terça-feira, julho 20, 2010

Práticas sexuais de civilizações pré-colombianas

Um grupo de arqueólogos mexicanos publicou uma série de ensaios sobre os costumes sexuais das civilizações pré-colombianas do México e da América Central, revelando segredos que permaneceram ocultos por quase 500 anos. Os documentos apontam para práticas que escandalizaram os espanhois, que chegaram à região no século 16. O conceito de sexualidade dos habitantes originais das Américas era muito diferente do europeu, que tinha uma visão moral e religiosa sobre o tema. Nas culturas mesoamericanas (como eram conhecidas as civilizações indígenas da região que vai do centro do México à América Central), o sexo era um elemento de ordem social, explica Enrique Vale, editor da revista Arqueologia Mexicana, que publicou os ensaios. “A sexualidade ia além da função reprodutiva, era vista como uma maneira de assegurar a marcha do mundo”, disse Vale.

Durante centenas de anos, as práticas sexuais das civilizações mesoamericanas foram praticamente ocultadas, e mesmo na época moderna o tema foi abordado sob um ponto de vista moral. Em 1926, por exemplo, o antropólogo Ramón Mena reuniu uma mostra de esculturas fálicas e outros objetos das civilizações pré-colombianas que faziam referência à sexualidade. A coleção, no entanto, nunca foi aberta ao público e permaneceu escondida durante várias décadas em um salão secreto do antigo Museu Nacional de Antropologia na Cidade do México. Muitas peças eram falsas, mas as que tiveram sua legitimidade confirmada foram distribuídas depois em mostras das diferentes culturas pré-colombianas.

Os ensaios publicados na revista Arqueologia Mexicana revelam, por exemplo, que a homossexualidade era uma prática comum na civilização maia. Este era um elemento a mais na formação dos jovens, explicam os antropólogos Stephen Houston e Karl Taube no ensaio “A sexualidade entre os antigos maias”. “As relações entre pessoas do mesmo sexo eram próprias do tempo dos ritos de passagem, em que um menino se transformava em um homem”, explicam.

A homossexualidade está presente em quase todas as culturas pré-colombianas, mas foi abordada de maneiras diferentes pelas diferentes civilizações. Por exemplo, entre os astecas, que dominavam a região central do que é hoje o México, as relações entre pessoas do mesmo sexo não eram bem vistas. Esse elemento se refletia também nas divindades pré-colombianas, muitas das quais tinham, em maior ou menor escala, aspectos femininos e masculinos, explica o historiador Guilhem Olivier em seu ensaio “Entre o pecado nefando e a integração. A homossexualidade no México antigo”.

Em algumas culturas, a masturbação era um tema vinculado à fertilização da terra. Os maias, como outras civilizações mesoamericanas, praticavam a masturbação como uma maneira de fecundar a terra, que em algumas civilizações era considerada um símbolo feminino. “Há indícios de que os maias tinham objetos sexuais de madeira, usados como consolos e descritos pudicamente em um relatório arqueológico como uma efígie fálica”, afirmam.

A atitude frente à masturbação é uma das práticas que torna mais evidente a diferença entre as culturas pré-colombiana e espanhola, diz Vela. Há ainda outro elemento: em algumas culturas mesoamericanas, o erotismo não era um elemento central na sexualidade, mas era visto como uma forma de ordenar o planeta, que tem um lado feminino e um lado masculino, assim como existia o em cima e o embaixo, afirma o editor. [...]

(Folha.com)

Nota: Sodoma e Gomorra foram punidas por sua licenciosidade (em Sodoma, os homens da cidade quiseram até mesmo manter relações sexuais com os anjos que foram salvar Ló e a família dele). As práticas idolátricas (que envolviam sacrifícios humanos) e depravadas dos povos pagãos foram pacientemente toleradas por Deus durante séculos, até que os juízos punitivos caíssem sobre eles. As civilizações pré-colombianas são invejáveis do ponto de vista urbano e arquitetônico, mas deploráveis do ponto de vista sexual e por praticarem, também, sacrifícios humanos para apaziguar suas divindades. Essas civilizações não mais existem (assim como a também pervertida Pompeia); foram arrasadas pelos espanhóis. Teria sido também um juízo? Pior que a depravação de nosso mundo/tempo não perde para a deles...[MB]