quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Transcendendo as limitações do conhecimento humano

Quando se pretende adquirir uma câmera fotográfica (ou mesmo um celular), uma das perguntas mais comuns é: Esta câmera é de quantos megapixels? Em outras palavras: Qual o poder de resolução desta máquina? Essa preocupação está relacionada com a qualidade da imagem que se pretende capturar com o equipamento. Uma câmera com 12 megapixels é considerada por muitos como uma boa máquina.

Quando se compara o poder de resolução de uma dessas incríveis tecnologias com o poder de resolução de nossos olhos, pode-se contemplar neles mais uma maravilha de projeto. O olho humano tem um poder de resolução que é equivalente ao de uma câmera de 576 megapixels![1]

Ainda assim a visão é limitada. Frequentemente fazemos uso de telescópios, microscópios e outros instrumentos que possibilitam ampliar nosso campo de observação. Mesmo assim, estruturas muito pequenas, como átomos individuais e seus constituintes, não puderam ainda ser vistos, mesmo com as mais modernas instrumentações. Limitações semelhantes podem ser facilmente racionalizadas para os demais órgãos dos sentidos.

Tendo-se em mente que a aquisição de conhecimento está intimamente relacionada com os órgãos sensoriais que compõem o ser humano, e lembrando-se de que existem limitações quanto à abrangência deles, fica evidente que a capacidade de se aprender sobre a natureza e o Universo está, por consequência, analogamente limitada.

Admitindo-se que câmeras fotográficas necessitam ser projetas e construídas por mentes inteligentes para que possam atender aos consumidores exigentes, deveria parecer óbvio que algo muito superior em tecnologia, como os nossos olhos, também fosse projetado e construído (criado) por uma mente inteligente. Porém, infelizmente, não é assim.

O evolucionismo apresenta a ideia de que a vida seja simplesmente resultado da associação entre as leis físicas e o acaso, negando a existência do Criador. Essa ideia é frequentemente apresentada objetivando se isentar a qualquer espécie de crítica, com o status de uma teoria científica inquestionável, chegando-se ao ponto de afirmar que “nada em biologia faz sentido a não ser à luz da teoria da evolução”.[2]

Contudo, em função do fato de que a teoria da evolução pretende abranger um grande número de acontecimentos, os quais tomaram lugar em diferentes períodos, ela apresenta sérias desvantagens e limitações, as quais geralmente são ignoradas por muitos cientistas, professores e estudantes.

Acontecimentos que se desenvolvam em intervalos de tempo adequado (não sendo muito rápidos e nem muito lentos) podem ser descritos com relativo grau de exatidão. Porém, quando se pretende descrever acontecimentos de longa duração, os quais estejam além dos limites da observação humana (como aqueles que se estendem para além do período de vida do observador), deve-se fazer uso daquilo que se conhece como testemunho histórico, o qual se estende ao passado em no máximo quatro mil anos antes de Cristo, período de que datam os mais antigos documentos escritos da humanidade. Acontece que o testemunho histórico também apresenta suas limitações, uma vez que é comum se deparar com problemas relativos à veracidade desses documentos. Para acontecimentos que tenham se desenvolvido em períodos anteriores a quatro mil anos antes de Cristo, somente podem ser formuladas conjecturas,[3] as quais fornecem ainda maiores incertezas, em função de sua natureza.

Uma vez que é evidente a limitação existente quanto à aquisição de conhecimento, seja em função do período em que determinado evento tenha ocorrido, seja em relação ao seu intervalo de duração, percebe-se que quanto mais abrangente for determinada teoria, maior o cuidado com que ela deve ser utilizada, e maior a necessidade de que ela seja constantemente revista e aprimorada. Infelizmente, esses cuidados não têm sido observados por muitos simpatizantes do evolucionismo.

Eventos como a imaginada origem da vida a partir de reações químicas casuais, a suposta transformação dos répteis em aves, a pretendida modificação de símios para darem origem aos seres humanos e aos atuais macacos, e outros eventos, os quais compõem a teoria da evolução e se propõem a explicar a diversidade das formas de vida, requerendo milhões ou mesmo bilhões de anos para que aconteçam, transcendem tanto o tempo de vida dos observadores quanto os testemunhos históricos, fazendo, assim, parte do campo das conjecturas!

O criacionismo bíblico, por outro lado, apresenta a ideia de que a vida seja o resultado das ações intencionais do Criador, O qual criou a natureza e o Universo com propósitos estabelecidos, conforme relatado nas Sagradas Escrituras. Contudo, para a composição de uma argumentação lógica, frequentemente faz-se referência a eventos e a fenômenos que também transcendem tanto o tempo de vida dos possíveis expectadores quanto o testemunho histórico (embora documentos dessa natureza têm-se feito cada vez mais presentes nas pesquisas advindas da arqueologia bíblica). Eventos como a Semana da Criação ou o episódio catastrófico do Dilúvio estão além de nossos limites de observação. Dessa forma, muitos aspectos que são defendidos pelos simpatizantes do criacionismo bíblico estão aparentemente no campo das conjecturas.

Acontece que o criacionismo bíblico, além de fazer uso das informações advindas da experimentação científica, está fundamentado na Palavra de Deus. A Revelação apresentada nos textos bíblicos é uma forma confiável de se transcender as limitações do conhecimento humano impostas pelas limitações dos órgãos sensoriais e pelo tempo. O cumprimento das profecias bíblicas constitui uma das melhores maneiras de se verificar, ao longo da história, a precisão e a exatidão dos textos que integram as Sagradas Escrituras.

Como será mostrado em ocasião oportuna, a teoria da evolução tem fornecido excelentes resultados e tem feito interessantes previsões dentro do limite em que os fenômenos ali envolvidos podem ser observados, manifestando, contudo, as limitações intrínsecas à aquisição de conhecimento quando se depara com eventos que estariam além da capacidade de observação do ser humano. A Revelação apresentada nas Sagradas Escrituras, a qual constitui a base do criacionismo bíblico, mostra-se como o modo mais inteligente de transcender as limitações do conhecimento humano, possibilitando obter informações que seriam inacessíveis utilizando apenas as ferramentas da investigação científica.

A Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) tem publicado, ao longo de seus 38 anos e existência, em seus periódicos, temas relacionados com a controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo. Na Folha Criacionista nº 2, pode-se encontrar um artigo muito bem fundamentado e com maiores detalhes sobre “A teoria da evolução e as limitações do conhecimento humano”, de autoria do doutor em Ciências Júlio Garrido. Nesse artigo é apresentado um gráfico que relaciona as fontes de nosso conhecimento e compreensão com os fenômenos e estruturas e a sua relação com o tempo e as dimensões.

Complementando e expandindo as ideias do doutor Júlio Garrido, a Folha Criacionista n° 58 traz um artigo muito interessante de autoria do presidente da SCB, o doutor Ruy Carlos de Camargo Vieira: “As limitações do conhecimento humano”. Nesse artigo é proposto um modelo material para a representação de tais limitações. Por fim, o livro Criação – Criacionismo Bíblico, recentemente traduzido e disponibilizado no Brasil pela SCB, nos capítulos três e quatro, apresenta amplas discussões sobre as limitações de nossos sentidos e da importância da Revelação bíblica como forma de transcender tais limitações.

Os interessados em se aprofundar nessas e em outras questões relacionadas com a controvérsia em questão podem acessar o site da SCB (www.scb.org.br) e adquirir o material de interesse, ou, ainda, solicitar por meio do e-mail institucional (scb@scb.org.br).

(Tarcísio Vieira, biólogo e mestre em Química pela UNB)

[1] http://www.clarkvision.com/imagedetail/eye-resolution.html Acessado em 21/02/2010
[2] Teodosius Dobzhansky, “Nothing in biology makes sense except in the light of evolution”. American Biology Theacher, 35, p. 125-129, 1973.
[3] sf (lat conjectura) 1 Juízo ou opinião com fundamento incerto ou com base sobre aparências, indícios ou probabilidades. 2 Suposição, hipótese. Var: conjectura. Fonte: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=conjetura (acesso em 22/02/2010).