sexta-feira, janeiro 28, 2011

DNA do orangotango é 97% igual ao humano. E daí?

Um consórcio internacional de mais de 30 cientistas decodificou o sequenciamento completo do genoma de uma fêmea de orangotango de Sumatra, chamada Susie. Eles, então, completaram as sequências de outros 10 adultos, cinco de cada população. “Nós descobrimos que o orangotango médio é mais diverso, geneticamente falando, do que o homem médio”, relatou o chefe das pesquisas, Devin Locke, geneticista evolutivo da Universidade de Washington no Missouri. Os genomas de humanos e orangotangos se justapõem em 97%, enquanto que o de humanos e chimpanzés, em 99%, afirmou. Mas a grande surpresa foi que a população de Sumatra, consideravelmente menor, demonstrou ter mais variações no DNA do que seu primo comum de Bornéu. Embora perplexos, os cientistas disseram que isto pode aumentar as chances de sobrevivência da espécie. “Sua variação genética é uma boa notícia porque, a longo prazo, permite que mantenham uma população saudável” e ajudará a dar forma aos esforços de conservação, explica o co-autor do estudo, Jeffrey Rogers, professor do Baylor College de Medicina. [...]

Os cientistas também ficaram assombrados pela estabilidade persistente do genoma do orangotango, que parece ter mudado muito pouco desde que se ramificou para um caminho evolutivo separado [sic]. Isso significa que a espécie é geneticamente mais próxima do nosso ancestral comum [quem é ele mesmo?] do qual se supõe que todos os grandes símios tenham se originado, de 14 a 16 milhões de anos atrás [sic].

Uma pista possível para a falta de mudanças estruturais no DNA do orangotango é a relativa ausência, na comparação com os humanos, de marcadores genéticos conhecidos como “Alu”. Estes curtos segmentos de DNA compõem cerca de 10% do genoma humano - por volta de 5.000 - e podem aparecer em lugares imprevisíveis para criar novas mutações, algumas das quais persistem.

“No genoma do orangotango, nós encontramos apenas 250 novas cópias de Alu em um período de tempo de 15 milhões de anos”, disse Locke. Os orangotangos são os únicos grandes símios a viver principalmente em árvores. Na natureza, eles podem viver de 35 a 45 anos e em cativeiro, mais 10 anos. As [fêmeas] dão à luz, em média, a cada oito anos, o maior intervalo entre nascimentos entre os mamíferos. [...]

(Exame)

Nota: O foco não deveria estar nas semelhanças, mas nas diferenças entre humanos e símios (confira aqui). As semelhanças genéticas são realmente esperadas, já que humanos e macacos têm metabolismo, morfologia e fisiologia semelhantes. O curioso é que a alegada “pouca diferença” genômica confere aos humanos a capacidade de falar, escrever, compor sinfonias, estudar bioquímica e genética, ter pensamentos transcendentes sobre a vida e a morte, nutrir a espiritualidade, etc. Mas já que a intenção é enfatizar as semelhanças de genoma, é bom lembrar que essa semelhança genética não ocorre apenas em relação ao orangotango; animais sem “parentesco” próximo se assemelham muito a nós, do ponto de vista genético (confira aqui). E aí? Com relação à estabilidade do genoma do orangotango, se não fosse a mitologia evolutiva segundo a qual todos os seres vivos teriam evoluído de um ancestral comum (macroevolução), os cientistas darwinistas perceberiam que, na verdade, essa estabilidade é mais ou menos percebida em toda a coluna geológica: peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e aves são perfeitamente identificados (sem seus esperados inúmeros elos de transição) de alto a baixo da coluna. Quando a ciência lida com fatos – o genoma de seres vivos, por exemplo –, percebe a estabilidade do patrimônio genético que sofre uma ou outra modificação sem ganho de informação (microevolução); mas, quando se aventura pelos meandros da ciência histórica (leia-se macroevolução/darwinismo), com base apenas em fósseis muitas vezes incompletos e muita, muita especulação, surgem as interpretações mitológicas.[MB]

Leia também: “Somos ‘macacos-pelados’?” e “O que nos faz diferentes?”