quarta-feira, novembro 24, 2010

Comemoraremos o centenário da morte de Wallace?

Dentro de três anos, terá se passado um século desde a morte de Alfred Russel Wallace, o outro “pai” da teoria da evolução por seleção natural. Como é sabido, Darwin e Wallace coincidiram seus objetivos quando propuseram ao mesmo tempo uma teoria científica idêntica, sendo ambos aceitos nos círculos acadêmicos da época como co-autores de uma só proposta; seus trabalhos foram lidos simultaneamente perante a Sociedade Linneana de Londres, em 1º de julho de 1858. Todavia, o prestígio e a autoridade de cada um deles não foram histórica e cientificamente contrabalançados com a devida justiça ao longo dos anos. E a razão disso já é conhecida de sobra. Darwin concedeu à sua teoria um valor adicional: a certeza de que “tudo”, desde o surgimento imprevisível da vida até o aparecimento das características racionais humanas, seria explicado à luz da evolução por meio da acumulação gradual de novidades surgidas ao acaso. A seleção natural se transformaria, pois, para Darwin, num fator preponderante para explicar todas as manifestações relacionadas à vida no decorrer dos tempos.

Quanto a Wallace, não obstante compartilhasse com Darwin dos mesmos ideais de evolução por seleção natural, negou-se a acreditar que vida, mente e consciência humanas pudessem ser explicadas pela exclusiva ação da matéria. Wallace defendeu durante toda sua vida um entendimento espiritualista da realidade, algo que transcendesse a visão meramente materialista amparada pelo seu conterrâneo Darwin. A explicação de Wallace pode muito bem ser designada como “criacionismo racionalista”, ou seja, a ideia de que as manifestações relacionadas à vida não podem ser estritamente reduzidas ao mundo natural, às leis físico-químicas como as conhecemos.

(Humor Darwinista)