segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Jovens optam pela castidade; governo, pela baixaria

Fazia tempo que minha esposa e eu não víamos telejornal – e nem TV (existem maneiras melhores de se manter seletivamente atualizado). Na quinta-feira passada, resolvemos assistir ao Jornal Nacional. Num dos intervalos comerciais, ficamos estarrecidos. Um jovem caminhava e ouvia os “conselhos” da camisinha que carregava na mão (depois fiquei sabendo que a voz da camisinha é da Luana Piovani). De repente, o rapaz se vira e avista outro jovem. E o preservativo incentiva: “Olha que gato!” O vídeo termina com os dois se abraçando e uma voz em off dizendo algo como (não me lembro bem): “Não importa se é por amor, paixão ou só sexo mesmo, use camisinha.”

Ainda bem que minhas filhas pequenas estavam distraídas e não fizeram perguntas. Não importa que pensem que sou um pai “fora de época”, nunca vou concordar com o Governo Federal que pensa que as crianças devem ter contato com esse tipo de coisa por meio da TV, em horário nobre. Assim, o governo nos obriga a (1) a introduzir os pequenos precocemente num mundo que ainda não lhes diz respeito, ou (2) a desligar a TV. Claro que vou continuar preferindo a última opção.

Como se não bastasse a apologia ao homossexualismo, vem o governo incentivar a prática do sexo unicamente pelo prazer, como se fosse uma simples brincadeira inconsequente – e ainda chama isso de “sexo seguro”! Depois, o mesmo governo hipócrita se mostra alarmado com o aumento no número de casos de contaminados pelo vírus HIV e com o crescente número de mães solteiras adolescentes (parece que a camisinha não tem se mostrado assim tão eficaz).

Na contramão dessa baixaria institucionalizada (e, infelizmente, paga com meus impostos), alguns jovens estão tendo a coragem de mostrar o que é o verdadeiro sexo seguro. Deu no portal UOL:

“Faça uma enquete básica em qualquer escola de ensino médio e você comprovará. Segundo as estatísticas, a primeira experiência sexual dos jovens vem acontecendo cada vez mais cedo, com 15, 14 e até 13 anos de idade [também, com o próprio governo dizendo “Faça!”...]. Na contramão desse comportamento precoce, garotos e garotas estão optando por esperar o casamento para perder a virgindade. A motivação, em geral, tem cunho religioso, mas muitos também se inspiram na onda conservadora que começou há poucos anos nos Estados Unidos e encontra nos ídolos pop Jonas Brothers seus principais ícones.

“O analista de sistemas Ubirailson Jersy Soares de Medeiros, 26 anos, de João Pessoa (PB), namora há quatro anos e meio e decidiu manter-se virgem até o casamento por conta de uma experiência religiosa intensa (ele não dá mais detalhes). ‘Tive uma experiência com o amor de Deus que mudou minha vida e quero corresponder a esse amor tendo um coração puro e deixando que meu corpo seja coerente com essa realidade. O sexo é algo muito precioso e belo para ser vivido de qualquer jeito, é sagrado!’, acredita o rapaz, cujo passado guarda algumas ‘máculas’. ‘Descobri que tratava minha sexualidade de modo desordenado, viciado e egoísta, buscando o prazer pelo prazer. Fazia das mulheres coisas, objetos, denegria o valor que elas tinham. Embora seja virgem, tive muitas experiências íntimas com algumas mulheres. Posso dizer que fiz quase tudo, menos a conjunção carnal’, revela.

“Para o digitador Júnior Nogueira, 26 anos, de Sobral (CE), a castidade é um ‘estilo de vida’. ‘Ela abrange mais do que simplesmente a virgindade, pois se relaciona com o nosso modo de amar a Deus e aos outros. Portanto, uma pessoa pode ser virgem e não ser casta, ou o contrário, não ser mais virgem e viver a castidade como opção’, explica. ‘Acho que há muita banalização do sexo. As pessoas mal se conhecem e já vão para a cama’, reclama o estudante de Direto Hugo de Oliveira, 23 anos, de Osasco (SP). Evangélico e educado em uma família com princípios religiosos bem rigorosos, ele garante que resistirá às tentações e se casará virgem. Uma de suas maiores dificuldades é lidar com a ‘tiração de sarro’ e o espanto dos amigos. ‘A maioria dos jovens hoje em dia não deseja abster-se do sexo. Os que querem têm vergonha de se expor por medo de serem repudiados. Meus amigos zoam comigo, mas eu relevo. Prefiro acreditar que cada um tem um pensamento diferente’, diz Hugo, que não sente o menor receio em firmar sua convicção ao usar um anel da pureza, acessório usado também pelos irmãos Jonas Brothers para revelar ao mundo a condição da virgindade.

“Alvo de risos por parte das amigas, que já a chamaram de hipócrita, e de descrédito de alguns familiares, a estudante de Nutrição Loanda Natália Santos, 17 anos, de Santo André (SP), garante que vai manter-se virgem até o casamento. Ela está namorando há um mês e já avisou o rapaz de sua decisão. ‘Ele respeita minha opção. Desde que soube o que é sexo, desejo me casar virgem. Todo mundo pensa que eu não vou aguentar, que não vou me segurar, mas acho que os seres humanos têm, sim, total controle sobre seus atos’, ressalta.

“Se segurar não é fácil. Os entrevistados reclamam do excesso de estímulos da TV e da internet – dançarinas de trajes sumários nos programas de auditório, as ‘sisters’ do BBB10 de biquíni, vídeos e fotos pornôs. As garotas também apontam a pressão das amigas para transar, enquanto os rapazes indicam a maneira sensual como as mulheres se vestem no dia a dia como uma tentação a ser vencida. Embora tenha tido experiências sexuais no passado, com uma antiga namorada, o professor Wellington Vancini, 27 anos, de Fortaleza (CE), vive em ‘jejum’ há quase sete anos. Sua atual namorada é virgem, quer subir ao altar assim, e ele optou por respeitar sua decisão até o casamento, previsto para o fim do ano. ‘O namoro casto potencializa o autoconhecimento’, afirma. ‘Como vivi os dois tipos de relação, posso afirmar com toda a certeza que este último me traz muito mais alegrias’, destaca ele, que não gosta muito do termo ‘abdicar’. ‘Esse termo dá a conotação de algo reprimido e isso não é bom. A castidade, na verdade, é uma busca por uma coerência interior, buscar ser inteiro, sem divisões; é ordenar toda minha sexualidade em favor de um objetivo.’ (...)”

Por que o governo não destina um pouco da verba gasta com campanhas paliativas para mostrar comportamentos que previnem os males do sexo irresponsável? Por que não enfrenta as poderosas emissoras de TV com seus conteúdos imorais, colocando um pouco de ordem na baixaria? Talvez seja porque é mais fácil oferecer um remédio de látex com a voz da Luana no país do Carnaval do que investir na moralização e na valorização do verdadeiro sexo seguro: o casamento.[MB]