grande movimento de mitigar o aquecimento global. Não podemos esperar até que os governos estejam iluminados o suficiente para legislar e superar as emissões de carbono. As questões são urgentes. Temos que agir agora, sem qualquer atraso. O poder da opinião pública e da ação popular terá forte impacto sobre a conferência sobre o clima realizada em Copenhagem.

Uma coisa que podemos facilmente fazer para alcançar esse objetivo: podemos declarar o domingo um dia livre de combustível fóssil ou um dia de baixo carbono ou, pelo menos, um dia de economia de energia. Podemos começar nesta semana, neste mês ou em 2010. Podemos começar individualmente e coletivamente. A longa viagem para reduzir as emissões de dióxido de carbono pode começar aqui e agora. Há não muito tempo, o domingo era usado para ser um dia de descanso, um dia de renovação espiritual, um dia para as famílias se reunirem, mas mudamos o domingo de um dia de descanso para um dia de compras, voos e direção de carros. No entanto, no contexto das emissões excessivas de dióxido de carbono na atmosfera, que estão trazendo transformações catastróficas, podemos e devemos restaurar o domingo para ser um dia de Gaia, um dia para a Terra.

Não haverá grandes dificuldades em reduzir o uso de todos os não essenciais e não urgentes combustíveis fósseis para um dia por semana. Podemos facilmente fechar supermercados, lojas e postos de gasolina. Podemos reduzir nossa mobilidade ao estritamente necessário e sem prejudicar a economia de qualquer forma. Podemos desfrutar o domingo, mais uma vez, com a nossa família e amigos. Podemos participar de jardinagem, escrever, pintar, caminhar, fazer pão ou simplesmente passar o tempo na contemplação. Isso será bom para a nossa saúde pessoal, bem como para a saúde do planeta. Teremos tempo para nossos amigos, tempo para brincar com os nossos filhos e tempo para a família. De repente, podemos reduzir 10% das nossas emissões de carbono na atmosfera fazendo do domingo um dia de baixo carbono e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais saudáveis e felizes. Então, vamos fazer do domingo um dia de descanso e renovação, em vez de um dia de viagem e trabalho.

O aquecimento global ou as mudanças climáticas são apenas um sintoma do nosso profundo desejo de consumir, consumir e consumir. O problema externo das emissões de carbono está relacionado com o problema interno do desejo. Se ficarmos numa corrida exaustiva 24 horas, sete dias por semana, somos obrigados a poluir o nosso espaço interior, bem como o espaço exterior. A velocidade é a maldição da civilização moderna. A solução para o aquecimento global é simples: diminuir o ritmo. Devagar é bonito. Mesmo se não podemos diminuir todo dia, pelo menos, desacelerar no domingo.

Se você é cristão, então o domingo lento deve ser natural para você; se você é muçulmano, faça da sexta-feira seu dia de baixa emissão de carbono; se você é judeu, então o sábado pode ser o seu dia para economizar energia; se você seguir uma forma secular de vida, então escolha o seu próprio dia de carbono-livre. Pelo menos no domingo, nós podemos ser cidadãos e não consumidores.

(Guardian)

Nota do blog Minuto Profético: Bingo! Há dois anos e meio, o blog Minuto Profético alertou seus leitores de que esse dia chegaria. E chegou! A ligação entre a suposta “crise” do aquecimento global e o descanso dominical obrigatório era óbvia demais para passar despercebida. A adoração luciferiana (por meio da guarda do domingo - dia de Gaia) será imposta ao mundo mediante legislação civil conforme o Apocalipse já havia revelado. O que no texto acima é apenas sugestão, logo se transformará em obrigação legal. O verdadeiro dia de guarda - o sábado do sétimo dia - será pisado pelo mundo. De que lado você vai ficar?

“Já é tempo, Senhor, para intervires, pois a Tua lei está sendo violada” (Sl 119:126).

Assista à palestra: "ECOmenismo e aquecimento global"

terça-feira, setembro 22, 2009

França pode colocar aviso médico em fotos de modelos

Mais de 50 políticos franceses defendem que as fotos de modelos que forem manipuladas digitalmente devem conter um “aviso de saúde”. O grupo, que inclui a parlamentar Valerie Boyer, do partido de Sarkozy, o UMP, argumenta que a lei é necessária para combater a veiculação de imagens deturpadas de mulheres na imprensa, em campanhas políticas, fotografias de arte, embalagens de produtos e comerciais. Valerie ressalta que “essas imagens podem fazer as pessoas acreditarem numa realidade que, com frequência, não existe”. A proposta dos políticos é que todas as fotos manipuladas devem conter a seguinte explicação: “Fotografia retocada para modificar a aparência física de uma pessoa.” Valerie Boyer acredita que os padrões irrealistas de beleza muitas vezes exibidos no mundo da moda podem causar vários tipos de problemas psicológicos, principalmente desordens alimentares. (Opinião e Notícia)

Nota: Se essa "moda" pegar, deveriam também ser colocadas advertências depois de vários comerciais que se valem de estratégias de marketing para gerar insatisfações e vender seus produtos, alimentando o consumismo. A propósito, você já se inscreveu no simpósio O Universitário Cristão e na Sociedade de Consumo? Clique aqui.[MB]


Projeto Atlanta 2010: as vacas

Depois do susto com as serpentes no primeiro dia de viagem, acordei neste 15 de agosto, quinta-feira, disposto a conquistar meu alvo: Atlanta. Faltam “apenas” 13.650 km.

Viajando em media 20 km/h, 100 km por dia, parece faltar uma eternidade. E falta mesmo, porém, sobra fé de que alcançarei. Acredito que minha ajuda principal vem do Céu. Ter escapado da serpente é uma prova. Pedalar 100 km sob um sol de uns 40 graus e subindo montanhas é outro. Suportar o peso angustiante da saudade é ainda outro. Viver todo momento escapando da morte e grato sempre pela luz de um novo dia; outro. Tenho percebido que Deus está aqui. Não fico um minuto só. Ele é minha sombra. Enquanto durmo, Ele não cochila, para me salvar de perigos que nem mesmo posso ver.

Por isso, vou prosseguindo. Estou no segundo dia desta maratona. Tenho ainda intermináveis dias, porém, sinto o gosto aromático, agradável e restaurador da vitória. Isto tão-somente porque sei em quem tenho crido. O que está diante de mim não falha. Nunca perdeu uma batalha. Ele é o Senhor dos Exércitos. Esse é o que vai adiante de mim. Por isso e tanto mais, serei vencedor. Venha comigo para os Estados Unidos por meio destas linhas. Seja um vitorioso em nome de Jesus Cristo!

O Rei do Universo é meu Pai. Sou herdeiro de tudo que meus olhos contemplam, minhas mãos tocam, meus ouvidos escutam e meus pés pisam. O que não posso ver, também não posso tocar, nem pode passar pela minha mente ou coração, é o que Deus ainda tem reservado para mim. Todavia, necessito servi-Lo, enquanto humano mortal, para tomar posse dessas promessas.

Ir aos Estados Unidos correndo, pedalando, pregando e exaltando o nome grandioso do meu Deus é uma maneira de agradecer essa herança. É maravilhoso receber as bênçãos do Céu. Quero vencer pela força, coragem, garra e extrema determinação. Não posso me enganar e você também: saiba que os covardes não entrarão nos portais da Terra Santa.

Por tudo isso (e acho pouco o que digo), é que prossigo nesta maratona de fé. Posso falar em “fé” porque não consegui quem patrocinasse esta jornada e arranquei na certeza de que Deus iria prover tudo de que necessito. Assim mesmo, Ele fez. Estou montado na “gorducha”, a Atlanta. Tenho alguns trocados para os primeiros dias. Tenho roupa para vestir. Calçado nos pés. Uma Bíblia, passaporte e identidade. Levo pouca coisa, mas tenho o coração abarrotado de esperança e certeza de que alcançarei meu alvo. Estou feliz porque sei que uma vida sem sonhos não merece ser vivida. Quando deixar de sonhar, sei que estarei na curva descendente dos meus dias. É por isso que tenho 49 anos e a disposição de um menino.

As rodas da Atlanta giram suavemente pela BR-174. O alvo hoje é chegar a Pacaraima, cidade divisa com Santa Helena de Uairém, na Venezuela. Neste segundo dia, já me sinto integrado à natureza local. Sou parte dela. Ela me encanta e me deixa deslumbrado. Ver as coisas ao redor a 20 km/h é muito mais agradável do que a 80 ou 100 km, em um carro, caminhão, moto ou ônibus. Até onde a vista alcança tudo é belo. Até o vento daqui é “bonito”. Ele me abraça e me envolve com um manto de frescor, aliviando de vez em quando o calor ardente da pista asfaltada. São quase 13h da tarde e não me apareceu outro “paraíso de serpentes” para poder refrescar a pele. Necessito com urgência encontrar um lugar onde aliviar um pouco o calor forte do sol que me queima. Uns dez minutos sob uma árvore será suficiente. Ligo meu radar da fé e permito que os céus saibam dessa necessidade por meio de breve oração. Ao estender a vista ao longe, não vejo uma árvore frondosa e sim uma caminhonete parada. Quando me aproximo dela, desce um homem. Está sozinho e, mesmo distante, noto um olhar estranho para minha “gorducha”. Depois do carro tem uma curva. Resolvo passar por ele em velocidade máxima e com a ideia de após a curva achar um lugar onde me esconder.

Assim, acho que estou a uns 40 km/h quando passo pelo estranho. Faço a curva e imediatamente avisto a uns 200 metros algumas arvores formando um bosque espesso. Deixo a pista e rapidamente me enfio por entre os galhos mais fechados. Logo que entro, aparece uma baixada e ali me deixo envolver por seus galhos e me deito, colocando a Atlanta ao meu lado. A seguir, passa a caminhonete e, sem perceber para onde fui, o condutor resolve continuar seu caminho. Caso estivesse com alguma intenção maligna, teria algum trabalho para me localizar.

Depois de alguns minutos, quando senti ter passado o perigo, relaxo e fecho os olhos. Estendo os músculos cansados sobre o chão frio daquele simples refúgio. No entanto, passado o perigo, logo me vejo cercado por outro, porque, de repente, me cercam umas dez vacas. Isto mesmo: dez novilhas se aproximam rápido e se postam a minha direita e esquerda. Tão perto que posso sentir o cheiro agradável de leite fresco e o aroma selvagem do campo. Os cascos se aproximam mais e mais e tenho que ficar imóvel. Um gesto brusco de minha parte pode assustá-las e, provavelmente, serei pisado, o que pode me deixar com sérias lesões.

Nao demora muito e descubro a razão por que me cercaram. É que sentiram o cheiro do sal em meu corpo e, então, passaram a me lamber por completo. Sinto as línguas ásperas em minhas pernas, nos braços, no pescoço. Uma tenta puxar um dos meus tênis e outra quer me lamber a barriga, nem que para isso deva primeiro comer a camiseta que lhe atrapalha. Fico nessa situação por cerca de meia hora. Acho que sou agora o primeiro homem no mundo a tomar banho de língua de vaca! Quem sabe ativa a circulação...

Depois de lamberem todo o sal da minha pele, uma delas olhou para alguma coisa do outro lado da pista e saiu bem devagar, sem me machucar. Ato que foi imitado pelas demais.

Levanto-me e, certo de que os anjos de Deus impediram qualquer ato mais danoso por parte das vacas, volto à estrada para continuar minha saga: hoje, 15 de agosto, chegar a Pacaraima. Jesus, muito obrigado por mais esse livramento.

Bom, vou em frente. Venha comigo porque Deus está aqui!

(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)

O inferno afasta de Deus

No blog Heresia Loira há uma entrevista com a ex-evangélica Juliana Dacoregio. A certa altura, numa entrevista, ela explica por que abandonou a fé: “Não posso crer num Deus que tenha o inferno como uma opção para suas criaturas. Eu tenho dó de queimar livros meus ou de jogar fora minhas bonecas de quando eu era criança, imagina se eu iria criar um bando de gente, com alma, com sentimentos, com emoções e pensamentos próprios e depois ia deixar que elas passassem a eternidade queimando, gemendo e rangendo os dentes?! Então, basicamente comecei a questionar a doutrina do inferno, dentre outras incongruências da Bíblia. Por fim decidi que não poderia continuar frequentando uma igreja evangélica se não acredito nas premissas básicas da fé que ela prega.”

Escrevi o seguinte comentário no blog dela:

“Prezada Juliana, foi bom ler suas respostas sinceras e sem o ranço enraivecido de certos ateus com os quais dificilmente um cristão consegue manter um diálogo amistoso. O que percebo é que, à semelhança de muitos de perderam a fé, um dos pontos principais para a sua descrença no Deus da Bíblia é o dogma do inferno eterno. A igreja cristã prestou grande desserviço à humanidade ao importar essa crença de outras culturas. Muita gente passou a respeitar a Deus por medo e não a amá-Lo como Pai. Isso é o que dá querer interpretar a Bíblia à luz de outra cosmovisão que não a dela mesma. Podemos até discordar e criticar as Escrituras, mas é injusto interpretá-la com nossas lentes ideológicas. A verdade é que o inferno (como comumente entendido) não é uma doutrina bíblica. Convido-a a ler estas postagens em meu blog. Com estima cristã, Michelson Borges."

Leia também: "A diabólica doutrina do inferno eterno"

segunda-feira, setembro 21, 2009

Púlpito virtual

Vanessa Meira tem 31 anos e esbanja alegria e vontade de viver. Quem conhece a empolgação com que realiza seu trabalho voluntário de moderadora da maior comunidade direcionada a jovens adventistas no Orkut (que tem quase 70 mil membros), nem imagina as lutas que viveu no passado e a linda história da conversão pela qual passou. Natural de São Paulo, ela dá aula para o 5º ano do Ensino Fundamental no Colégio Adventista de Indaial, SC, e é casada com Isaac Malheiros Meira Jr., capelão do mesmo colégio. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Michelson Borges, Vanessa conta um pouco de sua vida e fala do potencial evangelístico da web: [Leia mais]

domingo, setembro 20, 2009

O Cético: interpretar ou criticar


Leia outras tirinhas do Cético aqui.

Uma droga chamada açúcar

A revista Veja desta semana traz como matéria de capa reportagem sobre os males do açúcar. Leia aqui alguns trechos: "O açúcar começa a ser considerado um vilão da saúde humana, um veneno tão prejudicial que merece ser tratado com o mesmo rigor empregado contra – suprema decadência! – o tabaco. Está mais perto o dia em que um pacote de açúcar trará a inscrição: 'O Ministério da Saúde adverte: este produto é prejudicial à saúde.' O açúcar, em suas várias formas, é o grande promotor da obesidade, mas seus níveis altos no sangue podem ser associados a quase todas as moléstias degenerativas, do ataque cardíaco ao derrame cerebral e ao diabetes. Existem suspeitas científicas sérias de que o açúcar possa até ser uma das causas de alguns tipos de câncer. Na lista, está o câncer de pâncreas, o mesmo que matou o ator Patrick Swayze aos 57 anos na semana passada. Em Harvard, pesquisadores acompanharam 89.000 mulheres e 50.000 homens e descobriram que os refrigerantes podem aumentar o risco de câncer de pâncreas em mulheres, só em mulheres. Antes que os homens se sintam premiados pela natureza, outro estudo, que examinou 1.800 doentes, sugere que uma dieta açucarada pode aumentar o risco de câncer do intestino grosso em homens, só em homens.

"Mas, se o açúcar, como o tabaco, subir ao patíbulo, o refrigerante se tornará o cigarro da vez. Nos Estados Unidos, já há um movimento, incipiente mas sólido, integrado pelos cientistas mais reputados do país, contra o consumo de refrigerante. Os estados de Nova York e do Maine discutiram a possibilidade de cortar seu consumo a golpes de imposto. Em Nova York, o governador David Paterson propôs uma alíquota de 18%, mas recuou depois de perceber a má vontade dos parlamentares e a força do lobby do açúcar, cujo poder é lendário na política americana. Recentemente, um artigo publicado no New England Journal of Medicine causou furor ao defender uma taxa punitiva sobre os refrigerantes. A repercussão se deveu à assertividade do artigo – que sugere tratar o açúcar como se tratou o tabaco – e à identidade de seus autores. Um é Kelly Brownell, renomado epidemiologista da Universidade Yale. O outro é Thomas Frieden, que, trabalhando na prefeitura de Nova York, liderou o combate à gordura trans e fez 300.000 nova-iorquinos largar o cigarro. Agora, Frieden assessora o presidente Barack Obama como cabeça do CDC, órgão que cuida do controle e da prevenção de doenças.

"Fechando o cerco, o professor Walter Willett, uma sumidade acadêmica que chefia o departamento de nutrição da escola de saúde pública de Harvard, lidera o lobby para convencer a indústria a adotar uma fórmula de refrigerante menos prejudicial à saúde. Quer que cada latinha ou garrafa tenha, no máximo, 50 calorias, o equivalente a três colheres de chá de açúcar. Uma lata de refrigerante normalmente tem 150 calorias, o equivalente a dez colheres de chá de açúcar. Um adulto que bebe uma lata com 150 calorias por dia pode chegar ao fim de um ano quase 7 quilos mais gordo. Elegantemente, Willett declarou: 'Quando um adulto se acostuma a comer tudo doce, fica difícil apreciar a doçura suave de uma cenoura ou uma maçã.' No mês passado, outro golpe duríssimo. Pela primeira vez na história, a American Heart Association, a entidade dos cardiologistas, divulgou limites específicos para o consumo de calorias de açúcar. Surpreendentemente, definiu níveis inferiores aos comumente recomendados. As mulheres não devem consumir mais que 100 calorias de açúcar por dia, o que corresponde a pouco mais de seis colheres de chá de açúcar. Para os homens, o limite diário é de 150 calorias, ou dez colheres.

"Os EUA são a barricada mais potente contra o açúcar do refrigerante, mas não a única. A Inglaterra e a França estão proibindo a propaganda de refrigerantes na televisão. No México, onde a obesidade cresce num ritmo assustador, o refrigerante está sendo banido das escolas. Na Alemanha e na Bélgica, a proibição vale até para o comércio nas imediações das escolas. Na Irlanda, celebridades não podem fazer comerciais de refrigerantes dirigidos ao público infantil. O açúcar e a obesidade que dele advêm são um problema em todo o planeta, inclusive no Brasil. Examinando dados relativos a 2005, a Organização Mundial de Saúde estimou que 1,6 bilhão de seres humanos estejam acima do peso e 400 milhões, obesos. (...)

"Obviamente, há diferenças entre o açúcar e o tabaco em termos de agressão ao organismo. A começar pelo fato de que nunca precisamos de tabaco para viver, mas necessitamos de açúcar – embora nos baste o açúcar encontrado naturalmente nas frutas, no leite e no mel, nos legumes e temperos. Do ponto de vista exclusivo do funcionamento metabólico humano, é inteiramente desnecessário o açúcar que se adiciona a alimentos e bebidas, sucos, bolos, balas, doces, pudins, chocolates e a uma infinidade de produtos que nem desconfiamos conter açúcar, como cerveja e massa de tomate. Como tudo o que é desnecessário ao metabolismo, o açúcar em excesso faz mal à saúde. (...)

"Teme-se que, pela primeira vez desde a guerra civil (1861-1865), a expectativa de vida [dos norte-americanos] caia devido às mortes por obesidade. A estatística é tenebrosa: 34,3% dos americanos com 20 anos ou mais estão obesos. Entre as crianças de 6 a 11 anos, que bebem hoje mais refrigerante do que leite, a incidência chega a 17%. No Brasil, a situação é menos grave, mas preocupa (veja a tabela).

"O refrigerante não virou o alvo número 1 do cerco ao açúcar apenas por causa do alto consumo. Há pesquisas mostrando que a ingestão de caloria em forma líquida pode ser mais prejudicial à saúde que a de caloria de alimentos sólidos. Por motivos ainda desconhecidos, a caloria em forma líquida dribla o radar do apetite humano e retarda a sensação de saciedade, o que nos leva a comer mais, e engordar. (...)

"O resultado é uma devastação, porque um mal provoca outro, que por sua vez provoca um terceiro, colocando em movimento um carrossel que pode incluir cárie dentária, hipertensão, doenças cardiovasculares, derrame cerebral, falência renal, cegueira, doenças nervosas, amputações – e algo como seis a sete anos de vida a menos. (...)"


Leia também: "O perigo branco" e "Açúcar e câncer"

Nota: Na revista Adventist World, foi publicado há alguns meses um artigo explicando a posição da Igreja Adventista sobre a cafeína. Respondendo à pergunta se a igreja mudou sua posição sobre a cafeína, os autores Allan R. Handysides e Peter N. Landless, ambos do Ministério da Saúde da Associação Geral da IASD, escreveram: "Não, a igreja não mudou sua posição na questão do chá, café e outras bebidas que têm cafeína." Nos regulamentos eclesiásticos-administrativos da Associação Geral da IASD de 2007/2008, p. 293, le-se o seguinte: "É desaconselhado o uso do café, chá e outras bebidas que contêm cafeína e qualquer substância prejudicial." No artigo também são citados os problemas causados por refrigerantes e bebidas energéticas que contêm cafeína, algumas em quantidades iguais e até maiores às do café.

sábado, setembro 19, 2009

Tempo, fé e fósseis de baleias

O tempo tem sido um assunto importante na maioria das controvérsias relacionadas à fé e à ciência, desde que, no princípio do século 19, foram propostos os primeiros modelos não-bíblicos para a origem da Terra. Geólogos e naturalistas como Hutton, Lyell e outros divisavam longos períodos de tempo em muitas características do registro geológico, incluindo o resfriamento das rochas ígneas, a deposição das camadas sedimentares e a sucessão da flora e da fauna em tempos passados. Darwin e Wallace foram aparentemente bem-sucedidos em conectar as linhagens evolutivas de organismos a longos períodos de tempo, durante os quais a morte do mais fraco e a sobrevivência do mais apto abriram caminho para organismos mais complexos, intrincados e adaptados. Se as alterações (tanto no âmbito biológico como no geológico) ocorreram segundo a velocidade que presenciamos hoje, então a Terra e a vida devem ser muito antigas para que as mudanças acumuladas produzissem novas formas. Esse círculo vicioso é reiterado na breve sentença: “O presente é a chave para o passado.” As longas eras foram apoiadas posteriormente pelo desenvolvimento de técnicas radiométricas, em meados do século 20, que permitiram o cálculo de taxas de desintegração dos elementos instáveis presentes nas rochas ígneas.

Uma imensidade de tempo?

Nas últimas cinco décadas, foram aprimoradas diversas técnicas, as quais resultaram em idades consistentes de centenas de milhares ou milhões de anos. O Carbono 14 (C-14) é amplamente conhecido como levantando idades que vão desde centenas até 50.000 anos, apesar de ser altamente discutida a validade da precisão de datas mais remotas. Séries de elementos instáveis e seus derivados tais como K/Ar (Potássio/Argônio), U/Pb (Urânio/Chumbo) e Rb/Sr (Rubídio/Estrôncio), são comumente utilizadas na datação de rochas mais antigas e seus fósseis.

A datação radiométrica é um problema para quem acredita no relato da Criação segundo Gênesis, porque ela ajusta o relógio para muito antes do tempo registrado nas genealogias de Gênesis 5 e 11, bem como nas declarações de Ellen White, que indicam que a humanidade existe na Terra há cerca de 6.000 anos. De fato, a datação radiométrica é o principal desafio que os criacionistas partidários da posição de uma Terra jovem enfrentam como cientistas, e muitos crêem que a evidência científica é forte o suficiente para desafiar a validade das afirmações bíblicas relativas à Criação e, portanto, escolhem acreditar em modelos alternativos como a criação progressiva ou a evolução teísta.[1] Muitos vão além e questionam a validade das declarações do Novo Testamento sobre a Criação, incluindo as do próprio Jesus, de Paulo e Pedro. Consequentemente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem demonstrado interesse especial em pesquisas bíblicas e científicas que apoiem o relato da Criação e do Dilúvio. Grande número de cientistas e eruditos bíblicos procura desvendar os mistérios do tempo conservados nas rochas e nas genealogias bíblicas, para lançar luz sobre a atual controvérsia entre a ciência e a Bíblia.

Apesar de as datas radiométricas serem comumente aceitas pelos geólogos como confiáveis em toda a coluna geológica das bacias oceânicas e dos continentes, também é verdade que às vezes elas são inconsistentes com outras evidências geológicas e paleontológicas. Os intervalos de tempo obtidos mediante o uso de isótopos instáveis podem ser muito maiores do que o tempo real necessário para a deposição dos leitos sedimentares ou para a formação e preservação dos fósseis. As camadas sedimentares que indicam a rápida deposição de sedimentos e fósseis de tartarugas na Formação Bridger, no Wyoming, EUA, são um exemplo desse fato. Supõe-se que essas tartarugas foram acumuladas e sepultadas ao longo de enormes períodos de tempo, num ambiente lacustre afetado por ocasionais precipitações de cinza vulcânica. Entretanto, pesquisas efetuadas pelo paleontólogo Leonard Brand e outros, da Universidade de Loma Linda, mostraram que mais provavelmente as tartarugas foram soterradas rapidamente por enchentes e cinzas vulcânicas, em curto espaço de tempo.[2]

Tempo para as baleias

Outro exemplo disso é a presença de baleias fósseis em vasas diatomáceas e arenitos da Formação Pisco, no Sul do Peru. Nela foram descobertos milhares de cetáceos fósseis em camadas sedimentares jacentes numa antiga enseada marinha de baixa profundidade, localizada a cerca de 30 quilômetros do litoral. Esses fósseis estão sendo estudados por uma equipe multidisciplinar de geólogos e paleontólogos dos EUA, da Espanha, Peru e Itália, que descobriu múltiplas camadas de bem preservados fósseis de barbatanas de baleias, golfinhos, leões marinhos, tartarugas, pinguins e outras criaturas. Porém, antes de entrarmos em detalhes sobre esses fósseis, precisamos dizer algumas palavras sobre os processos que as baleias de hoje sofrem após a morte.

As baleias são mamíferos marinhos que respiram e nadam ativamente, e possuem alto conteúdo de gordura. Quando uma baleia morre, seu corpo pode afundar imediatamente (no caso de espécies detentoras de menor teor gorduroso) ou flutuar durante certo tempo (espécies com alto teor gorduroso), submergindo depois até o solo oceânico. Logo após sua morte, inicia-se a decomposição bacteriana e a ação dos necrófagos na carcaça, removendo a carne e a gordura até que os ossos fiquem expostos. Esses processos podem prolongar-se por vários meses, dependendo do tamanho da baleia e de seu volume de gordura. Uma característica particular de muitas baleias é que os seus ossos são ricos em gordura (o que ajuda na flutuabilidade do cetáceo), e que essa gordura (também chamada de graxa) ainda permanece como fonte alimentar por muito tempo após a carne ter sido removida dos ossos. Observações atuais de esqueletos de baleias existentes no solo oceânico mostram que eles são colonizados por abundante e diversificada comunidade de invertebrados incrustados, como mariscos, caramujos, vermes, crustáceos, que se fixam sobre os ossos e também no solo oceânico adjacente. Eles escavam os sedimentos do solo em busca de nutrientes que vazaram da carcaça degradada, e perfuram os ossos para se alimentarem da gordura. Acredita-se que esses esqueletos submersos podem abrigar durante muitos anos grande comunidade de pequenos invertebrados marinhos.[3] Os ossos dessas baleias usualmente encontram-se corroídos, desarticulados e, às vezes, deslocados pela ação de correntes marinhas ou de necrófagos. Se o esqueleto for arrastado para a praia, é provável que os ossos sejam bastante dispersos pela ação das ondas e das tempestades.

Em comparação com os exemplos atuais, o que vemos nas baleias fósseis da Formação Pisco é um quadro totalmente diferente, embora com algumas similaridades. Alguns esqueletos aparecem parcial ou totalmente desarticulados, como acontece com os modernos espécimes, mas os ossos se apresentam associados e agrupados, indicando ter ocorrido pequena perturbação no arcabouço ósseo após o soterramento. Os esqueletos, em grande número, encontram-se inteiramente articulados, com os ossos na posição que tinham quando em vida. Essa característica indica claramente um rápido sepultamento. Caso os sedimentos tivessem sido depositados no solo oceânico de águas rasas (profundidades menores que 100 metros) durante muitos anos, moluscos, crustáceos e vermes em quantidade teriam perfurado os ossos na tentativa de se alimentarem da gordura interna. As correntes marítimas também poderiam ter movido alguns ossos. Em vez disso, a preservação dos ossos é excelente, sem quaisquer evidências de danos causados por correntes marinhas, perfuração ou necrofagia por invertebrados. Além do mais, não existem evidências de quaisquer invertebrados sepultados junto com os ossos das baleias. Parece não ter havido tempo para que os invertebrados colonizassem os ossos frescos e deixassem neles suas marcas.

Ainda mais impressionante é a preservação das barbatanas (o dispositivo de filtragem) e, em alguns casos, a mineralização da medula espinhal, pois ambas são tecidos moles que tendem a se destacar e degradar muito mais rapidamente que os ossos. As barbatanas são constituídas de queratina (o mesmo tipo de proteína insolúvel que compõe o cabelo humano e suas unhas), e não se enraízam nas mandíbulas da baleia, estando apenas aderidas a elas através da gengiva. Sabe-se mediante as observações atuais que as barbatanas se destacam da mandíbula superior em questão de poucas horas ou dias após a morte, tornando extremamente improvável a preservação do esqueleto juntamente com o dispositivo de filtragem, a não ser que ocorra sedimentação muito rápida. Surpreendentemente, numerosas baleias fósseis foram encontradas na Formação Pisco, com suas barbatanas preservadas e muitas delas conservando o dispositivo de filtragem na posição que tinham em vida. Essas características das baleias fósseis sugerem sepultamento e fossilização rápidos.

Várias outras linhas de evidências sugerem que as taxas de sedimentação na Formação Pisco foram muito maiores do que as observadas em qualquer local nos tempos atuais, e consideravelmente maiores do que as inferidas a partir da datação radiométrica disponível para aquele local.[4] As datações radiométricas obtidas com isótopos K-Ar indicam um intervalo entre 10 e 12 milhões de anos para a sedimentação dos depósitos que contêm baleias, as quais apresentam espessura de até 1.000 metros.[5] Calculando-se 10 milhões de anos para a deposição de uma sequência total de 500 metros de espessura, seriam necessários 20.000 anos para acumular um metro de espessura de sedimentos sobre o piso oceânico local. Estudos efetuados em vários ambientes oceânicos indicam que as atuais taxas de deposição de sedimentos similares aos da Formação Pisco se situam no intervalo entre 2 a 260 centímetros para cada 1.000 anos (com médias entre 15 a 50cm/1.000 anos, e 2 a 16 cm/1.000 anos para a plataforma marinha peruana), que estão acima da ordem de grandeza apurada pelas medições mediante radiometria.

Portanto, mesmo com uma taxa média anual de sedimentação de 40cm/1.000 anos, levaria um milênio para soterrar completamente um compacto esqueleto de baleia com 40 cm de altura, e evitar qualquer desarticulação ou deterioração óssea originada da ação de correntes marinhas, necrófagos ou reações químicas. Não parece razoável pensar que um grande esqueleto pudesse repousar num piso oceânico de águas rasas durante tantos séculos, sem ter sido perturbado por agentes físicos e biológicos causadores de desarticulação, perfuração e remoção dos ossos. Mesmo que os ossos e a barbatana tivessem sofrido mineralização rápida após a morte do animal, é improvável que sua carcaça durasse tanto tempo sem qualquer deterioração, e a barbatana se conservasse na posição que tinha quando o animal vivia.

A implicação dos valores das taxas de deposição de sedimentos finos sobre o leito oceânico é dupla. Por um lado, a excelente preservação das baleias fósseis indica que, na Bacia Pisco, os sedimentos acumularam-se muito mais rapidamente no passado do que no presente, sob características geológicas semelhantes (como as águas rasas oceânicas ao longo da costa peruana, que é um bom exemplo dessa espécie de ambiente sedimentar). Certamente os sedimentos contendo fósseis de baleias devem ter sido depositados muito rapidamente. Quanto mais esse tipo de evidência se acumula, maior o questionamento da datação radiométrica, pois não existe suficiente atividade sedimentar para preencher um período de tempo tão extenso.

Por outro lado, a existência desses fósseis bem preservados traz à luz as sérias deficiências da hipótese comumente aceita pelos geólogos evolucionistas, de que “o presente é a chave para o passado”. Se, como vimos com as baleias atuais, a taxa com que ocorrem os processos hoje (isto é, a sedimentação e o sepultamento em oceanos e lagos) não explica satisfatoriamente a fato dos fósseis excelentemente preservados, temos de concluir que, de algum modo, o passado deve ter sido muito diferente.

Mais pesquisas e estudos são necessários para averiguar por que os métodos de datação radiométrica indicam idades muito antigas, em oposição às rápidas mudanças catastróficas inferidas das muitas características paleontológicas. A geologia evolucionista atual explica o registro fóssil como resultado de processos e mudanças lentas ocorrendo ao longo de extensos períodos de tempo. Entretanto, um crescente número de formações rochosas e ocorrências de fósseis anteriormente explicadas em conformidade com essa estrutura conceitual evolucionista deve ser reinterpretada como resultado de processos rápidos e até catastróficos, operantes numa escala de tempo diferente.

As coisas podem ter sido diferentes no passado.

(Raúl Esperante, Ph.D. pela Loma Linda University, é paleontólogo do Geoscience Research Institute, em Loma Linda, Califórnia, EUA)

Referências:

1. Esses dois modelos são, de fato, similares em suas pressuposições. Enquanto os evolucionistas teístas acreditam que Deus criou as primeiras moléculas orgânicas, as células, ou os organismos simples, deixando-os evoluir naturalmente para se tornarem seres mais complexos, os criacionistas progressivos sugerem que Deus esteve ativo criando novas formas de vida através dessa longa trajetória evolutiva.

2. Leonard R. Brand, 2003. Personal communication.

3. P. A. Allison, C. R. Smith, H. Kukert, J. W. Deming, e B. A. Bennett, “Deep-water Taphonomy of Vertebrate Carcasses: A Whale Skeleton in the Bathyal Santa Catalina Basin”, Paleobiology 17 (1991), p. 78, 89.

4. L. R. Brand, R. Esperante, C. Carvajal, A. Chadwick, O. Poma e M. Alomia, “Fossil Whale Preservation Implies High Diatom Accumulation Rate, Miocene/Pliocene Pisco Formation, Peru”, Geology 32 (2004) 2:165-168.

5. R. B. Dunbar, R. C. Marty, e P. A. Baker, “Cenozoic Marine Sedimentation in the Sechura and Pisco Basins, Peru”, Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 77 (1990), p. 235-261.

sexta-feira, setembro 18, 2009

O dia dos seres estranhos


Primeiro foi a notícia da estranha criatura que intriga a população de uma cidade do Panamá. Morto por cinco adolescentes em um lago de Cerro Azul, o ser não identificado é apontado como extraterrestre, mas pode ser apenas um animal ainda não catalogado pelos biólogos ou com problemas de formação. A notícia logo se espalhou pela cidade. Ouvido pela rede de jornalismo Telemetro, o especialista em vida silvestre do órgão nacional de meio ambiente Melquiades Ramos disse que o caso está sendo investigado e que as características da criatura são "muito peculiares". Segundo jornais panamenhos, cinco adolescentes entre 14 e 16 anos estavam em torno do lago, no sábado (12), quando viram uma criatura bizarra saindo de uma gruta. Assustados com sua aparência e com medo de serem atacados, os jovens atiraram pedras até matá-la e a jogaram na água.

Logo mais, outra notícia com certa semelhança: estudiosos e pescadores tiveram uma surpresa durante uma experiência no litoral norte da Bahia. Eles levaram um susto, pois nunca tinham visto um peixe tão estranho. Ele não tem carne, nem pele, nem escama. É formado por uma massa que mais parece gelatina. O peixe foi capturado durante uma viagem de pesquisa do projeto Tamar. O peixe estava a quase mil metros de profundidade. “Parece um animal pré-histórico”, diz o pescador Jucinei Evangelhista. O curioso é como um animal desse tamanho passou tanto tempo despercebido. Ele pesa cerca de 40 quilos e é do tamanho de um homem alto. O oceanógrafo Claudio Sampaio, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) confirma que não há registro desse peixe em nenhuma publicação científica.