quinta-feira, junho 24, 2010

Projeto Atlanta: cabeça baixa

No dia seguinte após a noite sob a ponte abençoada, continuei minha viagem pela rodovia mexicana. Fui observando cada ponte até chegar à cidade de Tampico, na margem do Golfo do México. Em todas havia um riacho ou rio grande passando embaixo. Por isso, posso afirmar que Deus me preparou aquele lugar para passar a noite. Acordei tremendamente fortalecido. Após o sono agradável sobre o santo colchão, meu escudo da fé se revestiu de nova camada para combater os dardos inflamados do maligno. Sinto-me ainda mais confiante nas promessas do Criador para minha carreira cristã, quando me diz: “Se forte e valente que Eu serei contigo. Não temas, não te espantes. Sou a tua sombra a tua direita. Eu te fortaleço e te ajudo com a Minha destra fiel.”

As maravilhas que têm ocorrido comigo nesta travessia por tantos países me dão certeza de uma coisa: Deus tem me guardado como a menina de Seus olhos, isso porque Ele ama os peregrinos que anunciam Sua Palavra.

Assim fui avançando por varias cidades: Tampico, Altamira, Soto la Marina, San Fernando e por muitas vilas nas margens do Golfo do México. À medida que me aproximava de Matamoros, cidade que faz fronteira com Brownsville, no Texas, Estados Unidos, fui recebendo informações sobre quadrilhas de narcotraficantes. Os irmãos adventistas me advertiram de que estou correndo sério perigo de morte por haver muitos assaltos, roubos e assassinatos nesta região. Por isso, eu viajava muito preocupado. E não é pra menos: outra vez à noite, um carro passou por mim e parou a frente, com toda a pista escura; tive que entrar novamente no mato para me esconder de qualquer ação criminosa. Fiquei ali por um bom tempo, deitado no pasto, esperando para poder prosseguir.

Por fim, quando estava quase chegando à fronteira, o pneu traseiro da “gorducha”, por estar muito desgastado, furou cinco vezes. Fui consertando até que se acabaram os remendos reservas. Então, por volta das 14h, furou pela sexta vez. Como não tinha mais remendo, tive que empurrar a bike com a bagagem de quase 50 kg, debaixo de sol forte, por 30 km, até chegar a Matamoros, a cidade mexicana que faz fronteira com os Estados Unidos. Pedi carona várias vezes, mas ninguém parava com medo de que eu estivesse sem documentação – o motorista pode ser pego ajudando um imigrante ilegal e isso pode trazer sérios problemas com a polícia de imigração.

Foi dessa maneira que encerrei minha peregrinação pelo México e cheguei a Brownsville, primeira cidade americana, no estado do Texas. Então me dirigi ao serviço de imigração e apresentei meu passaporte com o visto de turismo e negócios de cinco anos. O oficial que me atendeu perguntou o que eu estava vindo fazer em seu país. Disse-lhe que estou fazendo uma volta ao mundo de bicicleta e desejava cruzar os Estados Unidos ate o Canadá. Ele me olhou seguro e disse que esse era o meu plano, porém ele não iria autorizar minha entrada porque sabia que, em realidade, eu estava chegando para buscar trabalho. Acrescentou que de Brownsville eu não daria mais nem um passo para dentro de seu pais e que ia me mandar de volta ao México.

Fiquei calado. Não sabia mais o que dizer. Apenas abaixei a cabeça e comecei a orar em silêncio. Disse: “Senhor meu Deus! Não é possível que eu tenha viajado tanto para chegar aqui e ser barrado em meu caminho rumo a Atlanta. Ah, meu Pai bendito, preciso de outro milagre.”

O oficial me olhava de frente. Permaneci de cabeça baixa sem dizer qualquer palavra. Ele não sabia que eu estava em comunhão com o Céu.

Ao ouvir sua voz outra vez, ele me disse assim: “Ok, atleta, tem um jeito de eu autorizar sua entrada. Por favor, me prove por extratos bancários atualizados que você possui um excelente saldo. Do contrario, pode se retirar. Como eu não tinha nada para lhe provar meu saldo bancário (e mesmo que tivesse, certamente estaria negativo), disse-lhe que sou escritor e que venho escrevendo um livro sobre a viagem e vou publicá-lo nos Estados Unidos, América Central e do Sul e, então, com a venda dele, vou ter dinheiro para cobrir as despesas de viagem. Depois de dizer isso, estendi-lhe os livros Conquistando o Brasil e Pingos de Luz, que escrevi depois de viajar pelo Brasil.

Ele folheou os livros por uns minutos, em silêncio, e a seguir preencheu uma autorização de permanência por seis meses em território norte-americano.

Dessa maneira, ingressei no país mais rico do mundo pela primeira vez, com o objetivo de cruzar cinco estados (Texas, Louisiana, Mississipi, Alabama e Geórgia) até chegar a Atlanta, sede da 59ª Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.

Como tenho dito, Deus está aqui e atende minhas orações. Nada impediu minha chegada e ingresso legal nesta nação abençoada por Deus. Estou em Brownsville, Texas. Cheguei na companhia de um exército de anjos. Poderosa obra fizeram eles para me manter com vida ate aqui.

Vamos juntos por mais 2.000 km. Você está convidado para terminar comigo esta ultra-maratona esportiva e missionária. Venha, estou perto da conquista de um sonho impossível! Deus está comigo! Breve, breve mesmo, estaremos em Atlanta!

(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)

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