quarta-feira, outubro 27, 2010

Universitários agridem colegas em “rodeio de gordas”

Um grupo de alunos da Universidade Estadual Paulista, uma das mais importantes do país, organizou uma “competição”, batizada de “Rodeio das Gordas”, cujo objetivo era agarrar suas colegas, de preferência as obesas, e tentar simular um rodeio – ficando o maior tempo possível sobre a presa. A agressão ocorreu no InterUnesp 2010, jogos universitários realizados em Araraquara, de 10 a 13 de outubro. Anunciado como o maior do país, o evento esportivo e cultural, que reuniu 15 mil universitários de 23 campi da Unesp, virou palco de agressão para alunas obesas. Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um dos organizadores do “rodeio das gordas” e criador da comunidade do Orkut sobre o tema, diz que a prática era “só uma brincadeira”.

Segundo ele, mais de 50 rapazes de diversos campi participavam. Conta que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora – “onde você estuda?”, entre outras perguntas típicas de paquera. Em seguida, começava a agressão. “O rodeio consistia em pegar as garotas mais gordas que circulavam nas festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas”, relata Mayara Curcio, 20, aluna do quarto ano de psicologia, que participa do grupo de 60 estudantes que se mobilizaram contra o bullying.

No Orkut, os participantes estipulavam regras para futuras competições, entre elas cronometrar as performances dos “peões” e premiar quem ficasse mais tempo em cima das garotas com um abadá e uma caneca. Há relatos de gritos de incentivo: “Pula, gorda bandida.” [...]

As vítimas não querem falar. “Uma das meninas está tão abalada que não teve condições de voltar à faculdade. Teme ficar conhecida como ‘a gorda do rodeio’”, afirma a advogada Fernanda Nigro, que acompanhou, na última terça-feira, uma manifestação de repúdio.

O grupo foi recebido pelo vice-diretor da Faculdade de Ciências e Letras, do Campus de Assis, Ivan Esperança. “Vamos ouvir os envolvidos e estudar as medidas disciplinares, mas não queremos estabelecer um processo inquisitório”, disse ele à Folha.

(Folha.com)

Nota: Se a “fina nata cultural” da nossa juventude (rapazes inteligentes e intelectualmente preparados) é capaz de atrocidades dessa natureza, isso é indício de que a formação moral e ética nem sempre caminha de mãos dadas com o preparo acadêmico. Infelizmente, esta é uma geração cuja moralidade vem sendo corroída por anos de exposição a filmes e outras mídias que apenas entretêm com violência e banalidades. Uma geração que até aprecia a espiritualidade, mas não o compromisso e a obediência que caracterizam a verdadeira religião. Moços e moças dessensibilizados, que encaram humilhação como “brincadeira”. Que futuro nos aguarda? Infelizmente, sei a resposta.[MB]

Leia também: "Alunos que começam mal"