terça-feira, março 16, 2010

O silêncio dos ETs

Em 8 de abril de 1950, o astrônomo Frank Drake estava decidido a tentar por um fim à toda especulação sobre a existência de extraterrestres. Homenzinhos verdes e cabeçudos povoavam a imaginação da população, capitaneados por escritores de ficção científica como H. G. Wells e Edgar Rice Bourroughs, e desafiavam cientistas. Fascinado com a perspectiva de encontrar vida inteligente alienígena, Drake, pela primeira vez, apontou uma antena para uma estrela próxima com o objetivo de captar sinais. Mas tudo o que ouviu foi o silêncio. E vem sendo assim há 50 anos. O projeto Seti (Search for Extraterrestrial Inteligence ou busca por inteligência extraterrestre), criado por Drake, é a mais séria iniciativa lançada para a detecção de vida inteligente em outros planetas, mas nunca conseguiu nenhum indício concreto de sua existência.

"O fato de nunca termos feito contato, de nunca termos achado vida, não quer dizer que ela não exista", sustenta a astrônoma Duília de Mello, do Goddard Space Flight Center, da Nasa, especialista no Telescópio Hubble. "Acho a iniciativa importante e acho que faz parte da ciência investir em projetos diferentes, ter curiosidade, fazer perguntas e responder a questões fundamentais, como 'estamos sozinhos'?" [...]

O primeiro trabalho científico sobre o uso de ondas de rádio para transmitir informações a distâncias estrelares foi publicado na Nature, em 1959, pelos físicos Phillip Morrison e Giuseppe Cocconi. Um ano depois, Drake já dava início à sua busca por sinais do espaço. Inicialmente, o projeto incluía também o envio de dados em ondas. Mas dadas as distâncias - uma transmissão para uma estrela muito próxima levaria dezenas de anos - optou-se por priorizar o recebimento.

A ideia é captar sinais de alguma sociedade contemporânea mais avançada - detentora de tecnologia capaz de enviar sinais mais rapidamente - ou de alguma sociedade similar à nossa de um passado distante.

E, apesar de nunca ter se chegado a um indício consistente, a pesquisa avança. Nos últimos 15 anos, conseguiu-se identificar nada menos que 430 planetas que orbitam estrelas parecidas com o Sol fora do Sistema Solar.

Já se conseguiu, inclusive, detectar a existência de planetas bem parecidos com a Terra. Embora as dificuldades sejam enormes, os cientistas não parecem dispostos a desistir tão cedo. Mesmo que supostos ETs não tenham interesse em se comunicar conosco.

"Se existirem, o mais provável é que sejam mais avançados do que nós por, talvez um bilhão de anos (vale lembrar que nós somos uma civilização tecnológica por cerca de 100 anos apenas e a probabilidade de outra civilização estar no mesmo estágio é extremamente remota)", afirma o astrofísico Mario Livio, do instituto responsável pelo Telescópio Hubble. "Para tais sociedades, nós seríamos como micróbios. Eles podem não ter nenhum interesse em nós (nós, aqui na Terra, não estamos tentando nos comunicar com micróbios). Eles podem, inclusive, estar impedindo que nós os descubramos. Além do mais, a possibilidade de recebermos um sinal que consigamos entender também é muito baixa. Entretanto, nunca saberemos as respostas, se não fizermos a experiência."

(Jornal da Ciência)

Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: Buscar sinais de inteligência extraterrestre é CIÊNCIA, mas buscar sinais de inteligência em sistemas de complexidade irredutível de sistemas bióticos e a informação complexa especificada não é CIÊNCIA. O que é ciência então, cara-pálida? Eu conheço várias definições do que seja CIÊNCIA...